Invest

Barsi diz que BB e Cielo estão baratas e aumenta posição em Cosan e Vibra

O megainvestidor, que participou do BTG Invest Talks, disse ainda que mantém em carteira IRB e Ultrapar; ambas empresas que sofreram com má gestão e, segundo ele, estão descontadas em Bolsa

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 7 de outubro de 2021 às 20h55.

Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 05h32.

O megainvestidor Luiz Barsi Filho disse, durante painel na última quarta-feira, 6, no BTG Invest Talks, que vê algumas ações como baratas na Bolsa e que não se preocupa com a recente queda do Ibovespa.

"Tenho feito em 2021 o mesmo que fazia em 1971", comentou. Isto é, seguir uma estratégia pautada na geração de renda mensal.

"Temos boas oportunidades no mercado e o que tento fazer é desvendar quais são esses papéis. Não preocupo muito com o Ibovespa porque ele nem sempre expressa essas oportunidades", afirmou Barsi no evento.

Entre as posições que têm comprado ou mantido em carteira, ele citou os papéis de Banco do Brasil (BBSA3), Vibra Energia (BRDT3, antiga BR Distribuidora), Cosan (CSAN3), Ultrapar (UGPA3), Cielo (CIEL3) e IRB Brasil (IRBR3).

Segundo ele, o importante não é avaliar 100 empresas, mas algumas, que mostrem capacidade de evoluir seus negócios ao longo do tempo, gerar caixa, com preços atrativos e que estejam em setores "razoavelmente perenes, sem o qual uma economia não funciona".

Destrinchando cada um dos cases

Em relação à resseguradora IRB, as ações saíram da casa dos 40,00 reais em fevereiro de 2020 para os atuais 4,84 reais, uma queda de 88% no período, após descobertas de fraudes contábeis na companhia. Desde então, a empresa vem passando por uma reestruturação, mas que ainda não foi refletida nos preços. Os papéis negociam próximos de suas mínimas históricas.

Na leitura do megainvestidor, os preços ainda não se recuperam por conta de um forte volume de ativos alugados no mercado. Investidores utilizam esse mecanismo quanto esperam que os ativos de uma determinada empresa caíam. Com isso, primeiro eles alugam as ações no mercado para depois, caso se desvalorizem, comprarem mais à frente a uma cotação menor, ganhando com a diferença.

"As ações de IRB não prosperam porque hoje tem mais de 150 milhões de ações de IRB alugadas. Cada vez que o aluguel aumenta, os papéis caem um pouco e compramos mais. Mas vai chegar um momento em que o aluguel vai ficar tão caro e a locação vai ficar tão ruim que, quem sabe, os preços não sofram mais essa manipulação", disse.

De acordo com ele, outra com múltiplos "extremamente baixos" é a Cielo. "A empresa vem entregando resultados positivos ao longo de 2021 e tem pagado dividendos trimestralmente. Não sei porque está tão descontada. Talvez seja também por conta da locação. Hoje tem mais de 100 milhões de ações da companhia locadas", comentou.

Na lista dos papéis baratos, Barsi apontou ainda os do BB, citando que a ação negocia atualmente a um múltiplo preço sobre valor patrimonial (P/VP) de 0,58 vez e com um retorno sobre os dividendos (dividend yield) superior a 6%.

Ele disse também que tem "posição razoavelmente expressiva" em Ultrapar (UGPA3), mencionando que a ação sofreu muito no passado com má gestão.

Já sobre Cosan e Vibra, Barsi afirmou que tem confiança nos seus respectivos executivos Rubens Ometto, dono do Grupo Cosan, e Wilson Ferreira Junior, que assumiu a presidência da distribuidora em março.

"São papéis que venho comprando sistematicamente, porque acho que têm condições de prosperar".

"Procuro sempre analisar o seguinte: não adianta a empresa aumentar só o faturamente, tem que vir acompanhado de aumento de caixa. Além disso, avalio muito bem o projeto. Vejo perspectivas de crescimento muito positivas tanto na Vibra quanto na Cosan", pontuou.

IPOs

Barsi disse que vê com cautela a compra de ações em ofertas públicas inicias (IPOs, na sigla em inglês). "Preciso ter empresas com histórico, que satisfaçam minha postura de investimento. A grande maioria dos IPOs não ostentam histórico de resultados".

Outro ponto de preocupação é com a forma com que essas companhias têm acessado o mercado. "A maior parte das ofertas tem vindo de subscrição secundária [quando os próprios sócios vendem suas ações ao mercado] e não via subscrição primária [quando os recursos vão para o caixa das companhias]. Talvez o mercado tenha gerado oportunidades para muitos controladores venderem suas ações".

"Gostaria que o pessoal olhasse com critério para o histórico das empresas e também a competência de seus gestores. Faço isso com muita regularidade". Ele disse que ficou surpreso quando olhou o estatuto social da OceanPact (OPCT3), que estreou na B3 na metade de fevereiro, e viu que a empresa vai distribuir 0,1% do seu resultado em dividendos. "Ela entrou cotada a 11 reais, hoje está na casa dos 3 reais. Quando mira o longo prazo, essa empresa perdeu tanto em valor. É um papel que vai virar centavos".

Na avaliação dele, situações como essa têm acontecido muito nas ofertas. "Vejo com reserva a compra de ações antes que a empresa possa mostrar resultados, ter um histórico que possa sustentar o investimento", comentou.

 

Acompanhe tudo sobre:AçõesCieloCosanIPOsIRBluiz-barsiRubens OmettoUltraparVibra Energia

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio