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A nova ameaça ao rali das ações

Impulsionadas pela alta do petróleo e apostas em novos estímulos dos EUA, as expectativas de inflação do mercado estão perto do nível mais alto desde 2013

Por enquanto, operadores que apostam em ações em níveis recordes estão em um ponto ideal, já que a recuperação da pandemia deve elevar os lucros corporativos (Spencer Platt/Getty Images)

Por enquanto, operadores que apostam em ações em níveis recordes estão em um ponto ideal, já que a recuperação da pandemia deve elevar os lucros corporativos (Spencer Platt/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 09h23.

Pela primeira vez em muito tempo, Wall Street começa a se perguntar quando as bolsas podem começar a sentir o impacto dos sinais de reflação no mercado de títulos. Impulsionadas pela alta do petróleo e apostas em novos estímulos dos EUA, as expectativas de inflação do mercado estão perto do nível mais alto desde 2013.

Por enquanto, operadores que apostam em ações em níveis recordes estão em um ponto ideal, já que a recuperação da pandemia deve elevar os lucros corporativos. Mas a recente onda vendedora de títulos nominais de referência envia um lembrete aos investidores de que o crescimento econômico mais rápido traz o risco de juros mais elevados.

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Estrategistas do Jefferies ao Goldman Sachs já estão de olho no próximo capítulo da tensa relação entre títulos e ativos de risco. Com os preços de mercado nesse contexto, “o crescimento de ‘longa duração’ e ações caras de alta rentabilidade provavelmente serão pressionados”, disse Jim Solloway, estrategista-chefe de mercado da unidade de gestão de investimentos da SEI Investments.

Um relatório de empregos decepcionante divulgado na sexta-feira foi visto como mais um sinal de que o presidente dos EUA, Joe Biden, conseguirá a aprovação de seu pacote de estímulo. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, jogou lenha na fogueira inflacionária no domingo ao afirmar que os EUA podem retornar ao pleno emprego em 2022 com apoio fiscal suficiente. Tudo isso elevou os rendimentos dos títulos globais nas negociações de segunda-feira. O índice S&P 500 subiu 0,7%, para um nível recorde.

Analistas do UBS veem o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos em 2% como o limite de tolerância para as ações. Está muito longe do nível atual de cerca de 1,17%, especialmente quando um Federal Reserve acomodatício deve manter os juros baixos.

No entanto, existem razões diretas para se preocupar com o fato de que juros mais altos irão minar as alocações de capital. No momento, mais de 60% dos componentes do S&P 500 têm rendimento de dividendos acima do retorno dos Treasuries de 10 anos. Mas se este último subir para 1,75% no final do ano, como projetam, esse percentual cairá para apenas 44%, alertam estrategistas do Bank of America.

Outra maneira de considerar o apelo relativo das ações é a diferença entre o rendimento dos lucros das empresas do S&P 500 e as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos. Embora tenha diminuído para a mínima desde 2018, o nível de 2 pontos percentuais ainda está bem acima da média de longo prazo.

O crescimento mais rápido dos lucros, que por sua vez apoia o aumento dos pagamentos aos acionistas, pode compensar o impacto causado por rendimentos mais elevados. Entre as empresas que divulgaram lucros no quarto trimestre, 81% superaram as estimativas, de acordo com o Jefferies. “Rendimentos mais altos não geram preços de ações mais baixos se os lucros estiverem sendo revisados para cima com a mesma rapidez”, disseram estrategistas liderados por Sean Darby em relatório.

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