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Crescem dúvidas sobre 'volta ao passado', alerta Verde, de Stuhlberger

Incertezas entre dois modelos, do Brasil do passado com o que vigorou de 2017 a 2019, torna o processo de gestão 'muito mais complexo', aponta a Verde

Luis Stuhlberger, sócio e gestor da Verde Asset | Foto: Patricia Monteiro/Bloomberg (Patricia Monteiro/Bloomberg)
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Marcelo Sakate

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 22h24.

Última atualização em 6 de agosto de 2021 às 22h34.

"À medida que caminhamos para uma reabertura econômica mais ampla, o país parece flertar perigosamente com o passado." A carta de julho da Verde Asset , de Luis Stuhlberger , aponta a transição entre dois Brasis, "ou a incerteza entre os dois modelos", como algo que torna o processo de gestão de ativos muito mais complexo.

O documento que faz a análise do cenário politico-econômico aponta que aumentam os riscos de uma volta ao passado tão recente e fresco na memória não só de investidores mas dos brasileiros em geral.

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"O fundo não está posicionado para esse cenário de 'volta ao passado'. Não temos convicção de que isso vai acontecer, embora nossas dúvidas sejam crescentes", aponta o documento divulgado nesta sexta-feira, 6 de agosto.

"As seguidas discussões recentes sobre tirar gastos do teto, com vistas a operações de cunho eleitoral, sinalizam uma preocupante vontade de reviver de modo permanente o 'acelerador fiscal' no modelo macro brasileiro. Este, por sua vez, vai naturalmente demandar a volta, também permanente, de um 'freio monetário', o que tende a dificultar a performance dos ativos de risco brasileiro e reverter, ou prejudicar, o processo de aprofundamento e sofisticação do mercado de investimentos no Brasil", aponta a carta do Verde. É o "financial deepening" colocado em xeque.

A combinação de 'acelerador fiscal' com 'freio monetário' é explorada na análise com uma remissão a um modelo que vigorou até quatro anos atrás.

"O Brasil, ao longo do triênio 2017-2019, conseguiu romper um período de duas décadas de política fiscal extremamente frouxa e política monetária dura [...]  Os anos 2012-2015 viram a política fiscal (e para-fiscal) testar vários limites, resultando em inflação e insatisfação popular", rememora a gestora.

Foi um período de reformas em que especialmente o Teto de Gastos e a reforma da Previdência abriram espaço para inverter a lógica macro do país, que poderia passar a funcionar com "freio fiscal e acelerador monetário".

"A queda das taxas de juros foi revolucionária em termos de crescimento do mercado de capitais e viabilizou uma série de iniciativas (crescimento do mercado de crédito e imobiliário, desintermediação financeira, explosão da indústria de venture capital, mais competição aos oligopólios em vários setores etc.) cujos frutos o país vai colher durante muito tempo."

Na mesma análise, a gestora pontua que "a pandemia suspendeu temporariamente essa lógica", levando o país a conviver, especialmente em 2020, com dois aceleradores, fiscal e monetária. A primeira metade de 2021 deveria levar o país de volta à normalidade macro anterior, mas não foi isso o que se viu.

"Tivemos mais gastos fiscais, enquanto a autoridade monetária se via às voltas com vários desafios de calibragem da taxa de juros, dada uma série de choques de oferta que tem afetado o país e o mundo (cadeias de suprimento globais sofrendo com retomada, faltas de chuva no Brasil etc.)."

A gestora, uma das maiores e mais bem-sucedidas do país, tem 54 bilhões de reais em ativos sob gestão, com uma equipe de setenta profissionais, entre gestores, estrategistas, analistas de ações e economistas.

O Fundo Verde é um dos mais longevos e rentáveis da indústria de fundos do país. Lançado em 1997, acumula rentabilidade de 18.840,69%, enquanto o CDI no período teve variação de 2.261,55%.

"O mercado brasileiro vem sofrendo nos últimos dois meses, indo na direção contrária da nossa expectativa, que associava a aceleração da vacinação com reabertura econômica, melhora de expectativas e, portanto, boa performance de ativos de risco", aponta a gestora ao fazer a leitura do cenário vigente.

"Essa cadeia tem sido rompida pela postura errática do governo em relação à política fiscal do Brasil no médio prazo; e também pela política monetária substancialmente mais hawkish que o Banco Central tem implementado."

No mês de julho, o Fundo Verde teve rentabilidade negativa em 2,16%, levando o desempenho no ano a 1,28%. O CDI no mesmo período rendeu 1,63%.

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