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Dividendos da Petrobras: planos de energia eólica offshore podem afetar proventos?

Estatal anunciou ontem pedido de licenciamento ambiental para desenvolvimento de projetos em alto-mar

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 14 de setembro de 2023 às 14h24.

A Petrobras anunciou ontem sua ambição de levar a energia eólica para o alto-mar, com construções de bases de geração offshore. Os planos são usar a expertise da estatal em plataformas marítimas de petróleo para fazer a transição para energia renovável.

A companhia anunciou que pediu ao Ibama o licenciamento ambiental de dez áreas marítimas destinadas ao desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore. Isso, somado aos sete projetos de geração de energia eólica offshore em estudo com a Equinor, anunciados em março deste ano, teria um potencial de gerar até 37,5 gigawatts de energia.

Para os investidores interessados nos dividendos da petroleira, a grande questão é se a empreitada eólica vai afetar os resultados e os lucros da Petrobras. Por enquanto, a expectativa é que os planos da estatal não afetem seus números, já que a proposta ainda deve demorar para sair do papel.  

“Esses projetos estão em estágios muito iniciais e ainda deverão passar por diversas análises de viabilidade técnica, econômica e ambiental antes de estarem maduros o suficiente”, avaliaram, em nota, os analistas do Itaú BBA

A expectativa dos analistas é que a proposta fique de fora do plano estratégico da Petrobras para os próximos cinco anos, que será anunciado em novembro. Isso garantiria uma manutenção do rumo atual da companhia focado em óleo e gás – e considerado mais seguro e rentável pelos investidores.

“Embora esperemos algumas preocupações em relação ao anúncio, reiteramos a nossa opinião de que este compromisso de investimento não se concretizará em breve e, portanto, não afetará o potencial da empresa de pagar dividendos no curto prazo”, reforçaram.

A avaliação é compartilhada pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). “É fundamental destacar que o projeto deverá ser integrado ao plano estratégico da empresa, visto que o atual plano não abrange investimentos dessa magnitude na energia eólica offshore. Sendo assim, não esperamos qualquer impacto na distribuição de dividendos da empresa nos próximos 3 a 5 anos”, informou o relatório do banco.

Veja também

Os planos da Petrobras

Ontem, a estatal anunciou hoje planos ambiciosos para o mercado de energia eólica, de olho na transição energética. A petroleira divulgou uma parceria com a WEG para desenvolver o mais potente aerogerador terrestre fabricado no Brasil. A Petrobras irá investir R$ 130 milhões no projeto, que terá potência de 7 megawatts (MW).

O gerador será produzido em série a partir de 2025 e poderá ser utilizado em terra (onshore, em inglês). Os planos da Petrobras, no entanto, envolvem a expansão para geração offshore, em alto-mar – segmento que ainda enfrenta desafios entre as concorrentes internacionais. A estatal iniciou um pedido junto ao Ibama para o processo de licenciamento ambiental de dez áreas marítimas destinadas ao desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore.

Sete áreas estão na Região Nordeste, três no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão. Uma no Sul do país, no Rio Grande do Sul, e outras duas no Sudeste, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. O projeto no Rio de Janeiro, a propósito, é o único que não seria fixo na costa, mas sim “flutuante”, a 40 quilômetros da costa. A expectativa da Petrobras é que as áreas combinadas tenham uma capacidade de geração eólica de até 23 gigawatts. Os outros 14,5 gigawatts viriam dos sete projetos de geração de energia eólica offshore em estudo com a Equinor, anunciados em março deste ano. 

Nos dois casos os projetos ainda estão em estudo. O objetivo é usar a expertise da Petrobras em plataformas de petróleo offshore para implementar a frente de transição energética. A companhia reforçou que só vai embarcar em projetos considerados rentáveis.

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