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Binance: fundador descarta retorno ao cargo de CEO (EXAME/Exame)
Editor do Future of Money
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 10h30.
O fundador da Binance Changpeng Zhao descartou nesta quinta-feira, 4, um possível retorno ao cargo de CEO da maior corretora de criptomoedas do mundo. Zhao renunciou ao cargo em 2023, após um acordo com os Estados Unidos que levaria à sua condenação e prisão. Em 2025, o presidente Donald Trump concedeu um perdão ao bilionário.
Zhao participou de uma coletiva de imprensa durante a Binance Blockchain Week, realizada em Dubai. Questionado sobre o seu futuro na empresa que ajudou a fundar, o bilionário disse que não pretende retornar ao cargo de CEO e que está focado agora em expandir o ecossistema da BNB Chain, a rede blockchain ligada à Binance.
"Quando eu renunciei eu cheguei a chorar, mas eu consegui superar isso e percebi que há muitas coisas que posso fazer. A companhia está indo bem e não preciso retornar à posição de CEO. Estou mais envolvido em projetos do ecossistema da BNB, ajudando outros desenvolvedores, ajudando governos na regulação, então estou do outro lado. Para mim, é bom não estar mais no dia a dia da Binance, e isso ajuda também no crescimento do ecossistema da BNB", comentou.
O ex-CEO da Binance também foi questionado sobre possíveis planos envolvendo o mercado dos Estados Unidos após o perdão de Trump. Zhao disse que "não tem nenhuma ligação com a família Trump", mas que "aprecia muito o perdão". Ele destacou que a medida "me permite fazer negócios de forma mais livre em qualquer parte do mundo, inclusive nos Estados Unidos".
O executivo afirmou ainda que pretende ajudar a "transformar os Estados Unidos na capital mundial de cripto", se referindo a uma promessa de campanha de Trump. "Tentamos sair dos EUA o máximo possível no governo Biden. Os EUA são um mercado muito importante, mas os líderes de blockchain não estão nos EUA hoje. Eu quero ajudar a trazer muitos desses negócios de volta para os EUA".
Zhao também disse que "a maioria dos norte-americanos quer cripto. Não entendo porque políticos e a imprensa atacam o setor de criptomoedas". "Muitas pessoas culpam as exchanges quando investem e perdem dinheiro. É uma forma de simplificar as perdas, mas precisam aprender a aceitar e assumir o risco".
Já sobre a sua própria condenação pela Justiça dos Estados Unidos, o fundador da Binance disse que "ninguém se machucou. Não houve fraude. Nenhum usuário foi prejudicado por algo que eu tenha feito". O empresário se declarou culpado em 2024 de violações de leis dos EUA contra lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo.
Questionado sobre o futuro do mercado de criptomoedas, Zhao avalia que ainda existem áreas que precisam crescer mais no setor. "Pagamentos é uma área óbvia. Muitas pessoas tentaram fazer algo na área, mas ainda não chegamos lá. Agora temos as stablecoins, e acho que as soluções tecnológicas estão aqui, mas por vários fatores ainda não decolaram".
O bilionário espera que produtos como cartões de crédito com criptomoedas voltem a ser populares nos próximos anos, e defendeu uma integração entre o mundo cripto e o sistema tradicional de pagamentos. Além disso, destacou a importância de "ter produtos que as pessoas usam. É preciso ter um foco nos usuários e um foco ético. Os projetos que tiverem isso vão ser os que vão sobreviver".
"Cripto tem muita volatilidade, eventualmente estaremos em um bear market [ciclo de queda], depois em bull market [ciclo de alta]. Quem perseverar é quem vai vencer", comentou.
Zhao comentou ainda que a adoção do mundo cripto é "um processo lento" e que depende de diversos fatores, em especial a regulação e a disposição do mercado tradicional de abraçar o setor. "Não é tão difícil, não tem nenhuma mágica em torno disso e o processo vai continuar".
"Cripto ainda é um setor pequeno, que vale US$ 3 trilhões e deveria valer de US$ 300 trilhões a US$ 400 trilhões. O tamanho precisa crescer, e precisa ter pagamentos e outros produtos financeiros. Estamos no início, mas isso vai acontecer, é um processo de qualquer nova tecnologia. Leva décadas para uma tecnologia crescer e ter uma penetração ampla. Como cripto é muito disruptivo, demorará algum tempo, mas chegaremos lá", projetou.
O fundador da Binance defendeu ainda que um dos maiores sinais da adoção generalizada das criptomoedas surgirá quando "nem estivermos falando sobre blockchain e cripto. O nome da marca deveria se tornar um verbo, e a tecnologia ficaria escondida. Todas as discussões sobre taxa, redes, elas não fazem sentido".
"Precisamos abstrair tudo isso, mas a indústria ainda não chegou nessa parte. Precisamos desenvolver produtos melhores e mais fáceis de usar. Eventualmente, haverá algum efeito de rede e uma plataforma será dominante", projeta.
*O jornalista viajou para Dubai a convite da Binance
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