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Novo Quarteto Fantástico é melhor do que anteriores, mas continua com falhas graves

Não dá para dizer, contudo, que a franquia é um caso perdido

quarteto (Divulgação)

quarteto (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2015 às 08h21.

Se nos quadrinhos o Quarteto Fantástico é uma das mais importantes criações da história Marvel, não dá para dizer o mesmo da equipe nos cinemas. Foram três tentativas de levá-los às telonas, e nenhuma conseguiu ser digna da importância dos personagens para a Casa das Ideias. A primeira, de 1994, nem chegou a ser lançada de tão ruim. A segunda, de 2005, tinha efeitos especiais melhores, mas a nota 27 de 100 no agregador de críticas Rotten Tomatoes mostra que a situação não mudou muito. E a terceira, de 2007, tentou usar o Surfista Prateado como chamariz e também falhou miseravelmente em cativar. Mas a Fox, que detém os direitos de produção para longas-metragens dos personagens, não desistiu – afinal, foram tantos erros nas tentativas anteriores que a quarta não poderia dar errado, certo? Não exatamente.

Assim como o recente O Espetacular Homem-Aranha, o novo Quarteto Fantástico funciona como um reboot para a história dos personagens. Temos novos atores, carismáticos e mais jovens, interpretando os quatro heróis e o vilão. Um enredo que conta a origem dos poderes dos cinco personagens principais. A história começa com um Reed Richards, o futuro Sr. Fantástico, ainda garoto, responsável por criar, antes dos 10 anos e na garagem de sua casa, um teletransportador intergaláctico, contando para isso com a ajuda de seu amigo Ben Grimm, o futuro Coisa. Os dois crescem juntos, e na fase adulta são interpretadas por Milles Teller (Whiplash) e Jamie Bell (As Aventuras de Tintim).

Ambos acabam separados quando Richards ganha uma bolsa para estudar na Fundação Baxter. É no local que o protagonista conhece seus futuros parceiros de equipe Sue (Kate Mara, de House of Cards) e Johnny Storm (Michael B. Jordan, de Poder sem Limites), os futuros Mulher Invisível e Tocha Humana, e o antagonista na trama Victor von Doom (Toby Kebbell, de Planeta dos Macacos: O Confronto), um cientista ranzinza que não vê nada de positivo na humanidade e se torna mais para frente o Doutor Destino. Nada, portanto, de ditadores da Latveria, como é nas HQs. A nação fictícia só aparece em um dos documentos de von Doom.

Os quatro são colocados para trabalhar juntos no desenvolvimento de uma versão maior (e sem falhas) da invenção de Richards, e também são eles – e Ben – os primeiros humanos a utilizá-la para viajar a outra dimensão. O restante da história você já deve até saber: como no primeiro filme, um acidente acaba dando a eles seus poderes. Isso faz com que, na volta da viagem, quase todos do grupo virem objeto de estudo do exército dos EUA, que depende do quarteto mutante para deter a ameaça do vilão Dr. Destino.

É, em resumo, uma história longa que fica mal distribuída dentro do pouco mais de 1h40min de filme. E é este o grande problema da obra. As apresentações dos personagens, as mudanças e o desenvolvimento das relações e da máquina de viagem interdimensional ocupam pelo menos metade da trama, e tudo até aqui acontece em um bom passo.

A reviravolta e as maçantes cenas com os experimentos militares, por sua vez, pegam pelo menos um quarto da obra – um exagero, que quebra o bom ritmo anterior. E o que sobra para o surgimento do Dr. Destino, para a batalha final e para o desfecho? Pouco mais de 20 minutos, que acabam deixando a parte mais importante do longa-metragem espremida e forçando-a a ser contada de forma exageradamente acelerada. O filme, em resumo, acaba por se parecer mais com um trailer de quase 2h do que com uma obra completa.

Essa última quebra de ritmo não é o único problema da parte final da obra. Por ser rápida, a batalha com o principal vilão da história do Quarteto Fantástico não tem praticamente nada de emoção ou tensão, e ainda acontece em um cenário dos menos memoráveis. A motivação para o antagonista destruiur a Terra também fica longe de ser convincente e seu plano para alcançar o objetivo é executado de maneira acelerada e estapafúrdia.

Fica até difícil não acreditar que tudo foi apertado para que a produção fosse finalizada logo, reforçando rumores de bastidores conturbados. Segundo uma reportagem do site Hollywood Reporter, o diretor Josh Trank não teve a melhor das relações com a Fox e com sua equipe, e um porta-voz do estúdio chegou a admitir que a produção realmente passou por problemas – que a fizeram ser refilmada algumas vezes.

Não dá para dizer, contudo, que a franquia é um caso perdido. Apesar de tudo, há sim pontos que se salvam. Mesmo fugindo da história das HQs, a trama não começa ruim – as cenas com os jovens Reed e Ben lembram partes do ótimo Super 8, de J.J. Abrams, por exemplo. Os atores das versões adultas dos personagens funcionam muito bem, e nota-se inclusive uma boa química entre Reed e seus colegas.

Até sua metade, na verdade, o longa-metragem chega a interessar por não se desenrolar como uma obra de super-herói típica. O restante da trama, no entanto, consegue colocar tudo isso a perder. Uma provável mudança de direção aliada à manuntenção do elenco atual pode fazer com que a sequência, prometida para janeiro de 2017, explore melhor seu potencial.

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