Invest

ASA vê Ibovespa nos 300 mil pontos. Mas com algumas condições

Cenário mais otimista da casa passa, necessariamente, por revisão de política de gastos públicos no Brasil

Rogério Freitas, head de investimentos do ASA: gestora avalia que em um ambiente de mudança da política econômica, especialmente com a implementação de um ajuste fiscal e de reformas, a Bolsa brasileira pode alcançar os 300 mil pontos (Divulgação)

Rogério Freitas, head de investimentos do ASA: gestora avalia que em um ambiente de mudança da política econômica, especialmente com a implementação de um ajuste fiscal e de reformas, a Bolsa brasileira pode alcançar os 300 mil pontos (Divulgação)

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 15h18.

O head de investimentos do ASA, Rogério Freitas, avalia que o Ibovespa poderia alcançar 300 mil pontos caso o Brasil passe por uma mudança relevante na política econômica a partir de 2026. O patamar projetado é quase o dobro da pontuação atual que, na sessão desta terça-feira, 2, alcançou o patamar histórico dos 161 mil pontos.

De acordo com Freitas, os 300 mil pontos podem ser alcançados dentro de um cenário descrito por ele como "muito otimista". Em coletiva à imprensa nesta terça-feira, 3, o head de investimentos detalhou que esse recorde está condicionado a uma série de fatores.

O ASA acredita que a sociedade brasileira está disposta a enfrentar no próximo ciclo eleitoral o debate sobre o crescimento do gasto público. A instituição também menciona a importância da implementação de reformas e de um ajuste fiscal, o que forçaria a queda do juro real em relação ao nível atual, em 15% ao ano, o maior nível desde 2006.

Freitas estima que, em um cenário de correção da política econômica, a taxa de juros real poderia recuar entre cinco e seis pontos percentuais. O ASA tem sido mais conservador do que as análises que já veem chances de um corte nos juros em janeiro. Para a gestora, o mais provável é uma mudança a partir de março.

Ainda assim, uma flexibilização da política monetária poderia impulsionar fortemente o preço de ativos sensíveis a juros, como ações e títulos de longo prazo.

Freitas reforça que essa análise não é uma previsão, mas uma "projeção probabilística" que depende diretamente do resultado da eleição presidencial de 2026, que ele trata como um “evento binário”.

"A Bolsa pode se valorizar 100%? Pode. Em dois anos, a partir de 2026, havendo essa mudança para esse cenário condicionado, de mudança da política econômica, especialmente crescimento de gasto público e reformas, e a taxa de juros real de equilíbrio caindo muito, podemos ver o Ibovespa indo de 150.000 pontos para 300.000 pontos", afirma o head de investimentos do ASA.

"Isso acontecerá em um mês? Não, pode ser que a bolsa vá para 300 mil pontos em um ou dois anos", complementa.

Hoje, diz o especialista, o cenário eleitoral parece dividido, com chance de 50% tanto para o atual governo do presidente Lula (PT) quanto para uma candidatura de oposição, vista como oposição à direita. Isso torna difícil qualquer tomada de posição estrutural antes que as probabilidades se tornem mais claras.

No curto prazo — do fim de 2025 ao primeiro semestre de 2026 — o executivo avalia que o ambiente global segue favorável para mercados emergentes.

Ele destaca que o mundo atravessa um processo de "repressão financeira", em que juros reais muito baixos ou negativos nos países desenvolvidos empurram investidores a buscar retornos maiores em emergentes, comprimindo prêmios de risco e sustentando bolsas e ativos de dívida.

"Se nada exógeno acontecer, essa onda deve continuar até meados do ano que vem, favorecendo o Brasil", afirma.

Cenário de continuidade não prevê perdas severas

Por outro lado, caso ocorra a continuidade da política econômica atual, sem reformas e sem contenção do gasto público, o head da ASA não projeta perdas severas, em parte porque o ambiente externo tende a sustentar os emergentes. Ainda assim, afirma que o Brasil poderia ficar para trás em relação aos pares.

"A gente não faz futurologia, nosso processo é probabilístico, é mais científico do que achismo. Não temos bola de cristal. Temos a probabilidade de um cenário X e a probabilidade de cenário Y. Vemos a probabilidade e se é ou não favorável", afirma.

Nesse cenário de balanço entre risco e retorno hoje, o portfólio da ASA aposta em ativos brasileiros de longa duração, justamente pela possibilidade de uma queda estrutural do juro real.

"Isso acontecendo, temos um cenário de cauda muito positivo, um cenário de cauda da direita, onde ativos de long duration,  longa duração, valorizam-se muito. A NTN-B, [também conhecida como Tesouro IPCA+], a bolsa, qualquer ativo que tem duração de 10, 15, 20 anos", finalizou.

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresIbovespaMercadosAçõesEleições 2026

Mais de Invest

8 em 10 brasileiros se consideram prósperos — e não só por causa de dinheiro

Corte de 32 mil empregos nos EUA reforça aposta de corte de juros

Sob risco de mudar de nome, Nubank vai buscar licença para operar como banco

Gol é processada por 'greenwashing'; ação pede indenização de R$ 5 milhões