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O que os conflitos entre Israel e Irã têm a ver com a queda do bitcoin? Especialistas respondem

Na visão de especialistas, escalada de tensão no Oriente Médio é “inevitável”; eles revelam os impactos disso no bitcoin e nas criptomoedas

Pessoas se abrigam atrás de veículos sob uma ponte ao lado de uma rodovia em Tel Aviv, em 1º de outubro de 2024. Sirenes de ataque aéreo soaram no centro de Israel em 1º de outubro, informou o exército, um dia após o início das operações terrestres no sul do Líbano, visando posições do Hezbollah. (JACK GUEZ / AFP/AFP)
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 16h24.

Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 14h26.

O preço do bitcoin e das principais criptomoedas está despencando desde a última terça-feira, 1. As expectativas de um outubro positivo foram frustradas logo no primeiro dia do mês graças ao mais recente ataque de mísseis do Irã contra Israel. Conhecido como “Uptober” no universo cripto, nome que mistura o termo “up” ou "alta" em inglês com “october”, outubro não iniciou tão positivo assim.

No momento, a maioria das maiores criptomoedas do mundo em valor de mercado são negociadas “no vermelho”. Foi um movimento inesperado, especialmente para aqueles que aguardavam um 'Uptober', masa aversão ao risco prevaleceucom a crescente tensão no Oriente Médio”, comentou Danilo Matos, especialista da NovaDAX.

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"Após um mês de alta de 7,38%, o bitcoin inicia outubro com uma correção significativa, impulsionada pela escalada das tensões no Oriente Médio. O conflito entre Israel e Irã, que se intensificou após operações terrestres de Israel no Líbano e ataques aéreos do Irã em resposta, gerou incerteza nos mercados globais”, explicou João Galhardo, analista de research da Mynt, plataforma de criptoativos do BTG Pactual.

“Esse cenário levou àliquidação de mais de US$ 400 milhõesem posições alavancadas no mercado cripto em poucas horas, à medida que investidores buscaram reduzir exposição a ativos de risco em um ambiente de alta volatilidade”, acrescentou.

A escalada de tensões geopolíticas na região do Oriente Médio impactou significativamente o mercado de ativos digitais, mas qual é a relação entre eles?

A relação entre os conflitos no Oriente Médio e as criptomoedas

Classificadas como ativos de risco, as criptomoedas apresentam alta volatilidade desde o seu surgimento em 2009 com o bitcoin. Atualmente, os desdobramentos geopolíticos se tornaram um fator de impacto na cotação de seus principais ativos.

"A escalada do conflito entre Israel e Irãpode influenciar significativamente o mercado de criptomoedase o preço do bitcoin a longo prazo. A incerteza geopolítica tende a levar investidores para ativos considerados seguros em tempos de guerra, como petróleo, ouro e também bitcoin, que muitas vezes é visto como "ouro digital". Da minha visão muito pessoal, é provável que este outubro não seja o 'uptober' ao qual estamos acostumados nos últimos anos, tudo devido à escalada dessa guerra”, disse Pedro Gutierrez, diretor regional LatAm da CoinEx.

Já João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex, acredita que a queda do bitcoin “era de se esperar” e pode não significar um impacto maior no longo prazo.

“A queda de um dígito percentual do bitcoinnão chega a assustar. É evidente que há desdobramentos possíveis para o conflito que podem trazer ainda mais turbulência para os mercados. Mas, em uma visão de mais longo prazo, a escalada da guerra regional no Oriente Médio não tem impacto direto nas principais tese de investimento em cripto”, disse ele em entrevista à EXAME.

“É importante destacar que o quarto trimestre historicamente tende a ser positivo para o mercado de criptoativos e este período coincide com o início da flexibilização monetária pelo banco Central dos EUA (Fed), que já começou sua campanha de cortes na taxa de juros norte-americana. Portanto, apesar da volatilidade de curto prazo,a tendência de alta de longo prazo no bitcoin permanece resiliente”, concordou João Galhardo, da Mynt.

No entanto, os mísseis do Irã em Israel não devem ser o último capítulo deste conflito, que ainda pode continuar escalando. Israel e Estados Unidos já prometeram uma retaliação contra o Irã, e especialistas em Relações Internacionais acreditam que uma escalada de conflito é “inevitável”.

Escalada de conflitos no Oriente Médio

“Não há dúvidas que teremos uma escalada na tensão, é muito claro isso. Até porque Israel vai ter que se defender e os Estados Unidos já disseram que vão coordenar isso com Israel. Não acho que os Estados Unidos vão entrar no conflito com pessoas, território, não haverá uma invasão, mas a disponibilização de armas para Israel vai ser uma realidade mais forte e provavelmente teremos mísseis e drones americanos sendo utilizados contra o Irã. O ponto crítico é:o conflito se alastrou no Oriente Médio e a escalada de tensão é algo inevitável atualmente”, disse Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais.

“Apesar de o ataque ter cessado, os receios sobre uma escalada no conflito permanecem, afetando a confiança dos investidores e provocando a saída de US$ 240 milhões dos ETFs de bitcoin – o maior fluxo de saída em quase um mês. No entanto, acredito que areação dos mercados pode ter sido exagerada”, disse Danilo Matos, especialista da NovaDAX, à EXAME.

“Vale dizer que o contexto atual é de um ano de eleição nos EUA, que historicamente tende a gerar ainda mais volatilidade em outubro/novembro e os mercados especulativos reagem com intensidade às incertezas, sejam elas geopolíticas ou econômicas”, acrescentou.

“Vejo oportunidades nesse cenário: se o payroll dos EUA na próxima sexta-feira for forte, acredito que poderemos observar uma recuperação nos mercados de ações, o que também pode impactar positivamente o bitcoin. Por isso que o momento de tomar decisões mais definitivas seja após as eleições americanas, quando o cenário estará mais claro. Em momentos como esse, a liquidez se torna crucial, e com o aumento de liquidez no mercado, o bitcoin deve responder positivamente no médio prazo”, concluiu Danilo.

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