Binance é a maior corretora de criptomoedas do mundo (Binance/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 18h50.
A corretora de criptomoedas Binance realizou nos últimos dias uma terceira rodada de demissões em 2023, de acordo com informações compartilhadas para a EXAME por fontes que preferiram manter o anonimato. O movimento marca uma mudança nas políticas de contratação da exchange, que é a maior do mundo e passa por um 2023 adverso.
As primeiras demissões anunciadas pela exchange ocorreram em julho deste ano. À época, a empresa afirmou que os cortes poderiam chegar a até três mil funcionários e estavam ocorrendo a nível global, sem um país em específico. Já em agosto, novos cortes foram revelados pelo site Cointelegraph, mas sem acesso ao total de demissões.
Assim como naquela ocasião, a Binance não confirmou os cortes ou informou o número de profissionais desligados. Em nota enviada à EXAME, a corretora afirmou que "nos últimos 6 anos, crescemos de uma equipe de 30 pessoas para um time com milhares de funcionários talentosos ao redor do mundo".
"À medida que nos preparamos para o próximo grande ciclo de alta, continuamos focados em ter uma organização ágil e dinâmica para atender da melhor forma nossos mais de 150 milhões de usuários registrados. Queremos assegurar que temos os talentos e a expertise certos nos cargos críticos em todas as áreas", destacou a corretora de criptomoedas.
Se os cortes de funcionários são uma novidade para a Binance em 2023, o quadro não é uma novidade para o mercado cripto como um todo. As demissões se intensificaram em 2022 devido ao "inverno cripto" e às falências de empresas. A quebra da FTX deu ainda mais força para o movimento. Entretanto, à época, a Binance manteve uma política de contratações.
Os cortes ocorrem ao mesmo tempo em que a exchange tem reduzido a sua fatia de mercado, apesar de ainda ser a líder no setor. Dados divulgados pela empresa CCData apontam que a Binance teve a sétima queda consecutiva de market share em setembro, passando a ser responsável por 34,3% de todo o volume negociado no mercado à vista.
O número contrasta com um total maior, registrado em janeiro de 2023, de 55,2%. Desde fevereiro, porém, essa fatia está em queda. Já dados reunidos pelo CoinGecko também mostram um recuo, mas menor: considerando o levantamento até junho, a Binance seria responsável por 51,67% de todo o volume negociado.
Apesar da divergência nos valores, os dois levantamentos traçam o mesmo panorama: uma queda na participação de mercado, e no volume total negociado por clientes, a partir de março. O quadro deu origem a rumores entre investidores sobre possíveis problemas financeiros que a Binance estaria enfrentando. Mas o CEO da companhia negou essa possibilidade.
Changpeng Zhao destacou que os rumores giram em torno de "muitas notícias e rumores negativos", incluindo "ondas de saques de clientes, processos judiciais, fechamento de canais de conversão fiduciária, fim de produtos, demissões e saídas de mercados". Por outro lado, o executivo reforçou que "todos os os saques [e depósitos] são tratados adequadamente. Todos os fundos dos clientes estão seguros e 100% protegidos por reservados".
A afirmação é corroborada pelos dados de reservas divulgados pela exchange nos últimos meses, desde o colapso da rival FTX por falta de liquidez em novembro de 2022. Além disso, apesar de ter registrado picos de pedidos de retiras de fundos desde novembro de 2022, em nenhum momento a Binance registrou problemas com liquidez ou falta de reservas, demonstrando uma robustez que contrariou céticos em relação à companhia.
Os dados refletem um período turbulento para a Binance. Mesmo assim, a corretora de criptomoedas teve algumas conquistas positivas nos últimos meses: superou a marca de 150 milhões de usuários e obteve licenças de operação em mercados como o Japão e os Emirados Árabes Unidos.
A Binance também se tornou alvo de um processo em andamento no Canadá, mas a empresa já havia anunciado que decidiu encerrar as operações no país após a aprovação de uma nova regulamentação para o mercado cripto. Além disso, a empresa estaria sendo investigada por autoridades da França. No Brasil, a corretora de criptomoedas também enfrenta problemas jurídicos.
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