Nova camisa do Brasil: CBF tem possibilidade de trocar de fornecedora de material esportivo em 2027, e recebeu propostas com valores recorde (Catherine Ivill/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 8 de maio de 2024 às 16h10.
Última atualização em 8 de maio de 2024 às 16h30.
Com a possibilidade de assinar com outra fornecedora de materiais esportivos a partir de 2027, a seleção brasileira poderá ter a camisa mais valiosa do mundo, contando clubes e seleções. As propostas podem chegar aos US$ 175 milhões, valor cinco vezes maior que o atual contrato da entidade com a empresa americana Nike (US$ 35 milhões). No momento, as duas marcas mais cotadas para assumir o uniforme são Adidas e Puma.
Brasileirão deve ter jogos adiados devido às enchentes no RS; veja mudançasPossível nova fornecedora da camisa Canarinho, a Adidas inclusive tenta recuperar uma seleção de prestígio após perder a parceria com a Alemanha, que terá a Nike como fornecedora a partir de 2027. Apesar de valores não terem sido divulgados, é entendido que a proposta americana foi muito superior à alemã, seguindo a tendência de obter recursos cada vez maiores com as seleções.
“A abrangência internacional que as seleções possuem é um fator de muita atratividade para as marcas. Por mais que o futebol possa não ser o esporte principal de todos os países, é a modalidade mais famosa do mundo, portanto, as nações sempre contarão com uma alta quantidade de fãs. Não só isso, mas também o fato de reunir os melhores jogadores e disputar competições de alto nível, torna o produto mais atrativo. A prova disso é que não é incomum ver pessoas usando uniformes de outros países, mas isso não acontece no âmbito dos clubes, por exemplo. Por isso, as camisas de times nacionais acabam sendo mais valorizadas”, explica Artur Mahmoud, diretor de negócios da End to End.
Diante deste cenário, o Brasil poderia superar a França — atual líder em valor de camisas entre as seleções — e até o Real Madrid, dono da camisa mais valiosa entre os clubes. A renovação com a Nike garantiu à Federação Francesa uma quantia de US$ 107 milhões por ano até 2034. Já o time espanhol recebe um total de US$ 129 milhões anuais da Adidas, e tem contrato até 2028.
Para o especialista em marketing esportivo e CEO da agência Heatmap, Renê Salviano, a valorização da amarelinha é consequência da influência que a seleção exerce no mundo. “O Brasil é o único país pentacampeão do mundo, o que por si só já credita a seleção a ter a camisa mais valiosa. Fora isso, temos o costume de exportar jogadores para a Europa, que por muitas vezes se consolidam e figuram entre os melhores do mundo. Em razão desses fatores, o país continua em evidência no cenário futebolístico mundial e segue cotado como favorito em grandes competições”, comenta Renê.
Atualmente, o Brasil tem apenas a quarta camisa mais valiosa entre as seleções, ficando atrás de França (Nike), Alemanha (Adidas) e Inglaterra (Nike). O trio recebe, respectivamente, US$ 107 milhões, US$ 56 milhões e US$ 44 milhões anualmente. Dentre essas, a Inglaterra é a única sem títulos relevantes recentes.
“Vários fatores contribuem para o aumento dos valores pagos pelas fornecedoras às federações, como a competitividade entre marcas concorrentes. A camisa de uma seleção é uma das maiores conexões entre torcida, esporte e até moda. Com a internacionalização das marcas, levando o consumo para além das fronteiras geográficas, e o aumento do valor da exibição em eventos, a tendência é que esses números cresçam ainda mais diante da enorme demanda”, relata Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.
O grande atrativo da proposta feita à CBF, além dos grandes valores, é o pagamento de royalties sobre a venda de camisas da seleção. A oferta ainda inclui a abertura de lojas e participação na comercialização, algo nunca feito pela Nike e rejeitado em contratos recentes.
“A seleção brasileira, maior campeã do mundo, é um ativo com visibilidade global que gera sempre grande interesse dos grandes players do mercado. Se tornar o fornecedor de material esportivo é ter a oportunidade de usufruir de atributos intangíveis, além de retorno comercial gigante”, comenta Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports.