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CPI sobre golpes com criptomoedas é instalada e escolhe presidente

Deputado Áureo Ribeiro, responsável por presidir a comissão, já havia informado que pretende convocar a Binance para depoimento

CPI na Câmara vai investigar golpes envolvendo criptomoedas (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

CPI na Câmara vai investigar golpes envolvendo criptomoedas (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 13 de junho de 2023 às 16h16.

Última atualização em 13 de junho de 2023 às 17h17.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) responsável por investigar pirâmides financeiras e outros crimes envolvendo criptomoedas foi oficialmente instalada nesta terça-feira, 13. Durante a sessão, o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) foi eleito presidente da comissão e estabeleceu as prioridades de trabalho dos deputados nos próximos meses.

Após a eleição, Ribeiro destacou que a CPI terá como foco "analisar os prestadores de serviço do ecossistema cripto", incluindo as corretoras e as tokenizadoras, para averiguar se elas "estão aderindo às regras que garantem a segurança dos investidores e de prevenção de crimes como lavagem de dinheiro". Ele justificou a necessidade da comissão citando também casos internacionais, incluindo a quebra do ecossistema Terra/Luna, da exchange FTX e as recentes denúncias contra a Binance nos Estados Unidos.

Esses casos "reforçam a necessidade urgente de uma supervisão mais efetiva" para o setor, na visão do parlamentar. A CPI vai averiguar se as empresas estão adotando regras padronizadas de proteção ao consumidor, incluindo a cooperação com autoridades "para identificar e interromper qualquer atividade criminosa neste país". Além das empresas, também serão convidados integrantes da CVM e do Banco Central "para compartilhar medidas planejadas e implementadas para garantir a segurança dos investidores".

"A CPI não tem intenção de sufocar o desenvolvimento do mercado de criptoativos ou criar um ambiente hostil para inovações tecnológicas", destacou o deputado. O objetivo, disse, é "fomentar um ambiente seguro e saudável, onde o potencial das criptomoedas possa ser explorado, ao mesmo tempo que protegemos os investidores e evitamos que criminosos se beneficiem das oportunidades oferecidas pelo setor".

A CPI tem previsão de término para 12 de outubro de 2023, mas ainda poderá ser estendida por mais 60 dias. Serão duas reuniões por semana, às terças e quintas-feiras. Até o momento, o relator da comissão não foi escolhido. Na semana passada, Ribeiro disse, em entrevista à EXAME, que espera a resolução da escolha do relator, que deverá ser do PL ou do PT.

O deputado também revelou que pretende protocolar uma convocação para que representantes da corretora de criptomoedas Binance compareçam na CPI. O objetivo da convocação, segundo o deputado, é "fazer a discussão" sobre as práticas da empresa e esclarecer aspectos de governança, como a gestão de fundos de clientes. Ribeiro afirmou que a CPI possui poderes para quebrar sigilos bancários e requisitar acesso às informações financeiras da empresa. Ele destacou que a convocação é uma "oportunidade de escuta" para a exchange.

"A gente tem de esclarecer, porque a CPI tem um papel pedagógico, é a maior contribuição que a gente pode fazer", afirmou Ribeiro. A ideia é questionar a Binance sobre o processo da empresa com a CVM, além de problemas no exterior, e dar clareza sobre os temas discutidos em torno das operações da empresa. "A gente não está falando que a Binance é culpada, fazendo um julgamento, mas queremos um esclarecimento, de como está sua saúde financeira, para não ter nenhuma surpresa", disse o deputado.

O deputado informou ainda que a CPI pretende abordar a criação do BFT, o fan token da CBF, para entender exatamente a lógica financeira do ativo e como se dá o seu funcionamento. Com isso, ele espera que o relatório possa contribuir para o debate sobre a regulação do setor.

Confira a lista dos deputados titulares da CPI sobre golpes com criptomoedas:

  • Abilio Brunini (PL-MT);
  • Delegado Bilynskyj (PL-SP);
  • Júnior Mano (PL-CE);
  • Luciano Vieira (PL-RJ);
  • Vinicius Gurgel (PL-AP);
  • Yury do Paredão (PL-CE);
  • Jorge Braz (Republicanos-RJ);
  • Lafayette Andrada (Republicanos-MG);
  • Acácio Favacho (MDB-AP);
  • Gutemberg Reis (MDB-RJ);
  • Eduardo Velloso (União Brasil-AC);
  • Juninho do Pneu (União Brasil-RJ);
  • Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ);
  • Dr. Francisco (PT-PI);
  • Ivoneide Caetano (PT-BA);
  • Bebeto (PP-RJ);
  • Julio Lopes (PP-RJ);
  • Aj Albuquerque (PP-CE);
  • Amom Mandel (Cidadania-AM);
  • Bruno Farias (Avante-MG);
  • Caio Vianna (PSD-RJ);
  • Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR);
  • Felipe Carreras (PSB-PE);
  • Igor Timo (Podemos-MG);
  • Márcio Jerry (PCdoB-MA);
  • Marcos Tavares (PDT-RJ)

Processos da Binance

A Binance foi processada nos Estados Unidos na semana passada. A Comissão de Valores Mobiliários do país (SEC) acusa a corretora de criptomoedas de ter ofertado ilegalmente valores mobiliários e de ter realizado ações para burlar os reguladores do país e misturar fundos de clientes com os da própria empresa.

Em março deste ano, a empresa e seu CEO, Changpeng Zhao, também foram acusados pela Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) de terem oferecido ilegalmente a seus clientes a opção de negociar contratos futuros de criptomoedas.

O processo está em andamento, mas as punições podem chegar a um cessamento das operações no país. Além disso, a empresa é investigada nos EUA por possível facilitação de lavagem de dinheiro por clientes, mas desde então afirma ter implementado medidas para coibir a prática.

No Brasil, a corretora de criptomoedas também enfrenta problemas jurídicos. Atualmente, ela negocia um termo de compromisso com a Comissão de Valores Mobiliários enquanto enfrenta um processo semelhante ao dos EUA, com acusação de ter ofertado ilegalmente contratos futuros de bitcoin. Também há um processo em andamento no Canadá.

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