Inteligência Artificial

Estou preocupado com a OpenAI

Organização é marcada por polêmicas desde a fundação

Miguel Fernandes
Miguel Fernandes

Chief Artificial Intelligence Officer da Exame

Publicado em 29 de maio de 2024 às 13h17.

Última atualização em 29 de maio de 2024 às 13h33.

Tudo sobreInteligência artificial
Saiba mais

Nos últimos meses, a OpenAI, principal empresa de inteligência artificial do planeta, tem enfrentado uma série de controvérsias que colocam em xeque sua transparência, ética e comprometimento com a segurança no desenvolvimento da IA. Na verdade, a organização é marcada por polêmicas desde a fundação.

Em novembro de 2022, a OpenAI lançou o ChatGPT, um modelo de linguagem revolucionário que rapidamente ganhou popularidade global. Em uma entrevista recente, Helen Toner, antiga membro do conselho, revelou que parte dele não foi informada sobre o lançamento do ChatGPT, tomando conhecimento apenas pelo Twitter, levantando questões sobre a comunicação interna e a transparência da empresa.

Helen Toner ( Jerod Harris/Getty Images)

Um dos acontecimentos mais marcantes da empresa ocorreu em 2023, o CEO Sam Altman foi demitido pelo conselho. Surpreendentemente, logo em seguida, Altman foi recontratado para o cargo. Esse episódio levantou questões sobre a estabilidade e a governança da empresa.

Mais controvérsias surgiram semanas atrás, com a saída de Ilya Sutskever, cofundador e cientista-chefe da OpenAI. Jan Leike, colíder do grupo de superalinhamento também renunciou. Eles estavam entre os principais responsáveis por garantir que os sistemas de IA da empresa estivessem alinhados com os interesses humanos. Alegaram que a cultura e os processos de segurança ficaram em segundo plano frente a produtos chamativos. Também veio à tona a existência de acordos de não depreciação assinados por ex-funcionários, sob risco de perder participação acionária, algo que Altman negou ter conhecimento. Documentos vazados recentemente contradizem sua afirmação.

Sam Altman (à esquerda) com Ilya Sutskever (JACK GUEZ/Getty Images)

Questionamentos adicionais surgiram com a formação de um comitê de segurança liderado pelo próprio Altman e outros diretores internos, levantando preocupações sobre potenciais conflitos de interesse. Um artigo recente do New York Times revelou o uso de mais de 1 milhão de horas de vídeos do YouTube, adicionando mais uma camada à controversa falta de transparência sobre os dados usados para treinar modelos como o GPT-4, com a OpenAI alegando usar apenas dados públicos ou licenciados.

Para completar, há poucas semanas, a atriz Scarlett Johansson iniciou um processo contra a OpenAI, alegando uso não autorizado de sua voz nos produtos da empresa, levantando questões sobre as práticas do gigante da IA, apesar das negativas da OpenAI sobre a intenção de replicar a voz da atriz.

O outro lado

Apesar dessas controvérsias, é inegável que a OpenAI tem entregado produtos incríveis e revolucionários. Como entusiasta e usuário assíduo de suas tecnologias, posso atestar o quão impressionantes são ferramentas como o ChatGPT. Elas transformam a maneira como trabalhamos, nos comunicamos e criamos, trazendo ganhos de eficiência e produtividade em diversos setores.

Além disso, a OpenAI tem feito promessas ambiciosas sobre o futuro da IA, visando desenvolver sistemas cada vez mais avançados e capazes de beneficiar a humanidade. Essas promessas me enchem de entusiasmo e esperança, mesmo em meio às controvérsias recentes.

Imagem gerada por @inventormiguel com o MidJourney

Acredito que a maioria das pessoas na OpenAI é bem-intencionada e busca o melhor para a humanidade. No entanto, as preocupações levantadas nos últimos meses servem como um lembrete da importância da transparência, ética e segurança no desenvolvimento dessa tecnologia transformadora.

Nesse contexto, empresas como a Anthropic, fundada por ex-pesquisadores da OpenAI, surgem como competidoras promissoras, com um compromisso firme com o alinhamento e a segurança da IA desde sua concepção.

O futuro da IA está em nossas mãos. Cabe a nós, como sociedade, apoiar e cobrar das empresas líderes nessa revolução um compromisso inabalável com a responsabilidade, a ética e a transparência. Somente assim poderemos moldar um amanhã em que a IA seja uma força benigna, impulsionando o progresso e beneficiando a humanidade como um todo.

Particularmente, permaneço otimista e empolgado com as possibilidades que a IA nos reserva, especialmente com as promessas da OpenAI, sem deixar de lado a vigilância e a cobrança por um desenvolvimento responsável e ético. Juntos, podemos pavimentar o caminho para um futuro brilhante, onde a IA e a humanidade caminhem lado a lado rumo ao progresso sustentável e inclusivo.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialOpenAI

Mais de Inteligência Artificial

Amado pelos designers, CEO do Figma acredita que futuro dos produtos digitais passa pela IA

Google DeepMind é um sucesso e uma tragédia ao mesmo tempo, diz executiva da empresa

Musk acusa OpenAI de tentar 'monopolizar' mercado de IA

CEO da Nvidia teve chance de comprar empresa no passado — mas recusou