Esporte

Com Arábia em destaque, janela de transferência soma crescimento de R$ 1,5 bilhões

No futebol brasileiro, próxima tratativa tem início no dia 3 de julho e vai até 2 de agosto

O aporte financeiro para seduzir os astros virá do Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita que adquiriu os quatro maiores clubes locais (Instagram/Reprodução)

O aporte financeiro para seduzir os astros virá do Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita que adquiriu os quatro maiores clubes locais (Instagram/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 30 de junho de 2023 às 13h50.

O mercado da bola segue em constante movimentação na composição dos elencos para os próximos períodos. No ano passado, a temporada 2022/23 transferiu US$ 752 milhões de euros (R$3,8 bilhões). Já neste ano, para a temporada 2023/24, a marca ultrapassou US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões), o que corresponde a um crescimento de R$ 1,5 bilhões antes da abertura da próxima janela.

O Brasil, por sua vez, só adere o método de transações internacionais neste processo de negociação, uma vez que a transferência entre clubes do país acontece em qualquer momento do ano. Até então, o faturamento com atletas brasileiros chega a US$ 78,6 milhões (R$ 413,8 milhões) e representa cerca de 7% do valor total.

Para Thiago Freitas, responsável técnico da TFM Agency, agência esportiva que representa atletas de futebol de alto rendimento na gestão de suas carreiras, “o que essa janela traz de mais interessante, se não é a entrada de um novo demandante, é a radical mudança do perfil representado pela entidade estatal saudita que assumiu o controle dos principais clubes do país e iniciou um processo de pagamento de valores nunca antes pagos”.

Liga Saudita se destaca com contratações no mercado

Assim como já aconteceu com os mercados do Japão, Estados Unidos e China, desta vez quem dá as cartas é o futebol saudita, que está em destaque após a contratação de Cristiano Ronaldo, Benzema e pela procura de outros grandes nomes para fortalecer as equipes locais. O propósito da família real na Arábia Saudita é aumentar a receita da liga profissional levando-a a US$489 milhões (R$2,3 bilhões) em 2030. Atualmente, o valor encontra-se em US$120 milhões (R$573 milhões).

O termômetro para a ampliação desta estratégia teve como inspiração a contratação do astro Cristiano Ronaldo. Foi ele quem abriu as portas ao assinar um vínculo até 2025 com o Al-Nassr, em dezembro passado, em um acordo que prevê ganhos de quase 200 milhões de euros (R$ 1,09 bilhão) por ano, entre salário e acordos de publicidade para o português.

"Esse movimento saudita, que é parte de um enorme processo de expansão de atividades culturais e esportivas no país, que vislumbra mudança ao longo de décadas do fluxo de estrangeiros no país, não gera consequências apenas nos orçamentos dos clubes sauditas e dos atletas que contratam, mas impactam toda a "pirâmide" do futebol europeu, pois quando um clube europeu recebe um valor, digamos, não esperado, pela transferência de um atleta que já não é uma jovem promessa, parte considerável desse recurso tende a ser destinado para a substituição desse profissional, e um efeito multiplicador do ingresso desse dinheiro se inicia, como que em uma "cadeia alimentar" na qual quem perdeu inicialmente atletas para os clubes sauditas vai buscar nos de patamar ligeiramente inferior seus substitutos, e assim por diante", complementa Thiago Freitas, responsável técnico da TFM Agency.

A liga saudita também ganhou notoriedade. Antes transmitida somente no Oriente Médio, a competição fechou um acordo com a IMG, que repassou os direitos de transmissão para mais de 36 emissoras espalhadas ao redor do mundo atingindo 15 países diferentes.

O segundo nome certo é o do atacante francês Karim Benzema, que na última temporada defendeu o Real Madrid. Ele foi contratado pelo Al-Ittihad.

O aporte financeiro para seduzir os astros virá do Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita que adquiriu os quatro maiores clubes locais.

O Al-Ahli e o Al-Hilal também estão inclusos no projeto. Este último chegou a realizar uma proposta por Messi e abasteceu as mídias globais com a possibilidade de mudança do argentino reeditar a velha rivalidade com Cristiano Ronaldo, mas o jogador escolheu atuar no Inter Miami, na Major League Soccer (MLS), nos Estados Unidos.

O sucesso conquistado pela liga saudita com Ronaldo faz com que a tática de apostar nos astros mundiais para ampliar ainda mais os números comerciais do torneio seja replicada para as temporadas seguintes. Especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let!sGoal, empresa que conecta marcas, atletas, clubes e competições, Armênio Neto crê que a estratégia pode servir de forma eficaz para a campanha dos árabes para o mundial de seleções, em 2030.

“Os valores e a relevância dos atletas envolvidos vão rapidamente turbinar a liga em todos os sentidos. Esses movimentos fazem parte da pavimentação da estrada para uma candidatura vitoriosa para sediar a Copa do Mundo”, analisou Neto. “Mas se o objetivo de colocar a liga em posição de destaque é uma estratégia para 2030 ou com foco no longo prazo e perenidade, só o tempo e a disposição para os investimentos vão dizer”, concluiu.

Para Eduardo Carlezzo, que estuda o mercado saudita e é especializado em janela de transferências internacionais, a liga saudita passa por um acelerado processo de reestruturação.

"Tudo isso turbinado pela riqueza advinda do petróleo, com a contratação de estrelas do futebol mundial por valores que fogem a qualquer parâmetro de mercado. Além disso, essa semana foi anunciada a privatização dos clubes. Em um processo que guarda algumas semelhanças com que o passa o Brasil, os clubes passarão às mãos da iniciativa privada, pelo menos alguns. Aqui os clubes são majoritariamente associações, portanto não tem um dono definido. Lá, os clubes são de propriedade do Estado, normalmente nas mãos de membros da família real", explica.

Perspectivas para as próximas transferências de mercado

A segunda janela de 2023 no Brasil está marcada para abrir na próxima segunda-feira, dia 3 de julho. Diferentemente do período de transferências no verão brasileiro, que dura de janeiro a abril, a de inverno, no meio deste ano, vai somente até 2 de agosto, apenas um mês após aberta.

Pelo menos até o momento, a participação brasileira é pequena nesta janela, tendo gerado 'apenas' 413,8 milhões de reais, o equivalente a pouco mais de 7% do total.

Para Sandro Orlandelli, Membro da UEFA Academy e especialista na identificação de talentos pela FA, a Federação Inglesa de futebol, no Brasil existe um desafio que acaba chamando a atenção do mercado.

"É sabido que a porcentagem de jogadores que vão para fora, comparado com a Argentina, que não obtém sucesso no seu tempo de contrato e que retornam ao país, é muito grande. Isso acaba chamando a atenção e se torna um negócio de risco. Então esse é o primeiro ponto de como é visto o jogador brasileiro, como alguém que vai e de repente quer voltar para o Brasil sem cumprir o contrato ou sem ter tido o sucesso esportivo para que o clube possa dar o seu próximo passo, desportivo e financeiro.

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