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Após Botafogo, Vasco e Cruzeiro, SAF também pode ser solução para times médios e emergentes

Segundo especialistas, a transformação em SAF é a grande oportunidade para times em crescimento

SAF: algumas equipes já estão fazendo movimentos importantes para a consolidação da SAF, casos de Atlético-MG, Atletico-GO, Athletico, Fluminense, Sport e Santos (Rodrigo Sanches/Cruzeiro/Divulgação)

SAF: algumas equipes já estão fazendo movimentos importantes para a consolidação da SAF, casos de Atlético-MG, Atletico-GO, Athletico, Fluminense, Sport e Santos (Rodrigo Sanches/Cruzeiro/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 15h38.

Última atualização em 24 de janeiro de 2023 às 16h18.

Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Vasco foram quatro clubes tradicionais do futebol brasileiro que transformaram a administração em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Os três, Cruzeiro, Bahia e Vasco, que estavam na Série B e conseguiram voltar para a elite, e o que já estava, Botafogo, se manteve na Série A.

O processo de reestruturação dos times possibilitou renegociações de dívidas e contratações de qualidade, o que torna a equipe mais competitiva. Segundo especialistas, esses exemplos, deve fazer com que clubes médios e emergentes sigam para o caminho da SAF em 2023.

Um dos principais responsáveis pela reestruturação do clube social do Botafogo em SAF, e a venda para um investidor profissional, o ex-CEO do clube, Jorge Braga, se vê convencido de que a SAF é a grande oportunidade para times em crescimento.

"O advento da lei dá acesso a uma estrutura de renegociação que custaria caro para um time grande fazer. Todo esse modelo foi empacotado na lei, e para o time emergente e médio, basta seguir a lei", explica.

Empresário, Jorge Braga trabalhou em empresas como Nextel e Claro. Também já foi conselheiro de companhias como o Citibank e a Dasa Digital. O executivo chegou a liderar uma unidade de negócios e geriu uma operação que começou praticamente do zero e faturou quase US$ 1 bilhão.

"Além disso, outro ponto fundamental é que a estrutura da SAF isola a influência política do clube, especialmente nos médios e menores, dessa nova operação do futebol. Ela cria uma barreira e naturalmente blinda a continuidade das práticas da associação na nova estrutura empresarial", complementa.

Para este ano, algumas equipes já estão fazendo movimentos importantes para a consolidação da SAF, casos de Atlético-MG, Atlético-GO, Athletico, Fluminense, Sport e Santos.

Um dos principais advogados especializados neste processo de transformação dos clubes, Eduardo Carlezzo está participando da escolha do novo investidor do Atlético-GO. Ele afirma que o fator do preço baixo das ações pode ser um diferencial para essas instituições emergentes, visto que o crescimento e interesse são grandes.

"Eu vejo que as melhores oportunidades de aquisição não estão no contexto dos grandes clubes e sim na esfera dos chamados médios ou emergentes. Além das negociações não terem a mesma complexidade que adquire a compra de um grande time, como Cruzeiro, Vasco, Bahia e Botafogo, existe a oportunidade de elevar o status futebolístico deste clube menor a nível nacional”, comentou.

Outro ponto observado por Carlezzo é quanto à participação de investidores estrangeiros no país, e o caso do Bahia é visto como exemplo. "A vinda do City Football Group no Brasil traz enorme repercussão internacional e sem dúvida tem condições de aumentar o interesse do investidor estrangeiro pelos clubes nacionais. Há ainda muita água para rolar por debaixo desta ponte e outros negócios relevantes podem ser anunciados nos próximos meses", lembrou.

Exemplos em São Paulo e Minas

Em Minas Gerais, na cidade de São João del-Rei, o Athletic Club, fundado em 1909, foi um dos primeiros do país a se tornar SAF, adotando esse tipo de gestão em dezembro de 2021. Na primeira temporada sob o novo modelo de administração, a equipe conquistou o Troféu do Interior, garantindo, de forma inédita, uma vaga na Copa do Brasil e na Série D do Campeonato Brasileiro de 2023.

"O Athletic sempre teve uma estrutura organizada e isso, com certeza, contribuiu para o surgimento da parceria. Hoje, temos tranquilidade para trabalhar, com todos os compromissos em dia e sem nenhuma dívida. Nosso planejamento é, no longo prazo, conquistar relevância no cenário nacional e estar, em alguns anos, entre os melhores clubes do país", declara Vinicius Diniz, proprietário do Grupo Futbraz, que detém 90% das ações da SAF do Athletic.

Em São Paulo, quem também está com esse modelo ativo desde 2018 é o Botafogo de Ribeirão Preto. De acordo com Adalberto Baptista, presidente do Conselho da S/A e principal investidor do clube, a profissionalização é fundamental para que os clubes possam sanar os problemas financeiros. "Aqui enfrentamos uma longa trajetória e, com muita responsabilidade, queremos atingir grandes objetivos nas próximas temporadas", afirmou.

A SAF do Cuiabá

Um exemplo bem-sucedido de clube emergente é o Cuiabá. Comandado desde 2009 pela família Dresch, o clube possui um modelo de gestão eficiente. Para Cristiano Dresch, vice-presidente do clube, a SAF pode continuar sendo um divisor de águas para o futebol brasileiro.

"A SAF para o Cuiabá, especificamente, que é um clube considerado emergente, é uma lei fundamental, que proporcionou ter uma competitividade bem maior em termos financeiros do que tínhamos antes, ainda mais pela carga tributária que foi reduzida. Nós pagamos o imposto único, que é o simples fut, que é 5% sobre todas as nossas receitas e tem uma isenção nos primeiros cinco anos. Como não pagamos esses 5% sobre a venda de atletas, se torna um incentivo interessante. Eu acredito que ela vai transformar o futebol brasileiro em um futebol mais profissional e mais organizado, com maior busca por resultados", abordou Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá.

O clube mato-grossense já conquistou 10 títulos do Campeonato Mato-grossense e duas da Copa Verde e vai para o terceiro ano na Série A do Brasileirão.

O que é SAF

Na prática, a medida permite que o gerenciamento seja feito como uma empresa e investidores, porém, com tributações próximas àquelas das associações — que é o principal modelo de gestão dos times de futebol no Brasil.

A entrada de investidores nos clubes não é uma novidade, mas desta vez é diferente: as conexões mais profundas — com direito ao controle de toda a parte do futebol — e a abrangência têm o potencial de transformar o futebol dentro e fora de campo.

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