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Festival de Cinema de Tribeca troca multidões por transmissões online

Pela primeira vez desde 2002, festival de cinema independente mudou formato de exibição diante da pandemia do coronavírus

Nova York: festival foi criado após os ataques de 11 de setembro (View Press/Getty Images)

Nova York: festival foi criado após os ataques de 11 de setembro (View Press/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 15 de abril de 2020 às 07h23.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 07h24.

Em 2002, Nova York ainda se recuperava do trauma dos ataques de 11 de setembro. Naquele ano, a tragédia – e a luta para superá-la – inspirou o ator Robert De Niro, a produtora Jane Rosenthal e o filantropo e investidor Craig Hatkoff a criar o Tribeca Film Festival, festival para celebrar o cinema independente e o espírito criativo da cidade e de seus pequenos empreendedores.

O nome veio do local escolhido para o evento: o bairro de Tribeca, em Lower Manhattan, exatamente onde ficavam as Torres Gêmeas.

Rapidamente, o Festival de Tribeca, com premiações, bolsas de estudo e trabalho e rodadas de negociações para aproximar jovens cineastas e investidores, ganhou nome no competitivo mundo cinematográfico e fortaleceu o cinema indie, ao lado do mais tradicional Sundance Festival.

Agora, dezoito anos depois, o festival que nasceu “das cinzas” precisa encontrar meios de existência frente a uma nova crise: a pandemia do novo coronavírus. A doença já matou quase onze mil no estado de Nova York. Oito mil apenas na cidade de Nova York.

Previsto para começar hoje (15), antes da pandemia e da quarentena, o festival agora começa na sexta-feira (17), totalmente online. Os filmes em competição estarão disponíveis online para a imprensa, e o júri, que seleciona vencedores em diversas categorias está mantido, com grandes nomes como Danny Boyle, William Hurt, Rebeca Hall e Judith Grodèche. Mas as reuniões do júri, claro, serão por videoconferência.

Já para seu segmento imersivo chamado “Cinema360”, o festival colocará online quinze filmes em realidade virtual, em programas de 30 a 40 minutos, disponibilizado em parceria com o Oculus, do Facebook, empresa de VR do grupo.

Estes filmes ficarão disponíveis até 26 de abril e poderão ser acessados pelo público em geral. O festival também está publicando, em seu site, curtas metragens diários, com a ideia de deixar cada dia de quarentena menos solitário. Também disponíveis para qualquer interessado.

Para manter a organização da seleção de filmes, como se fosse no festival “in loco”, o Tribeca colocará os filmes em competição disponíveis no site nas mesmas datas que estariam passando em Nova York, em situação normal. Assim, cineastas poderão manter as negociações com interessados em comprar e distribuir os filmes. Fora isso, a produtora Jane Rosenthal ainda espera ter uma versão “normal” do Tribeca no fim de 2020. Mas seria um “festival diferente”, diz, não apenas uma repetição do que acontecerá agora online.

Sundance escapou de ser cancelado porque aconteceu em janeiro, quando a pandemia não tomara conta do mundo nem forçara uma quarentena geral, mas outros não tiveram a mesma sorte. O SXSW, em Austin (Texas), cancelou a edição de 2020. A ideia, agora, é passar uma seleção de filmes no Amazon Prime Video durante dez dias.

Já o maior de todos os festivais de cinema, o de Cannes, primeiro adiou a edição desse ano, do tradicional maio para junho ou julho. Agora, diante da situação que continua grave na Itália e na França, disse que também não será em junho, mas em data ainda a ser definida. Ou seja: a chance dele não ocorrer este ano é grande.

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