Invest

Bolsas americanas vão mesmo cair com alta do juro? Pense duas vezes

Análise de desempenho de índices de ações em ciclos passados de aperto monetário mostra tendência diferente da que muitos esperam neste ano

Bolsas americanas recuaram neste início de ano diante da iminência do aumento do juro nos Estados Unidos (Shutterstock/Shutterstock)

Bolsas americanas recuaram neste início de ano diante da iminência do aumento do juro nos Estados Unidos (Shutterstock/Shutterstock)

B

Bloomberg

Publicado em 23 de março de 2022 às 21h13.

Última atualização em 24 de março de 2022 às 14h21.

Por Masaki Kondo e Ruth Liew*

A crença popular é que um banco central mais agressivo nos Estados Unidos é ruim para o mercado acionário. Mas a história sugere que as bolsas globais tendem a subir neste ciclo de aperto monetário.

As ações de mercados desenvolvidos e emergentes tiveram ganho mensal médio de 0,8% e 1,5%, respectivamente, durante três dos últimos quatro períodos de elevação de juros pelo Federal Reserve, segundo dados compilados pela Bloomberg. O ouro também se valorizou nesses períodos, enquanto o dólar e os títulos globais tiveram desempenho misto.Os investidores estão assustados diante da perspectiva de aumentos agressivos na taxa básica de juros nos Estados Unidos para conter a disparada da inflação. O MSCI World Index perdeu quase 8% em janeiro e fevereiro, o pior bimestre desde março de 2020, no começo da pandemia. A invasão da Ucrânia pela Rússia agravou o temor de que juros mais altos nos EUA sufoquem o crescimento econômico.No entanto a história mostra que as bolsas geralmente resistiram a elevações na taxa básica de juros nos Estados Unidos nas últimas décadas. A única exceção foi o período de maior aumento dos juros reais.

Conquiste um dos maiores salários no Brasil e alavanque sua carreira com um dos MBAs Executivos da EXAME Academy.

“As bolsas sobem logo antes e no início dos ciclos de alta de juros, que são favoráveis às ações como classe de ativos”, disse George Boubouras, responsável pela área de pesquisa do fundo de hedge K2 Asset Management em Melbourne.

“Desta vez, as condições para os lucros corporativos são robustas, o crédito está saudável e os balanços das famílias estão excelentes, o que também é ótimo para as ações.”

Juros reais podem ser a chave

Agora essa perspectiva positiva para as bolsas pode se confirmar novamente. Os economistas esperam que o crescimento do PIB dos Estados Unidos se desacelere de 5,7% em 2021 para 3,5% neste ano, o que ainda supera a média observada durante o último período de aperto de juros, iniciado em 2015. Os lucros por ação devem aumentar nos próximos anos nos mercados desenvolvidos e nos emergentes.

“No início dos ciclos de aperto monetário pelo Fed, os lucros quase sempre estão bem fortes”, disse Amir Anvarzadeh, estrategista da Asymmetric Advisors. “Demora pelo menos seis meses para que qualquer aperto atinja a economia.”

No entanto os investidores precisam ficar de olho nos juros reais, que podem sair de níveis profundamente negativos. No ciclo de 1994, as bolsas globais sofreram quedas mensais. Naquela época, os juros subiram mais do que as expectativas de inflação.

“O efeito positivo para os lucros em um ambiente de alta dos juros dura até que os juros reais se tornem positivos”, afirmou Boubouras. “A freada para os lucros e para a economia pode acontecer em algum momento nos próximos 12 meses.”

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)InflaçãoJuroswall-street

Mais de Invest

Onde investir em 2025: O ano dos Estados Unidos

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado