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China estuda penalizar Didi, dona da 99, depois de IPO nos EUA

Governo de Pequim pode impor sanções mais duras à empresa do que as que foram impostas ao Alibaba

China apoiou a ideia de um IPO, mas mostrou preocupação com as práticas de segurança de dados da Didi | Foto: Pavlo Gonchar/Getty Images (Pavlo Gonchar/Getty Images)

China apoiou a ideia de um IPO, mas mostrou preocupação com as práticas de segurança de dados da Didi | Foto: Pavlo Gonchar/Getty Images (Pavlo Gonchar/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 22 de julho de 2021 às 17h55.

(Bloomberg) Reguladores da China avaliam aplicar sérias penalidades à Didi, dona da 99 – talvez sem precedentes – depois da polêmica oferta pública inicial da empresa (IPO) no mês passado, segundo pessoas a par do assunto.

Os reguladores veem a decisão da gigante de aplicativo de transporte de abrir o capital, apesar dos questionamentos da Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês), como um desafio à autoridade do governo de Pequim, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Representantes da CAC, do Ministério de Segurança Pública, do Ministério de Segurança do Estado, do Ministério de Recursos Naturais e de reguladores tributários, de transporte e antitruste iniciaram uma investigação in loco nos escritórios da empresa, disse a CAC em comunicado.

As agências reguladoras avaliam uma série de possíveis penalidades, que incluem multa, suspensão de certas operações ou a introdução de um investidor estatal, segundo as fontes. Também é possível obrigar a Didi a fechar o capital ou deslistar as ações da empresa nos EUA, embora não esteja claro como tal opção seria colocada em prática.

As deliberações estão em fase preliminar, e os resultados ainda são incertos. O governo de Pequim pode impor sanções mais duras à Didi do que as que foram impostas ao Alibaba Group, que foi obrigado a pagar uma multa recorde de US$ 2,8 bilhões na esteira de uma investigação antitruste de meses e concordou em adotar medidas para proteger comerciantes e clientes,.

“É difícil adivinhar qual será a penalidade, mas tenho certeza de que será significativa”, disse Minxin Pei, professor de governo no Claremont McKenna College, na Califórnia.

Didi, CAC, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China e o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação não responderam a pedidos de comentário.

Inicialmente, o IPO da Didi parecia um grande sucesso, tendo levantado US$ 4,4 bilhões depois de vários anos difíceis. O cofundador da empresa, Cheng Wei, se tornou bilionário e antigos investidores como SoftBank, Tiger Global Management e Temasek Holdings foram recompensados.

Mas a CAC entrou em ação poucos dias depois, anunciando uma revisão de segurança cibernética por causa das práticas de dados da empresa. Então, baniu o aplicativo da Didi das lojas do país. As ações despencaram rapidamente abaixo do preço do IPO.

Os reguladores da China apoiaram a ideia de um IPO, mas mostraram preocupação com as práticas de segurança de dados da Didi desde pelo menos abril. Em um exemplo, a Didi divulgou estatísticas sobre viagens de táxi feitas por funcionários do governo, disse uma das fontes, embora não esteja claro se essa questão específica foi discutida com a empresa.

Os reguladores pediram que a Didi garantisse a segurança dos dados antes de prosseguir com o IPO ou mudar o local de listagem para Hong Kong ou China continental, onde os riscos de divulgação seriam menores. Segundo as fontes, os reguladores não proibiram explicitamente a empresa de abrir o capital nos EUA, mas tinham certeza de que a Didi havia entendido as instruções oficiais.

Uma pessoa envolvida nas reuniões, quando questionada sobre por que a Didi não agiu de acordo com as sugestões dos reguladores, citou o provérbio segundo o qual não se pode acordar uma pessoa que finge dormir.

A própria CAC está sendo investigada por causa do IPO da Didi. Uma autoridade do Partido Comunista foi questionada por que a agência não barrou a oferta da empresa, disse uma das pessoas.

*Com a colaboração de Peter Elstrom, Coco Liu, Vinicy Chan, Manuel Baigorri, Lulu Chen, Jamie Tarabay e Zheping Huang.

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