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Clubes se posicionam contra gramado sintético e debate pode ir a Conselho Técnico da CBF

Proibido nas principais ligas da Europa, piso é utilizado em três estádios na Série A do Brasileiro

Gramado sintético: muitos clubes, ouvidos pelo GLOBO, se mostraram contrários ao uso do campo artificia (Miguel Schincariol/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 09h18.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 09h19.

O caso do gramado sintético do Allianz Parque não abriu uma crise apenas no Palmeiras. Pode ser o ponto de partida para um debate mais profundo sobre o tema envolvendo os times brasileiros.

Nos bastidores, os dirigentes já discutem o assunto, abertamente ou não. Muitos clubes, ouvidos pelo GLOBO, se mostraram contrários ao uso do campo artificial. Atualmente, são três estádios que utilizam o piso na elite: Allianz, Ligga Arena, do Athletico, e Nilton Santos, do Botafogo.

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O lugar ideal para a discussão já tem local marcado: o Conselho Técnico da CBF, que deve acontecer em meados de março, semanas antes do início do Brasileiro. É lá que todas as questões envolvendo as competições são definidas.

Atualmente, a CBF segue as diretrizes da Fifa e da Conmebol, que não proíbem o uso do gramado sintético. Mas a entidade principal do futebol têm regras para o seu uso — os clubes brasileiros citados seguem as normas. Qualquer mudança a respeito do assunto deve ser votada pelas associações.

Uma das vozes contrárias ao campo artificial mais ativas é a do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt. Ontem, em entrevista coletiva, ele argumentou que o uso deste tipo de campo é puramente financeiro. Ainda afirmou que a maioria dos clubes da Série A do futebol brasileiro está ao seu lado, mesmo sem expor publicamente.

— Eu me atenho ao critério desportivo, porque eu acho que beneficia quem tem. Causa um desequilíbrio na competição. Acho que, financeiramente, não é possível que você gaste milhões de reais com os jogadores ao longo de um ano, e não tenha dinheiro para manter um campo de futebol. Essa semana, quando aconteceu a história da gosma (no Allianz Parque), recebi oito mensagens de oito presidentes dizendo: “Olha aí, não dá pra continuar com isso”. Então a gente tem que rever. Mas isso é uma coisa de conselho técnico, tem que ser decidido pelos clubes e pela CBF — apontou.

O dirigente ainda alfinetou o Botafogo:

— Tem que perguntar a quem tem o campo sintético, se fazer cinco shows paga o time de futebol. Se é melhor perder um título e fazer cinco shows. Eu prefiro ganhar um título.

Proibição na europa

O Cuiabá também se posicionou a favor de jogos apenas na grama natural. Já o Grêmio não foi tão incisivo quanto o presidente do tricolor carioca. Em nota, o clube gaúcho disse que “está sempre aberto a todas as discussões que visem melhorar o futebol brasileiro e entende que esta é uma questão importante que pode ser discutida no âmbito dos clubes”. Ano passado, o técnico Renato Gaúcho afirmou que o atacante Luís Suárez não jogava neste tipo de piso. Segundo ele, só enfrentou o Botafogo (quando marcou três gols) porque o jogo foi em São Januário.

Assim como Bittencourt, outro clube brasileiro, que não quis ser identificado, usou como argumento o fato de as principais ligas do mundo não permitirem a utilização dos campos totalmente artificiais:

“Somos contrários ao uso de gramados sintéticos. Pensamos que deveríamos seguir as principais ligas do mundo, como a inglesa, que não permite a utilização”.

Atualmente, as sete principais ligas europeias proíbem jogos em gramados sintéticos na primeira divisão: Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França, Portugal e Holanda.

Nesta última, a proibição foi decidida no ano passado e passará a valer a partir de 2025 para todos clubes poderem se adaptar. Lá, há menos de cinco anos, metade dos times da primeira e segunda divisões mandava jogos em estádios em campo artificial.

Na Espanha, por exemplo, o regulamento da Copa do Rei na Espanha, que tem confrontos entre times de várias divisões, não permite jogos em gramado sintético contra os grandes. O mando de campo é trocado nestes casos.

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