Empresas tradicionais têm se interessado cada vez mais por criptomoedas (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 23 de junho de 2023 às 16h04.
Última atualização em 23 de junho de 2023 às 16h10.
O banco Caceis, um dos maiores da Europa e controlado pelo Santander e o Crédit Agricole, recebeu nesta semana uma autorização das autoridades da França para passar a oferecer serviços de custódia de criptomoedas. A autorização foi divulgada na última terça-feira, 20, pelos reguladores do país.
Atualmente, o Caceis possui mais de US$ 5,1 trilhões (R$ 24 trilhões, na cotação atual) de ativos sob gestão. O interesse do banco no mundo dos criptoativos é reportado desde 2021, quando surgiram as primeiras especulações em torno de um pedido para exercer a atividade, mas a licença para os serviços de custódia foi emitida apenas neste ano.
Pela legislação da França, o registro junto aos reguladores do país é obrigatório para qualquer empresa interessada em oferecer serviços de custódia, negociação e conversão de criptomoedas em território francês. Com a autorização, o Caceis se une a outras instituições financeiras tradicionais que vêm ingressando no setor cripto.
A Europa também vem avançando nos últimos meses para criar uma regulamentação comum para empresas do setor de criptomoedas. A União Europeia chegou nos estágios finais para a aprovação do MiCA, a lei específica para o ecossistema cripto no bloco, e a expectativa é que ele entre em vigor entre 2024 e 2025.
Até lá, cada país tem espaço para aplicar regulamentações específicas para o setor. O projeto estabelece diretrizes para a operação, estrutura e governança dos emissores de tokens de ativos digitais. Ele também oferecerá regras sobre requisitos de transparência e marketing para emissão e negociação de criptoativos.
A regulamentação foi recebida majoritariamente com otimismo no setor. Especialistas apontam, porém, algumas lacunas no documento de 400 páginas. O rascunho atual não menciona o segmento de finanças descentralizadas (DeFi), falha em abordar o crescente setor de empréstimos e de staking de criptomoedas e não especifica nenhuma regra para tokens não fungíveis (NFTs).
A autorização do Caceis se soma a uma onda de notícias nos últimos dias que mostraram um interesse crescente de grandes empresas tradicionais do mercado no ecossistema cripto. O movimento começou com o pedido pelo BlackRock para o lançamento de um fundo negociado em bolsa (ETF) exposto ao preço de bitcoin à vista nos Estados Unidos, que pode se tornar o primeiro do tipo no país.
Outras gestoras importantes, como a WisdomTree e a Invesco, também submeteram pedidos de autorização para ETFs desse tipo nos Estados Unidos. Além disso, o Deutsche Bank — maior banco da Alemanha — anunciou que entrou com um pedido junto aos reguladores do país para poder oferecer serviços de custódia com criptomoedas para seus clientes.
As novidades animaram o mercado e deram início a um novo movimento de alta, com destaque para o bitcoin, que ultrapassou a casa dos US$ 30 mil e atingiu o maior valor em 12 meses. O otimismo dos investidores está ligado à expectativa de maior entrada de capital e de investidores no ecossistema graças à "validação" dada por grandes empresas.
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