Ebitda cresceu 88% no 4º tri (Divulgação/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 29 de março de 2023 às 06h38.
Última atualização em 29 de março de 2023 às 08h12.
O ano de inflação alta e juros chegando a 13,75% desafiou as empresas e a estabilidade dos seus negócios, mas mesmo assim algumas conseguiram reportar números operacionais fortes, como a Ambipar (AMBP3), cuja receita no quarto trimestre cresceu 74,6%, para R$ 1,19 bilhão.
Muito desse número, é verdade, veio de aquisições, como a incorporação da Witt O’Briens, comprada em setembro pela subsidiária da empresa nos Estados Unidos, a Ambipar Response. Mas ainda assim, destaca o diretor financeiro, Thiago Costa, os números vieram robustos. "Conseguimos criar um ecossistema que se retroalimenta." No ano, a receita líquida cresceu 98%, para R$ 3,79 bilhões.
O Ebitda da companhia cresceu 88% no trimestre, para R$ 349,8 milhões, enquanto avançou 102,5% no ano, para R$ 1,05 bilhão. Na última linha, no entanto, pesou o resultado financeiro negativo de R$ 179,4 milhões no trimestre e o lucro da Ambipar ficou 56% menor no quarto trimestre, a R$ 22,7 milhões. No ano, a queda acumulada foi de 35,7%, para R$ 108,7 milhões.
Segundo o diretor financeiro, a diferença no comportamento dos números operacionais, comoa receita, e o resultado líquido se deve à inflação maior e aos juros em escalada. A inflação o grupo consegue repor em reajustes de seus contratos, o que não impacta substancialmente o crescimento da receita.
Mas os juros machucam a última linha do balanço. Conforme mencionado acima, o resultado financeiro ficou negativo em R$ 179 milhões, 231% pior do que um ano antes. Se observados os números do acumulado do ano, a deterioração é mais evidente: o resultado financeiro piorou 380%, para uma perda financeira de R$ 509,3 milhões.
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Além do custo das dívidas já contratadas, pesa o custo de capital mais alto para girar a operação e as despesas relacionadas aos investimentos e aquisições feitos. Por isso, a empresa diz que, com o incremento do custo de capital ponderado para as empresas, será ainda mais criteriosa nos investimentos. "Estamos vendo como um ano de emprego de capital com cautela, mas um ano de um crescimento que existe, independente do cenário", diz o CFO.
Segundo ele, a posição de dívida líquida não preocupa, porque o retorno operacional tem mostrado que os recursos foram bem aplicados. Agora, diz ele, com a abertura de capital da Ambipar Response em Nova York, a alavancagem da empresa que chegou a 2,8 vezes ao fim do quarto trimestre deve voltar a 2,5 vezes no primeiro trimestre.
Em 12 meses, as ações da Ambipar se desvalorizaram quase 50%, levando a um valor de mercado de R$ milhões. Esse montante é menor do que a fatia que detém em sua subsidiária, que abriu capital na Nyse (Bolsa de Nova York) recentemente, a Ambipar Response.
"Fizemos a abertura da Ambipar Response em Nova York e demonstrou que existe um desconto de valor muito forte aqui. Como que uma divisão tem valor maior de mercado do que a holding? Mas com o passar do tempo achamos que essa boca de jacaré vai fechar", argumenta o executivo.
Parte desse movimento para fechar essa tal boca de jacaré tem a ver com o mercado endereçável e o potencial de crescimento do mercado em que a companhia atua. Segundo um estudo contratado pela empresa com a EY, esse mercado de gestão de resíduos e serviços ambientais é crescente e a Ambipar só detém 1,9% do mercado potencial no Brasil. "Nosso market share ainda é baixo, por isso há um potencial enorme de crescimento. Temos players de resíduos, mas muito focados na destinação só. Então é um mercado bem pulverizado", diz. Segundo ele, esse potencial está também na venda cruzada de serviços a toda sua base de clientes, que hoje supera 10 mil empresas.