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Meli Dólar: moeda digital entra em programa de cashback do Mercado Livre; veja como funciona

Em entrevista exclusiva à EXAME, vice-presidente do Mercado Pago falou que estratégia busca tornar a empresa "o maior banco digital do Brasil"

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 11h40.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 11h43.

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Depois de lançar no Brasil o Meli Dólar, o Mercado Livre avança na integração da criptomoeda pareada ao dólar em sua operação. A principal novidade é a inclusão da stablecoin no programa de fidelidade do gigante de e-commerce, com foco no cashback para os clientes brasileiros por meio do ativo.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Ignacio Estivariz, vice-presidente de banco digital do Mercado Pago no Brasil, explicou quais são os objetivos da empresa com seu novo criptoativo próprio.

"O Meli Dólar é uma ótima oportunidade para o cliente ter acesso a um criptoativo pareado ao dólar, até pensando nas variações do real frente ao dólar, mas também para nós fortalecermos o nosso programa de fidelidade. O Meli Dólar entrou no programa porque acreditamos nos criptoativos", destaca.

Mercado Pago e cripto

Estivariz pontua que o Mercado Pago e o Mercado Livre como um todo estão "envolvidos com cripto há muito tempo": "Fomos um dos primeiros a lançar a possibilidade dos nossos clientes comprarem bitcoin. O Mercado Livre, como uma empresa de tecnologia, acredita muito em criptoativos e no poder para trazer novas opções, alternativas de produtos e inovações no mercado financeiro".

"A gente tem usado cripto para diversos objetivos na nossa plataforma. Tem a possibilidade de comprar, vender ou segurar os principais criptoativos do mercado. Nós já tínhamos stablecoins disponíveis, mas achamos que seria importante termos uma própria, do Mercado Livre, já que isso permite que os usuários não paguem taxa de compra  e venda", comenta.

Segundo o executivo, a estratégia faz parte do movimento do Mercado Livre de estar "sempre trabalhando com inovação e tecnologia, que vemos como a grande alavanca para o desenvolvimento da economia".

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No caso do Meli Dólar, a expectativa é que a criptomoeda pareada ao dólar "ajude muito no programa de fidelidade e a unir os ecossistemas do Mercado Livre e do Mercado Pago, gerando uma nova proposta de valor". Com isso, os clientes poderão receber cashback em dólar, pela stablecoin, após compras no Mercado Livre.

O objetivo do Mercado Pago é, também, usar o programa de fidelidade para "se posicionar como um dos principais bancos digitais do Brasil, tendo esse papel como banco inovador, trazendo novos ativos, opções para os usuários a partir da tecnologia. Esse tem sido um papel nosso no Brasil".

Em funcionamento há algumas semanas, a integração entre o Meli Dólar e o programa de fidelidade tem tido "uma tração muito grande, com muitos cashbacks na forma de Meli Dólar e usos em compra ou redenções para o real. Estamos bastante felizes com a forma como ele tem tracionado, as pessoas estão entendendo bem como ele funciona".

Apesar da aposta da empresa no segmento, Estivariz afirma que o Mercado Livre não tem planos no momento de disponibilizar o Meli Dólar para negociação em outras plataformas. No curto e médio prazo, a ideia é que ele seja exclusivo da plataforma da empresa.

Assim como outras stablecoins, a empresa também conta com uma operação para garantir a paridade com o dólar - ou seja, 1 unidade da criptomoeda precisa valer US$ 1 - a partir da sua parceria com a empresa cripto Ripio, que atua tanto como corretora quanto como custodiante.

Estivariz também descarta, no momento, o lançamento de stablecoins pareadas a outras moedas, como o real ou o euro, já que avalia que "as pessoas procuram uma moeda global, onde querem diversificar investimentos frente a outros ativos em moeda loca. O euro e outras moedas não tem talvez esse papel de referência, que o dólar tem".

Cripto na América Latina

O executivo do Mercado Pago avalia também que o interesse dos usuários em uma criptomoeda pareada ao dólar segue uma "tendência regional da busca por formas de se proteger das variações, flutuações da moeda local, e o dólar é sempre uma referência a nível global".

A estratégia também encaixa na missão da empresa de "dar outras alternativas, democratizar o acesso a outras moedas e outros ativos para os usuários, trazendo mais oportunidades, alternativas. Ter um investimento, reserva em outra moeda é sempre uma opção muito boa para os usuários. Se gosta usa, se não usa menos, mas queremos dar essas oportunidades".

O lançamento do Meli Dólar ocorre após o PayPal também lançar uma stablecoin de dólar e em meio a uma forte expansão do segmento. Na visão de Estivariz, uma stablecoin própria de uma empresa financeira "dá a oportunidade para os usuários terem acesso a uma moeda em dólar de forma simples, fácil e segura, e também trazendo um produto inovador para os usuários em blockchain".

Ele acredita que a tendência é que as empresas "vão começar a emitir suas próprias stablecoins, mas geralmente tem uma consolidação e vão aparecendo algumas mais relevantes que as outras. No longo prazo, pode não valer a pena que toda a empresa tenha uma stablecoin própria, mas é algo que o mercado vai arbitrar e consolidar".

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