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A Heineken cresceu menos que o esperado no Brasil. Mas isso não é uma boa notícia para Ambev

Números da operação brasileira reportados pelo grupo holandês sugerem que a Petrópolis está conseguindo ganhar fatias do mercado e complicando o ambiente para reajustes de preços, aponta o Itaú BBA

 (Heineken/Divulgação)

(Heineken/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 14h22.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 15h00.

O volume de cerveja do grupo Heineken no Brasil cresceu apenas "low single digit", algo em torno de 1% a 3%, no terceiro trimestre, mesmo com os números do IBGE apontando uma alta de 7% no volume da indústria de bebidas em julho e agosto.

E, por mais curioso que seja, os números mais fracos do concorrente podem ser uma má notícia para a Ambev, acredita o Itaú BBA.

"Os resultados reportados pela Heineken parecem indicar um desempenho abaixo do esperado no trimestre. Da mesma forma, esperamos que a divisão de cervejas do Brasil da Ambev registre um crescimento de volume de 2,5% no  terceiro trimestre, o que pode indicar um ganho de participação de mercado pela Petrópolis", escreve Gustavo Troyano.

Conforme mostrado pelo Exame INSIGHT, a Petrópolis tem operado com preços cerca de 20% abaixo dos concorrentes para buscar ganhos de volume e diluição de custos. Além disso, escreve Troyano, uma forte preferência contínua pela marca Heineken ainda pode beneficiar o grupo dono da garrafa verdinha.

"Reconhecemos que o múltiplo de preço/lucro da Ambev para 2025 é de 13,5x, o que é mais barato do que antes, mas ainda não é suficiente para justificar uma postura positiva sobre a empresa sem alavancas claras."

Partindo desse pressuposto, o analista também  acredita que houve mais desafios nas estratégias de precificação durante o trimestre, o que contribui para a projeção de crescimento de apenas 4,5% da receita da Ambev por hectolitro, no limite inferior das estimativas do mercado.

Ele pondera, porém, que os dados da indústria em setembro ainda não foram divulgados pelo IBGE, e as vendas abaixo do esperado da Ambev podem ser parcialmente atribuídas à formação de estoques para uma sazonalidade mais forte no quarto trimestre.

"Embora gostemos do portfólio da Ambev como uma possível estratégia vencedora no longo prazo, também acreditamos que as discussões de curto prazo possam ofuscar as decisões dos investidores em meio a dinâmicas desafiadoras no mercado de ações", diz o relatório do BBA.

De acordo com o banco, revisões positivas de lucro e gatilhos de curto prazo têm prevalecido como os temas mais comuns das discussões recentes, indicando um apetite reduzido pela tese de investimento da Ambev, diante da concorrência mais acirrada com a Petrópolis e a Heineken.

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