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Após desistir da Braskem, Adnoc fecha a compra da alemã Covestro

A empresa de energia dos Emirados Árabes conclui a aquisição da Covestro, uma das maiores produtoras de polímeros do mundo

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 12h59.

A Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), uma das maiores empresas de energia do mundo, finalizou a compra da Covestro, uma empresa alemã especializada na produção de polímeros, por US$ 13 bilhões (R$ 71 bilhões). O acordo, que encerra mais de um ano de negociações, posiciona a Adnoc em um novo segmento de negócios, o de produtos químicos, reforçando sua estratégia de diversificação além do setor tradicional de petróleo e gás.

O valor da aquisição atribui à Covestro uma capitalização de mercado de aproximadamente 11,7 bilhões de euros (R$ 70,75 bilhões), com a Adnoc pagando 62 euros por ação (cerca de R$ 375), conforme previsto nas negociações iniciais. As informações são do The Wall Street Journal.

Fundada em 1971, a Adnoc se estabeleceu como uma das maiores produtoras de petróleo e gás natural no Oriente Médio. A empresa controla uma vasta rede de refinarias de petróleo, além de atuar em atividades de distribuição e comércio de combustíveis. Mais recentemente, a Adnoc passou a investir na produção de hidrogênio e em outros segmentos energéticos, buscando diversificar suas fontes de receita e reduzir a dependência das flutuações do mercado de petróleo. A aquisição da Covestro representa mais um passo nessa direção, uma vez que a produção de polímeros e produtos químicos é considerada uma área de crescimento estratégico para empresas de energia globais.

A importância da Covestro no setor químico

A Covestro é uma das maiores fabricantes de polímeros do mundo, com produtos que desempenham um papel crucial em indústrias como a automotiva, de saúde, construção civil e de bens de consumo. A empresa produz materiais usados em uma ampla gama de aplicações, desde revestimentos e adesivos até plásticos, que são componentes essenciais para o desenvolvimento de diversos produtos industriais. Fundada como uma divisão da gigante Bayer, a Covestro foi separada da empresa-mãe em 2015 e tornou-se uma empresa independente, sendo listada na bolsa de Frankfurt.

Com operações em cerca de 50 localidades globais e empregando quase 18 mil pessoas, a Covestro possui uma presença robusta no mercado de polímeros. No entanto, a empresa vem enfrentando desafios financeiros nos últimos anos, com uma queda de 3,5% nas vendas no primeiro semestre de 2024, totalizando 7,2 bilhões de euros (aproximadamente R$ 43,5 bilhões). Esse desempenho foi agravado pela queda na demanda por seus produtos, o que levou a uma redução significativa nos preços de venda. A empresa também registrou um prejuízo líquido no mesmo período, pressionada pela fraca demanda em mercados-chave.

Para a Adnoc, a aquisição da Covestro oferece uma oportunidade de revigorar as operações da empresa alemã, ao mesmo tempo em que a integra em sua estratégia mais ampla de se tornar uma empresa de energia totalmente integrada. No entanto, o sucesso desse plano dependerá da capacidade da Adnoc de reverter a queda nas vendas da Covestro e aumentar sua lucratividade, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios macroeconômicos globais, como a desaceleração da demanda industrial.

A tentativa frustrada de compra da Braskem

Antes de concluir a aquisição da Covestro, a Adnoc estava envolvida em negociações para adquirir uma participação de controle na Braskem, maior petroquímica do Brasil e uma das principais fornecedoras de resinas plásticas na América Latina. A negociação, iniciada em 2023, envolvia a compra de 38,3% das ações da Braskem, controladas pela Novonor, antiga Odebrecht. A Adnoc ofereceu R$ 37,29 por ação, o que totalizaria cerca de R$ 10,5 bilhões pela participação da Novonor. No entanto, em maio de 2024, as negociações foram encerradas sem um acordo, e a Adnoc decidiu abandonar a tentativa de compra.

A decisão de desistir da Braskem foi um revés na estratégia da Adnoc de expandir sua presença no setor petroquímico, mas não impediu a empresa de seguir com seus planos de crescimento. A desistência da compra da Braskem foi comunicada oficialmente pela Novonor em um comunicado à administração da empresa, no qual a controladora informou que a Adnoc não tinha mais interesse em prosseguir com o processo de aquisição. Apesar da desistência, a Adnoc manteve seu foco no setor químico, o que levou à conclusão bem-sucedida da compra da Covestro.

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