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NFTs precisam se separar de criptomoedas para crescerem mais, diz analista

Para Michael Eckstein, crise da FTX afetou reputação do mercado cripto e pode desacelerar adesão a tokens não-fungíveis

Especialista defende que NFTs não dependam de criptomoedas em negociações (Getty Images/Reprodução)
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João Pedro Malar

Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 10h40.

A falência da FTX, até então a segunda maior corretora de criptoativos do mundo, prejudicou a reputação de todo o mercado cripto, e mostra a necessidade do segmento de tokens não-fungíveis ( NFTs, na sigla em inglês) se separar do setor de criptomoedas. A análise foi feita por Michael Eckstein, investidor e CEO da All Certified, em entrevista exclusiva à EXAME.

Eckstein possui mais de 40 anos de experiência na área de tecnologia, atuando anteriormente em algumas das maiores empresas do mercado mundial, na administração do ex-presidente dos EUA Bill Clinton e em startups. Atualmente, ele é o presidente da All Certified, que atua na transformações de assinaturas digitais de famosos em NFTs.

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Na visão do empresário, "para as pessoas que só leem as manchetes, só veem a televisão, sempre que há algo acontecendo na Web3, cripto, blockchain, NFTs, DeFi, muitos não entendem que são tecnologias diferentes, fica tudo na mesma cesta, e acham que é tudo golpes e fraudes".

Ele afirma ainda que essa percepção negativa sobre todo o segmento foi piorada pela quebra da FTX: "A FTX afeta negativamente os NFTs porque afeta a percepção pública, e espero que isso possa ser corrigido". A empresa não apenas quebrou como também congelou saques de clientes, que atualmente possuem bilhões depositados na corretora. Além disso, foi descoberto que ela usava fundos dos clientes para ajudar outras empresas controladas pelo seu então CEO, Sam Bankman-Fried.

A indústria de tokens não-fungíveis foi especialmente afetada porque a FTX oferecia uma plataforma própria de criação e negociação desses ativos. Ela foi usada, por exemplo, pelos responsáveis do festival de música Coachella, cujo NFT dava direito a uma "entrada vitalícia" no evento. A quebra da exchange, porém, fez com que esses tokens se perdessem.

Por isso, o empresário acredita que "é importante separar NFTs e cripto. São coisas diferentes". E ele ressalta que já existem iniciativas nesse sentido no mercado. A plataforma mais famosa de negociação de NFTs ligada à NBA, a liga de basquete dos EUA, já permite compras usando apenas cartão de crédito, sem a necessidade de usar criptomoedas nas negociações.

E Eckstein acredita que opções como essa serão a tendência para o segmento nos próximos anos, em especial conforme a adesão por grandes empresas aumenta. Porém, ele aponta que os atuais agentes do setor precisarão primeiro mudar a mentalidade que possuem atualmente, que associam os NFTs a criptomoedas.

"Quando os NFTs chegaram aos marketplaces, todos eram baseados em cripto, e o fato é que a gente vai ver mais e mais as plataformas se afastando de cripto. A Mastercard por exemplo já está tentando educar indivíduos para fazer essa separação", observa.

Na visão do empresário, essa mudança "vai demorar um certo tempo", mas ele está confiante de que ela ocorrerá, e que o setor está "começando a virar essa página". "Se vai ter grandes projetos envolvendo NFTs, eles precisam ter essa separação", destaca.

Já como tendência para 2023, Eckstein aposta na "tokenização backend", que trabalha com os tokens não-fungíveis como uma forma de oferecer benefícios e serviços para além da coleção de tokens não-fungíveis em si. Ele cita, como exemplo, a união de NFTs com programas de descontos e "benefícios VIPs".

"Acho que vamos ver mais e mais a tokenização que traz utilidades e outros usos para além dos NFTs. Dando direito a descontos, por exemplo. Acredito que esse seja o futuro dos NFTs", diz.

Ele acredita que o setor "vai ver algumas plataformas de NFTs sofisticadas tendo uma grande mudança, e as mais inovadores e criativas vão oferecer NFTs como colecionáveis e com um valor. Não precisa mais se conectar a cripto, pode ter carteiras digitais e cartões. Acho que é o futuro, e a indústria viu o que aconteceu entre criptos e a FTX, então pode ter uma mudança de mentalidade".

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