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Inteligência artificial em cripto: heroína ou vilã?

Usar a inteligência artificial de forma positiva pode causar uma revolução no mundo dos investimentos em criptomoedas. Agora, também há aqueles que exploram a tecnologia para roubar ativos. E você precisa conhecer esses dois lados para se proteger

 (Reprodução/Reprodução)

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Felippe Percigo
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 28 de outubro de 2023 às 10h00.

A inteligência artificial troca de papel entre heroína e vilã muito rapidamente nas crescentes discussões acaloradas sobre o tema. Mas sabemos que, na verdade, o ser humano é o grande maestro da coisa toda, e cabe a ele optar por explorar o infinito potencial da IA para melhorar as nossas vidas e não para ameaçá-las.

Esse cenário de conflito é real e pode parecer amedrontador. Assim, acho imprescindível nos conscientizarmos do que está sendo feito tanto de positivo quanto de negativo a partir do emprego da tecnologia. Nesta coluna, vamos tratar de como a IA está influenciando o mercado de criptomoedas em ambas as perspectivas.

A criptoesfera sempre foi um grande atrativo para os golpistas mesmo antes da popularização da inteligência artificial. Eles se aproveitam do grande interesse versus falta de conhecimento do público em geral em relação ao assunto, exploram falhas no desenvolvimento dos projetos para faturar e ainda transformam ferramentas do nosso dia a dia, como e-mail e redes sociais, em armas para praticar seus crimes.

Com o avanço da IA e, mais recentemente, o boom da IA Generativa, os esquemas para enganar os entusiastas dos ativos digitais vêm se sofisticando de uma maneira sem precedentes. Recursos como deep fakes e chatbots entraram em cena com poder para causar verdadeiros estragos.

O próprio hype em torno do ChatGPT se transformou em um perigo para o mundo cripto. Só para se ter uma ideia, uma busca por “ChatGPT” e “OpenAI” no DexTools, plataforma de rastreamento de preços de cripto, aponta como resultado quase mil pares de negociação de tokens com essas palavras-chave. Vamos combinar que não é difícil um investidor apostar em algum desses pares (ou alguns) quando está dominado pelo hype.

Este ano, muitas vítimas sucumbiram a um projeto baseado em um falso robô de IA que conseguiu roubar R$ 5 milhões de usuários. Chamado de Harvest Keeper, o esquema prometia, entre outras coisas, usar a IA para otimizar negociações de criptomoedas e maximizar os lucros dos investidores, além de um rendimento diário fixo. Eu sempre digo: quando uma oferta é boa demais para ser verdade é porque ela não é verdadeira mesmo.

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Fique atento a:

Chatbots e assistentes virtuais

A inteligência artificial está turbinando chatbots e assistentes virtuais de tal forma que muitas vezes não é possível identificar se estamos falando com uma máquina ou uma pessoa, dada a sua capacidade de imitar conversas humanas. Com o aprimoramento da tecnologia, fazer essa detecção deve ficar cada vez mais difícil.

Tudo isso é um prato cheio para os golpistas, que na interação com investidores conseguem atraí-los para airdrops fraudulentos, promoção de tokens falsos e “oportunidades” de investimento enganosas, entre outras inúmeras artimanhas.

Deepfakes

Na categoria de deepfakes, estão vídeos falsos criados com uma qualidade de realismo que só a IA pode promover. Em geral, os deepfakes usam pessoas conhecidas do público em geral para passar conteúdo e mensagens enganosas com o propósito de obter vantagem financeira.

No ano passado, dois personagens famosos e polêmicos foram usados como isca em deepfakes: Elon Musk e o controverso fundador da colapsada FTX, Sam Bankman-Fried.

No caso de Elon Musk, circulou pelas redes uma montagem audiovisual dele em que anunciava uma “oportunidade imperdível” de investimento em uma plataforma falsa chamada de BitVex.

Já Sam Bankman-Fried apareceu em um vídeo forjado dizendo que os usuários da FTX poderiam ser recompensados pelas perdas e, para recuperar fundos, precisavam clicar em um link indicado por ele. O link, claro, era uma armadilha para drenar os recursos da carteira digital de quem caísse.

Falamos aqui de vídeos falsos publicados na internet como exemplos de deepfakes populares, mas o uso da técnica de outra forma também está dando uma dor de cabeça danada para as exchanges. Vejam só: os criminosos estão tentando usar imagens manipuladas de pessoas para fazer reconhecimento facial em corretoras, com o objetivo de abrir contas ou ter acesso a contas já existentes.

