Repórter do Future of Money
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 15h30.
Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 16h13.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos divulgou um relatório recente em que afirma que a tese de que o bitcoin será um "ouro digital" se tornou o "caso de uso primário" por trás da criptomoeda. O estudo afirma ainda que o setor de cripto tem tido um crescimento "rápido", mas especulativo.
"Os ativos digitais testemunharam um rápido crescimento, embora partindo de uma pequena base. O crescimento veio tanto de criptomoedas nativas como o bitcoin e o ether quanto de stablecoins", aponta o relatório.
Na visão do governo dos EUA, a adoção desses ativos por investidores institucionais ainda está "limitada a manter ativos digital para propósitos de investimento". Além disso, a avaliação é que a capitalização total do setor "segue baixa com relação a outros ativos financeiros e reais".
"O crescimento [das criptomoedas] até o momento não parece ter canibalizado a demanda por títulos do Tesouro dos EUA", diz o relatório. Ao mesmo tempo, o estudo pontua que "o caso de uso para os ativos digitais continua a evoluir", indicando um potencial de crescimento.
No caso do bitcoin, "o principal caso de uso parece ser de reserva de valor, também conhecida como 'ouro digital', em um mundo de finanças descentralizadas (DeFi). O interesse especulativo parece ter desempenhado um papel proeminente no crescimento dos tokens até agora".
Já com relação às stablecoins — criptomoedas pareadas a outros ativos, em geral ao dólar —, o Departamento do Tesouro avalia que "o uso cresceu rapidamente nos últimos anos, à medida que o mercado de ativos digitais amadureceu, incluindo com um aumento de demanda por criptoativos com características estáveis, semelhantes ao dinheiro".
"As stablecoins também ganharam popularidade à medida que foram adotadas como uma garantia atraente para empréstimos em redes DeFi. Embora existam diferentes tipos de stablecoins, as lastreadas em moedas fiduciárias apresentaram o crescimento mais significativo", avalia o relatório.
Para o governo dos Estados Unidos, "as stablecoins desempenham um papel fundamental na intermediação de transações em mercados de ativos digitais – mais de 80% de todas as transações com cripto agora usam uma stablecoin como uma parte da transação".
Para o curto prazo, o estudo indica uma tendência de "crescimento contínuo dos mercados de stablecoins junto com o tamanho em geral do mercado de ativos digitais", enquanto que, no médio prazo, "políticas regulatórias vão determinar o futuro dessa 'moeda privada'".
Entretanto, o Departamento do Tesouro adotou uma postura crítica quanto a esses ativos, destacando que "a história mostra que 'moedas privadas' não cumprem requisitos de qualidade, o que levou a instabilidades financeiras, algo que é altamente indesejável".
Já sobre a tokenização de ativos em geral, a visão compartilhada foi mais positiva. A visão do governo dos Estados Unidos é que o processo "tem o potencial de desbloquear os benefícios de redes de registro interoperáveis e programáveis para uma ampla gama de ativos financeiros tradicionais".
"Os benefícios da tokenização vão muito além e são independentes de criptoativos como o bitcoin", diz ainda o relatório. A visão, porém, é que "para atingir esse potencial, há a necessidade de criar uma rede de registros única, ou ao menos uma ferramenta de interoperabilidade eficiente".