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BC britânico eleva juros para conter inflação

A maioria, incluindo o presidente Andrew Bailey, votou por um aumento de 0,25 ponto percentual

 (Toby Melville/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 09h30.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 10h03.

O banco central britânico elevou os juros para 0,5% nesta quinta-feira, e quase metade das autoridades queria um aumento ainda maior para conter as pressões desenfreadas sobre os preços, com a instituição alertando que a inflação chegará em breve a mais de 7%.

Em uma decisão surpreendentemente dividida, quatro dos nove membros do Comitê de Política Monetária britânico queriam elevar os juros em meio ponto percentual, para 0,75%, no que teria sido a maior alta desde que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) se tornou operacionalmente independente, há 25 anos.

A maioria, incluindo o presidente Andrew Bailey, votou por um aumento de 0,25 ponto percentual.

O movimento sucede uma alta de juros em dezembro, marcando os primeiros aumentos consecutivos na taxa básica desde 2004 e refletindo a urgência entre os membros do Comitê em mostrar que estão atentos à crescente crise que afeta o custo de vida.

O banco disse que a inflação de preços ao consumidor --que ficou em 5,4% em dezembro-- agora deve atingir um pico em torno de 7,25% em abril, que seria a taxa mais alta desde a recessão no início dos anos 1990, e bem longe de sua meta de 2%.

Em contraste com a abordagem adotada pelo Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra alertou que mais "aperto modesto" está a caminho, mesmo que o crescimento seja prejudicado pela inflação global dos preços de energia e bens.

"Dado o atual aperto do mercado de trabalho e os sinais contínuos de maior persistência nas pressões internas sobre custos e preços, todos os membros do Comitê julgaram que um aumento na taxa básica se justificava nesta reunião", disse a ata do encontro do de 2 de fevereiro.

O banco central britânico disse que começará a desfazer seu programa de flexibilização quantitativa de 895 bilhões de libras (1,2 trilhão de dólares), permitindo que sua vasta carteira em títulos do governo britânico saia de seu balanço à medida que vencem, enquanto vende inteiramente seu estoque muito menor de títulos corporativos.

As pressões sobre os preços aparentemente persistirão por muito mais tempo do que o previsto em novembro pelo banco central, que triplicou sua projeção para o crescimento salarial neste ano, a 3,75%.

A inflação daqui a um ano agora deve permanecer acima de 5% com base nas perspectivas do mercado para os juros. Mas em um sinal de que o Banco da Inglaterra acredita que investidores têm precificado muitos aumentos nos juros nos próximos anos, a instituição prevê que a inflação em três anos ficará abaixo da meta, em cerca de 1,6%.

O presidente Bailey, seus vices Ben Broadbent e Jon Cunliffe, o economista-chefe Huw Pill e a integrante externa do Comitê, Silvana Tenreyro, votaram por um aumento de 25 pontos-base, formando a maioria.

O Banco da Inglaterra disse que eles reconheceram os riscos de fortes pressões de preços, mas também o potencial de a inflação cair mais rápido do que o esperado se os custos globais de energia e bens diminuírem como os mercados esperam.

Eles também alertaram que um aumento maior nos juros poderia ter um "impacto desproporcional" nas expectativas para os custos de empréstimos, que já estão fortes o suficiente.

O vice-presidente Dave Ramsden e os membros externos Michael Saunders, Jonathan Haskel e Catherine Mann votaram por um aumento de 0,5 ponto percentual.

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