Repórter colaborador
Publicado em 5 de setembro de 2024 às 06h02.
Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 08h19.
As ações da U.S. Steel caíram mais de 17% na quarta-feira depois que o jornal Washington Post informou que a Casa Branca se prepara para bloquear a venda da empresa para a Nippon Steel do Japão.
Pessoas familiarizadas com o assunto disseram à publicação que o presidente Joe Biden iria anunciar que bloquearia o acordo de US$ 14,9 bilhões. As ações da U.S. Steel já caíram 41% este ano. No pré-mercado desta quinta, os papéis estavam subindo 1,8% (às 5h20 de Brasília), segundo a CNBC.
A vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, disse num evento eleitoral em Pittsburgh na segunda-feira que a U.S. Steel "deveria permanecer de propriedade e operação americanas". O rival de Kamala na corrida presidencial, Donald Trump, também se opõe ao acordo.
O CEO da U.S. Steel, David Burritt, disse ao The Wall Street Journal na quarta-feira que a empresa provavelmente seria forçada a fechar fábricas e mudar sua sede de Pittsburgh se o acordo fosse bloqueado. Burritt disse ao WSJ que a transação é crucial para manter as fábricas mais antigas da U.S. Steel competitivas e manter empregos.
O acordo está sob revisão pelo Comitê de Investimento Estrangeiro, um órgão que analisa o impacto potencial do investimento estrangeiro nos EUA na segurança nacional. A U.S. Steel não recebeu nenhuma atualização ou ordem executiva relacionada à revisão do comitê, disse um porta-voz da empresa.
"Continuamos a defender o fato de que não há problemas de segurança nacional associados a esta transação, pois o Japão é um dos nossos aliados mais fiéis", disse o porta-voz da U.S. Steel.
"Esperamos buscar todas as opções possíveis sob a lei para garantir que esta transação, que é o melhor futuro para a Pensilvânia, a siderurgia americana e todos os nossos stakeholders, seja concluída", falou.
Segundo análise da publicação norte-americana, a oposição bipartidária à aquisição da U.S. Steel pela Nippon demonstra uma onda crescente de protecionismo nos EUA, mesmo em relação a uma empresa sediada em um aliado próximo como o Japão.
A U.S. Steel tem capacidade de produzir 20 milhões de tonelada de aço por ano. A Nippon, sediada em Tóquio, é a maior siderúrgica do Japão. As empresas combinadas poderiam produzir até 86 milhões de toneladas do metal, sendo a segunda maior companhia do mundo no ramo.
Um porta-voz da Nippon Steel disse que a aquisição revitalizaria o chamado "Cinturão da Ferrugem" - área composta por estados como Michigan, Ohio e Pensilvânia e que tiveram uma indústria muito desenvolvida até o século 20, mas depois sofreram com o declínio da economia.
"Simplificando, a U. S. Steel e toda a indústria siderúrgica americana estarão em uma posição muito mais forte por causa do investimento da Nippon Steel na U. S. Steel — um investimento que a Nippon Steel é a única parte disposta e capaz de fazer", disse o porta-voz da empresa norte-americana.