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BlackRock lança ETF de ether no Brasil após estreia no mercado dos EUA

Maior gestora do mundo anunciou estreia de BDRs de fundo negociado em bolsa lançado nos Estados Unidos em julho

BlackRock lançou ETFs de bitcoin e ether nos EUA (Bloomberg/Bloomberg)

BlackRock lançou ETFs de bitcoin e ether nos EUA (Bloomberg/Bloomberg)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 14h02.

A BlackRock anunciou nesta terça-feira, 27, o lançamento de BDRs (recibos de ação negociado em bolsa) do seu ETF de ether lançado nos Estados Unidos em julho deste ano. De acordo com a gestora, o novo produto será lançado no mercado brasileiro na próxima quarta-feira, 28, com o ticker ETHA39.

Em um encontro com jornalistas, Cristiano Castro, diretor da BlackRock no Brasil, explicou que o BDR deverá ter um preço por cota de participação no fundo na proporção de 1 para 3 em relação aos Estados Unidos. Por isso, a expectativa é que o preço por cota no dia do lançamento varie entre R$ 40 e R$ 50.

O BDR também vai seguir a estratégia da gestora de cortar temporariamente pela metade a taxa de administração do ETF, indo de 0,25% ao ano para 0,12%. O corte será válido até o fim de 2024 ou até que o ETF de ether chegue à marca de US$ 2,5 bilhões em ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês).

Segundo Castro, o lançamento reflete uma percepção da BlackRock de demanda pelo produto entre investidores brasileiros. Ele destacou que a estratégia da gestora, a maior do mundo em AUM, é a de lançar primeiro os ETFs nos Estados Unidos e, havendo interesse entre investidores, os BDRs no Brasil. Foi o caso do seu ETF de bitcoin, que ganhou um BDR em fevereiro deste ano.

Por isso, a BlackRock não tem planos de lançar primeiro no Brasil um ETF multiativos com várias criptomoedas, algo já possível no mercado brasileiro mas que não foi autorizado pela SEC, o regulador norte-americano. "A estratégia é alavancar a parceria com a B3 e fazer sempre a listagem via BDRs. Não temos opinião formada sobre criptoativos, o que queremos é dar acesso aos clientes, nosso comprometimento é em atender essa demanda", disse Castro.

Na visão do executivo, a demanda de investidores por canais de acesso ao ether e à Ethereum envolve uma combinação de fatores, incluindo a posição do blockchain como o maior para contratos inteligentes, sua constituição de código aberto, descentralização, potencial com tokens não-fungíveis (NFTs) e o dinamismo da plataforma, com a chamada proof-of-stake e o staking gerando uma rede com "menor consumo de energia e facilidade de acesso".

O diretor da BlackRock comentou, por outro lado, que a realização de staking com os ethers adquiridos pelos ETFs realmente está inviabilizada no momento, já que a prática poderia levar a uma classificação dos produtos como valores mobiliários e impossibilitar os ETFs. A retirada do staking foi exatamente um dos elementos que antecedeu a aprovação dos pedidos de lançamento dos fundos pela SEC.

ETFs da BlackRock no Brasil

Castro destacou ainda que os ETFs possuem vantagens que acabam atraindo os investidores, inclusive aqueles com interesse nas criptomoedas mas que nunca realizaram investimentos. Há, ainda, uma "chancela da BlackRock com esse instrumento. Nosso cliente já conhece nossa plataforma, nossa governança. Temos 1,3 mil ETFs globalmente", destacou.

Ele ponderou, porém, que os investidores de varejo ainda tem mais engajamento com os fundos de cripto que os institucionais. No ETF de bitcoin, por exemplo, eles respondem por até 80% do volume diário movimentado. Mesmo assim, ele não descarta que o interesse crescente dos institucionais nesses ETFs resulte, no futuro, em uma superação das corretoras de criptomoedas como grandes pontos de investimento em cripto.

"Acredito que a vantagem do acesso facilita que esse volume seja crescente e de forma exponencial, mas depende muito porque a adoção de clientes institucionais envolve mover um volume muito grande, depende de pra qual lado o mercado vai e como vai amadurecer. Se ele amadurecer, acho possível que o volume negociado em ETFs supere o de exchanges, mas depende da postura dos institucionais", explicou.

"A gente dança conforme a música. Hoje, a demanda [dos institucionais] ainda é pequena, mas quando fomos atrás de montar essa plataforma, havia a demanda da pessoa física e interesse dos institucionais de saber mais. Fizemos nossa parte, depende deles tomarem essa decisão se faz parte da ambição de incluir nos portfólios", comentou.

Além dos ETFs de criptomoedas, Castro compartilhou o interesse da gestora em expandir a quantidade de BDRs dos seus ETFs na Bolsa de Valores: "A facilidade da criação de BDRs pela B3 dá uma facilidade enorme pra isso. É só o começo, temos 1,3 mil ETFs globalmente e hoje temos 150 BDRs deles. Quero chegar a 70%, 80% dos ETFs oferecidos com BDRs".

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