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Federal Reserve diz que bitcoin é "inútil" e deveria ser "taxado ou proibido"

Relatório divulgado por pesquisadores do banco central dos EUA argumenta que criptomoeda interfere em estratégias de orçamento público

Federal Reserve: pesquisadores afirmam que bitcoin é risco para governos (Reprodução/Reprodução)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 12h06.

Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 12h28.

O bitcoin tem atraído um número cada vez maior de apoiadores no mercado tradicional, incluindo figuras relevantes como Larry Fink, o CEO da BlackRock. Entretanto, uma visão mais positiva sobre a criptomoeda ainda não é um consenso. E, recentemente, o Federal Reserve divulgou um relatório com duras críticas ao ativo.

O relatório, produzido pelos pesquisadores Amol Amol e Erzo G.J. Luttmer da filial do Fed em Minneapolis, é focado na relação entre a criptomoeda e as estratégias orçamentárias de governos. E, na visão dos estudiosos, a criptomoeda na prática pode facilitar que governos caiam em "armadilhas orçamentárias" ao implementar estratégias deficitárias.

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Os analistas afirmam que, ao incluir o bitcoin como uma variável, "a política governamental é agora uma
função contínua do preço dos títulos do governo e do preço do bitcoin". Quando a estratégia depende apenas dos títulos do governo, há uma facilidade maior em garantir uma política de déficit primário, mas o surgimento da criptomoeda acaba dificultando essa estratégia.

O motivo é que a moeda digital, na prática, opera de forma independente aos governos, e portanto é menos suscetível a manipulações ou influências de estratégias governamentais. Na visão dos estudiosos, os governos ao redor do mundo só teriam duas opções para contornar o impacto da criptomoeda: proibi-la ou taxá-la.

O argumento dos pesquisadores é que, na prática, o bitcoin — classificado por eles como um "dinheiro inútil" — pode surgir como uma alternativa para investidores que não precisarão, necessariamente, investir nos "ativos" oferecidos pelos governos — seus títulos de dívida —, o que reduz o poder de organização de política orçamentária estatal.

O relatório apresenta diversos cálculos para apontar que, na prática, seria possível reduzir o efeito negativo do bitcoin em estratégias orçamentárias apenas com uma taxação elevada, sem demanda uma proibição completa da criptomoeda.

"Estes resultados sugerem que uma proibição legal do bitcoin ou um imposto sobre o bitcoin são formas
de repressão financeira que podem ser úteis quando a capacidade do governo de usar impostos sobre o consumo é limitada", argumentam os pesquisadores.

Segundo o relatório, "quando existem leis contra os ativos de bolhas no setor privado, é fácil para o governo
projetar políticas que implementem um déficit primário permanente, se considerarmos que há um risco idiossincrático suficiente para tornar esses déficits possíveis. Uma proibição não é necessária se o governo puder tributar esses ativos".

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