Região da Mina 18, da Braskem, em Maceió (GUIDO JR./FOTOARENA/FOTOARENA//Estadão Conteúdo)
Repórter
Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 12h53.
Última atualização em 1 de dezembro de 2023 às 17h18.
As ações da Braskem (BRKM5) lideram as perdas do Ibovespa nesta sexta-feira, 1, em meio ao risco iminente de uma de suas minas de sal-gema colapsar em Maceió, capital do Alagoas. Os papéis caem cerca de 9% no pregão de hoje. Ontem, o Ministério Público Federal obteve uma liminar contra a Braskem (BRKM5) e a Prefeitura de Maceió para a inclusão de novos imóveis no programa de compensação da companhia. Em dois dias, a perda acumulada é de 14%, ou R$ 2,1 bilhões em valor de mercado. A perda supera o valor atribuído à causa pelos autores da ação, que de é de R$ 1 bilhão.
A região onde fica a Mina 18, com risco de colapso iminente, foi evacuada pela Defesa Civil. A área foi explorada por 40 anos, mas teve operação interrompida em 2019, devido ao afundamento de bairros próximos à mina. Os problemas enfrentados pela Braskem em Maceió já levaram a provisão de mais de R$ 14 bilhões para arcar com eventuais reparos.
A possibilidade de que a Braskem (BRKM5) tenha que arcar com provisões adicionais diante dos riscos de colapso da mina aumenta ainda mais a insegurança do mercado com a ação, segundo analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame). "Isso poderá impactar ainda mais a capacidade de geração de caixa da empresa no curto prazo em meio a um ciclo de spreads petroquímicos muito baixos", escreveram em relatório. Os analistas, no entanto, ressaltaram que "ainda não está claro quanto dessa responsabilidade recai sobre a Prefeitura de Maceió". "Além disso, entendemos que são necessários relatórios e estudos técnicos que comprovem a necessidade de compensações adicionais."
O banco tem recomendação neutra para o papel. O grande gatilho de valorização, segundo os analistas, seria a venda ainda incerta da participação da Novonor (ex-Odebretch) na empresa.
Gustavo Bertotti- economista-chefe da Messem Investimentos, afirma, no entanto, que os problemas enfrentados pela Braskem em Maceió podem dificultar a venda da participação da Novonor. "Isso deve tornar ainda mais lenta a venda de participação da Novonor, que é bastante aguardada por investidores. É um processo judicial relevante e o mercado petroquímico ainda passa por dificuldade. O desenrolar dessa história deverá seguir fazendo preço na ação ao longo das próximas semanas", afirmou.
As ações da Novonor chegaram a subir mais de 20% no último mês, após proposta não-vinculante da Abu Dhabi National Oil Co. (Adnoc) de R$ 37,29 por ação. A proposta teria em vista a participação indireta detida pela Novonor de 38,3% da Braskem, por R$ 10,5 bilhões. A fatia contempla 50,1% das ações votantes e 22,9% das ações sem direito a voto. A Novonor ainda ficaria com 3% das ações após o fechamento do negócio.