Equipe do interior de São Paulo faz foto oficial antes do jogo contra o Santos na Vila Belmiro (Ricardo Moreira/Getty Images)
Repórter
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 06h22.
Em 2024, o Mirassol disputava a Série B e teve um faturamento de R$ 60 milhões em todo o ano, envolvendo direitos de transmissão e patrocínios. Agora, em 2025, o cenário é completamente diferente. Somente com premiações, o clube do interior paulista vai receber praticamente o mesmo valor do total da temporada passada.
No Campeonato Brasileiro, a equipe já assegurou a 4ª posição, o que garante vaga direta para a Libertadores de 2026, uma missão quase impossível para um time que jamais havia disputado a divisão de elite do futebol brasileiro.
Os clubes participantes da fase de grupos do torneio interclubes mais importante das Américas devem receber mais de R$ 16 milhões fixos, o que deve levar o Mirassol aos mesmos valores de todo o ano de 2024, isso contando apenas a premiação.
Os clubes brasileiros nunca arrecadaram tanto com premiações relacionadas às competições em 2025 - um total de R$ 1,81 bilhão destinados a 146 equipes das Séries A, B, C e D ou que não têm divisão, mas disputaram campeonatos regionais oficiais.
Entre os clubes que mais ganharam prêmios em 2025 está o Fluminense, com R$ 362,6 milhões (sendo R$ 324,4 somente com a Copa do Mundo de Clubes). Logo depois vem o Flamengo, com R$ 342,3 milhões (R$ 147,7 milhões na Copa do Mundo); pelo Palmeiras, com R$ 311,9 milhões (R$ 212,4 milhões na Copa do Mundo), e Botafogo, com R$ 193,6 milhões (R$ 142,4 milhões na Copa do Mundo).
O Mirassol até o momento aparece entre os últimos, apenas na 132ª posição, com R$ 400 mil. Porém, com 4ª posição do Campeonato Brasileiro garantida, deve saltar para até R$ 45 milhões e figurar no Top-10 do país, que atualmente ainda conta com Bahia (R$ 46 milhões), São Paulo (R$ 45,8 milhões), Atlético-MG (R$ 44,6 milhões), Corinthians (R$ 37,5 milhões), Internacional (R$ 33,8 milhões) e Vasco (R$ 32,7 milhões).
Os valores totais correspondem às premiações da Copa do Mundo de Clubes, Copa Libertadores, Copa Sul-Americana, Recopa, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Supercopa, Copa do Nordeste, Copa Verde e Estaduais.
Para Moises Assayag, Sócio-Diretor da Channel Associados e especialista em finanças no esporte, o Mirassol é mais um exemplo de clubes que estão colocando a organização fora de campo como prioridade. Para ele, os frutos não são colhidos por acaso.
“Como o Ferran Soriano, CEO do Grupo City e ex-Diretor do Barcelona, descreveu bem em seu livro: a bola não entra por acaso. Antes de se pensar em resultados ou títulos, é preciso ter organização e planejamento. É fundamental ter uma estrutura por trás que passa necessariamente por uma gestão eficiente e pelo bom direcionamento de investimentos, desde que faça sentido com a visão do clube e de seus torcedores. Com uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, o Mirassol está provando que essa máxima do futebol é muito verdadeira”, afirma o economista.
Torcida do Mirassol faz festa fora do estádio Maião antes de partida contra o Palmeiras (Ranier Moura/Sports Press Photo/Getty Images)
A virada de chave veio com a venda do atacante Luiz Araújo do São Paulo para o Lille, da França, já que o Mirassol tinha 30% dos direitos econômicos e embolsou quase R$ 8 milhões com a negociação, em 2018, ano em que o CT foi inaugurado. Uma das inspirações foi a Academia de Futebol do Palmeiras, considerado um dos centros de treinamento mais modernos do mundo.
No final do ano passado, quando estava perto do acesso, o Mirassol comprou uma câmara de flutuação (que promove relaxamento, redução de estresse, melhora do sono e recuperação muscular) e se tornou o segundo da América Latina a ter este equipamento - o Flamengo também havia comprado um do mesmo modelo.
Para a estreia no Brasileirão, o clube anunciou investimentos de R$ 8 milhões em reformas no estádio José Maria de Campos Maia, o Maião, incluindo as fachadas, setor de camarotes e cabines de imprensa, além de tecnologia de reconhecimento facial nas entradas, substituição do alambrado por proteção de vidro, reforma dos banheiros e melhoria na iluminação do campo.
Entre os 20 clubes da Série A, o Mirassol tem a segunda menor folha salarial do elenco, em valores estimados em R$ 5 milhões, ficando à frente apenas do Juventude, com R$ 3 milhões.
O clube viu suas receitas aumentarem com a chegada de novos patrocínios. Atualmente, eles representam cerca de R$ 15 milhões por ano, importantes para manterem os pagamentos dos atletas e funcionários em dia, além da modernização com estrutura.
Uma das mais importantes neste processo foi a empresa 7k, quando ainda na Série C do Brasileirão, que apostou na força de crescimento do Mirassol. Ocupando o espaço logo abaixo do máster, a 7k enxergou no time do interior paulista propósitos parecidos aos seus.
“Estamos completando quase três anos de uma parceria construída sobre confiança, resultados e propósito. Quando decidimos apoiar o Mirassol, o clube estava em ascensão para a Série B e demonstrava uma gestão moderna, transparente e altamente profissional, exatamente o tipo de projeto com o qual gostamos de nos associar. Hoje, ver o Mirassol competindo de igual para igual com os grandes da Série A confirma a assertividade da nossa visão estratégica. Esse crescimento mostra o quanto o interior de São Paulo tem se tornado uma potência em gestão e negócios”, aponta Nickolas Tadeu Ribeiro de Campos, fundador e Presidente do Conselho da Ana Gaming, holding que gere as marcas 7K, Cassino e Vera.
Além da 7K, o Mirassol tem como parceiros a Guaraná Poty, a Ecori Energia Solar, a Kodilar, referência na indústria alimentícia, a Ruiz Coffees, a marca Atacadão Pisos e a ITS Brasil, todas elas no uniforme da equipe.