O mercado de criptomoedas tem tido um desempenho positivo neste início de 2023, com um movimento de recuperação de parte das fortes perdas registradas ao longo de 2022. Agora, o mês de março promete ser um dos mais importantes para determinar a trajetória dos criptoativos no curto prazo, com novidades tanto no cenário macroeconômico quanto em projetos relevantes do setor.

Os investidores acabaram sendo mais cautelosos em fevereiro do que em janeiro, com uma investida da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) e novos dados sobre a economia norte-americana alimentando uma aversão a riscos. Mesmo assim, a maior parte dos principais projetos do mercado encerram o mês com valorização.

Agora, o mercado ficará atento à próxima reunião de juros do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Caso a autarquia sinalize que a inflação do país iniciou uma trajetória de queda e que o ciclo atual de alta de juros poderá terminar em breve, a tendência é que ativos considerados de risco, como as criptomoedas, atraiam investimentos, em um movimento similar ao de janeiro.

Além disso, o setor deverá contar com uma atualização importante da rede Ethereum, cujo sucesso e consequências deverão influenciar não apenas o desempenho da sua cripto nativa, o ether, mas também de uma série de ativos associados a um dos blockchains mais importantes do mercado atualmente.  Confira as criptomoedas citadas por especialistas à EXAME para ficar de olho neste mês!

Ether

Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, acredita que a criptomoeda nativa da Ethereum poderá enfrentar uma volatilidade maior em março devido à proximidade da Shanghai, a próxima grande atualização prevista para a rede. Desenvolvedores do projeto afirmaram que ela deve ocorrer ainda neste mês, e ela permitirá o início dos saques de ethers depositados como parte do novo mecanismo de consenso do blockchain.

Após a atualização "The Merge", em setembro de 2022, o mecanismo passou a ser de prova de participação, ou proof-of-stake. Nele, interessados em se tornar validadores de transações e obter as recompensas com a atividade precisam depositar uma determinada quantidade de ether, uma operação chamada de staking. Até o momento, não é possível sacar esse valor, e nem as recompensas obtidas.

"Há perspectivas positivas, no sentido de que poderá haver um aumento de adoção do staking na Ethereum no médio e longo prazo, mas também há dúvidas em relação ao comportamento do token no curto prazo, já que pode haver um movimento de receio do mercado devido à aparente possibilidade de despejo de ether no mercado para realização de lucros", explica Ferreira.

Cardano

Para João Kamradt, head de pesquisa e investimentos da Viden Ventures, a ada, criptomoeda nativa do blockchain Cardano, merece atenção ao longo do mês de março. Ele destaca que a rede possui uma "forte comunidade" de usuários e é "muito conhecida do público brasileiro". Além disso, ela teve recentemente um "consistente aumento de interesse" dos investidores.

Kamradt atribui esse crescimento ao lançamento da sua stablecoin própria atrelada ao dólar, o Djed, que ocorreu no início de fevereiro deste ano. "Esse dado, somado ao fato de que a rede é a que registrou a maior atividade no GitHub, um bom termômetro para o desenvolvimento de aplicações, na última semana de fevereiro, mostra que há muito interesse na rede, que está perto de receber centenas de novas aplicações", observa.

"Além disso, a ada está entre as dez maiores criptomoedas em capitalização de mercado e a rede Cardano concluiu a poucos dias a atualização Valentine, que deve justamente facilitar o acesso a dApps [aplicativos] de finanças descentralizadas", destaca o executivo.

Polkadot

Já Alexandre Lin, country manager da corretora de criptomoedas TruBit, acredita que o dot, criptomoeda do blockchain Polkadot, demandará atenção dos investidores em março. O projeto serve como uma espécie de ponte entre blockchains, permitindo a realização de transações e troca de mensagens entre elas sem o uso de um intermediário externo.

Ele destaca que o dot está atualmente "no topo da lista de atividades de desenvolvimento de ativos", o que demonstra uma expansão das suas aplicações e também um potencial de adesão maior por parte do mercado. Além disso, ele acredita que o ativo está perto de reverter uma tendência atual de queda nos últimos dias, abrindo margem para valorização.

Lido

A atualização da Ethereum em março também deve impactar diretamente as criptomoedas associadas ao chamado Liquid Staking. Elas são usadas como tokens de governança, dando poder de voto e decisório, em redes formadas por validadores individuais do blockchain que se reuniram como uma forma de aumentar a força e poder dentro do processo de validação.

Dentre essas criptomoedas, a maior e mais importante é o Lido DAO. Ferreira, da Titanium Asset, acredita que o setor "deve ser movimentado e ganhar popularidade após a chegada da atualização Shanghai da Ethereum, que destravará os tokens de ether que estão em staking na rede e que poderão ser movimentados".

Stacks

O STX, criptomoeda nativa do blockchain de segunda camada Stacks, teve o segundo melhor desempenho entre os 100 maiores projetos em fevereiro, com uma alta superior a 250%. E Kamradt, da Viden Ventures, acredita que ainda será importante observar o comportamento do ativo e dos seus investidores ao longo deste mês.

"O Stacks é uma plataforma que está por trás de aplicativos descentralizados (dApps) e smart contracts mais seguros e flexíveis para a rede Bitcoin, tornando possível que dApps executem mais operações na rede. O Stacks ganhou alguma notoriedade recentemente por causa do hype em torno do Bitcoin Ordinals, os NFTs da rede Bitcoin", explica o analista. Por isso, será importante observar se a popularidade da criptomoeda se manterá no curto prazo ou se ela perderá espaço.

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