Mensagens de voz falsas

Softwares alimentados por IA permitem imitar perfeitamente a voz de quem você quiser, seja a sua, de alguém da sua família ou de uma celebridade.

Assim, são criados deepfakes de voz para serem repassados por mensageiros como o Whatsapp. É uma modalidade ainda mais sofisticada de divulgar conselhos enganosos de investimento, já que torna possível imitar aquele influenciador que você confia ou até mesmo aquele amigo com o qual você costuma trocar informações sobre cripto.

Engenharia social

Os golpes de engenharia social aplicados online tem hoje nas redes sociais o seu grande palco. Nesses crimes, os golpistas exploram a influência e o alcance das plataformas para respaldar suas atuações.

A engenharia social consiste em manipular uma pessoa virtualmente para conseguir extrair dela dados sensíveis ou fazê-la agir de forma que beneficie o criminoso, como induzi-la a aplicar dinheiro em algum investimento falso.

Não é porque um perfil no Instagram tem milhares de seguidores que ele é autêntico. As ferramentas de IA são capazes de criar contas e interações artificiais que produzem a ilusão de verdadeiras para ajudar a montar uma cena de popularidade e autenticidade.

As criptomoedas são essencialmente influenciadas por suas comunidades online, que ficam hospedadas em mídias sociais como Discord, Reddit e X (ex-Twitter). Os projetos dependem do sucesso das interações com e entre as comunidades nessas plataformas para desenvolver a confiança do público, se popularizar e avançar.

Desta maneira, a inteligência artificial acaba ameaçando uma dinâmica muito comum no mercado cripto.

O lado bom da história

Por outro, a mesma IA pode ajudar a alavancar o mercado cripto como nunca na história, colaborando para facilitar o desenvolvimento de projetos, o acesso aos ativos digitais, aprimorar as negociações e também prevenir e combater crimes.

DeFi

Startups vêm produzindo casos de uso inovadores para a inteligência artificial no ambiente das finanças descentralizadas. Plataformas hoje já usam algoritmos de IA não só para automatizar transações, como também otimizá-las, proporcionando mais eficiência e segurança para as negociações.

Uma aplicação interessante está relacionada ao score de crédito. Novas ferramentas com base em inteligência artificial já permitem analisar enormes quantidades de dados de transações on-chain, assim como redes sociais e demais fontes que possam servir para desenvolver pontuações de crédito confiáveis de usuários que desejam fazer uma operação de empréstimo.

Combate a crimes

Assim como é usada para originar golpes por agentes mal-intencionados, a inteligência artificial nas mãos certas é muito eficiente em detectar, prevenir e combater crimes e fraudes com criptomoedas. Têm uma capacidade exponencialmente maior nesse campo se comparada com os meios tradicionais.

As ferramentas baseadas em IA alavancam algoritmos de aprendizado de máquina e análise de dados que permitem identificar padrões, sinalizar comportamentos e transações suspeitas, além de, ao mesmo tempo, conseguir alertar os usuários e empresas sobre possíveis atividades criminosas.

Análise de sentimento

A análise de sentimento é uma forma de medir o humor do mercado para ajudar os investidores cripto a tomar decisões informadas e com respaldo nas tendências.

Plataformas alimentadas por inteligência artificial estão fazendo muito bem o trabalho ao analisar com robustez notícias, postagens em mídias sociais, indicadores e tantas outras fontes que ajudem a capturar uma percepção mais aprofundada do sentimento dos participantes do mercado.

Contribuição para o desenvolvimento de projetos

A IA também pode ajudar os desenvolvedores a automatizar e aprimorar tarefas na construção de seus projetos cripto, como gerar códigos, promover testes, prever falhas e bugs, fazer análise de dados mais robusta e ágil e melhorar aspectos como UI/UX. Assim, o tempo que gastam com atividades mecânicas e repetitivas poderá ser canalizado para investir mais nas ideias e aumentar a utilidade de seus projetos.

Visto tudo isso, entendemos que a IA tem um baita potencial para transformar o mercado e a nossa forma de investir em criptomoedas, mas é importante observar que essa transformação depende do bom senso e da vontade do humano de fazer a mudança para melhor. A cooperação entre humano e tecnologia será sempre a resposta.

Esse anúncio da Mynt não foi escrito por uma Inteligência Artificial. Mas somos tecnológicos. Nossa segurança é de ponta e nossa curadoria, de excelência. O que falta para você investir em crypto com a Mynt?

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