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Brasileiro vai investir R$ 225 milhões para minerar bitcoin na Argentina

Empresa dá pontapé inicial para projeto de mineração de bitcoin na Argentina, com construção e reforma de gasodutos e energia suficiente para abastecer 500 mil casas

Província argentina foi escolhida para sediar operação por causa de isenção de impostos e baixo custo da energia (Westend61/Getty Images)

Província argentina foi escolhida para sediar operação por causa de isenção de impostos e baixo custo da energia (Westend61/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 3 de maio de 2022 às 12h47.

Última atualização em 3 de maio de 2022 às 14h30.

Construir e reformar mais de 50 quilômetros de gasodutos, gerar energia suficiente para abastecer 500 mil residências, adquirir 30 mil computadores e, assim, criar uma grande operação de mineração de bitcoin, capaz de gerar de 30 a 50 unidades da criptomoeda por dia. É esse o plano do brasileiro John Blount, CEO e fundador da FMI Minecraft, que pretende investir até US$ 45 milhões (R$ 225 milhões) no projeto.

(Mynt/Divulgação)

Residente em Santa Catarina, Blount já escolheu o local para a empreitada: a província de Neuquén, na Argentina. Mais precisamente na Zona Franca de Zapala, onde a empresa terá isenção de impostos e outros benefícios importantes para esse tipo de operação, como a distância de grandes centros urbanos e, mais importante, o baixo custo da energia.

“A métrica da mineração é o preço por quilowatt/hora. Na mineração sempre se fala do custo da energia, porque é o ativo mais caro da operação. Nesse projeto nós vamos ter um custo que vai ser um dos mais baratos do mundo, abaixo de 3 centavos de dólar”, explicou Blount, citando que a média global é o dobro desse valor e explicando que isso acontece pelo fato da Zona Franca de Zapala estar próxima da segunda maior reserva de gás natural do planeta, chamada de Vaca Muerta. "Não vamos tirar gás de ninguém; iremos consumir e produzir energia off-grid”, completou.

O projeto contempla a reforma das instalações de transporte de mais de 50 quilômetros de gasodutos troncais. A primeira etapa, que custará US$ 20 milhões (R$ 100 milhões), visa gerar 114 megawatts (MW) de potência e deverá ser completada no início de 2023.

Já no segundo ano a ideia é gerar até 250 MW e, em uma terceira etapa, com a construção de um gasoduto desde Añelo até a Zona Franca de Zapala, o objetivo é chegar a 1 gigawatt (GW) de energia. Como referência, a cidade de Neuquén, capital da província de mesmo nome, tem quase 250 mil habitantes e consome 250 MW, segundo dados da empresa.

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A mineração de criptomoedas é o processo de validação e inclusão de novas transações no blockchain — banco de dados público que registra o histórico de movimentações dos usuários. Como resultado, novas moedas digitais são criadas.

A mineração é realizada usando hardwares sofisticados, que resolvem problemas matemáticos computacionais extremamente complexos. O primeiro computador a encontrar a solução do problema recebe o próximo bloco de bitcoins e, assim, o processo recomeça. Os computadores também recebem recompensas por completar a tarefa.

Assim, considerada a meta de geração de 30 a 50 bitcoins por dia, mais as taxas de transação, a perspectiva da empresa é que, quando o projeto estiver em pleno funcionamento, a operação renda, pela cotação atual da criptomoeda, quase US$ 2 milhões (R$ 10 milhões) por dia em receita bruta.

Deste valor, ainda é necessário descontar os custos da operação, como consumo energético, manutenção e resfriamento dos equipamentos, instalações, funcionários, entre outros. Além disso, é importante considerar o alto custo dos computadores utilizados no processo, que a empresa estima em US$ 8 mil cada um.

Segundo John Blount, o apoio do governo argentino foi fundamental para o pontapé inicial do projeto, já que a construção e reforma dos gasodutos, apesar de realizada por empresas privadas, depende de concessões públicas.

O executivo também acredita que o desenvolvimento da operação pode ter impactos no Brasil: “Essa oportunidade pode fortalecer o apoio de países na América Latina a bitcoins e à mineração. Fato que também favorece a criação de mais empregos, o aumento de receita e promove incetivo ao projeto de lei envolvendo o ramo das criptomoedas no Brasil. É um passo para demonstrar que esse movimento na América Latina tem tudo para se consolidar cada vez mais”.

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