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Startup amazonense transforma mandioca em bioembalagens e gera renda para comunidades tradicionais

Iniciativa transforma fécula de mandioca em alternativa ao plástico e ao isopor, unindo conhecimento tradicional e tecnologia para gerar impacto socioambiental positivo na Amazônia

Além do investimento em equipamentos e infraestrutura, o projeto incluiu a capacitação técnica de pessoas da comunidade

Além do investimento em equipamentos e infraestrutura, o projeto incluiu a capacitação técnica de pessoas da comunidade

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 18 de abril de 2025 às 10h00.

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A mandioca está ganhando uma nova aplicação no mercado: a produção de embalagens sustentáveis e biodegradáveis. A iniciativa, desenvolvida pela startup Dooka em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), transforma a fécula de mandioca em alternativa ao plástico convencional e ao isopor, unindo conhecimento tradicional à tecnologia para atender empresas com metas estipuladas de sustentabilidade.

Em fevereiro deste ano, a empresa inaugurou sua primeira biofábrica de embalagens em Lábrea, município localizado no sul do Amazonas, região conhecida pela forte pressão de desmatamento. O projeto foi implementado em parceria com a Associação de Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha (ASPACS), organização que reúne indígenas, ribeirinhos e pequenos produtores da agricultura familiar da região.

"As bioembalagens agregam valor a cadeias produtivas amazônicas, considerando o diferencial das matérias-primas regionais, com impactos socioambientais positivos", afirma Erika Cezarini, empreendedora à frente da Dooka.

Investimento em bioeconomia

A instalação da biofábrica recebeu investimento de aproximadamente R$ 1,4 milhão por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), desenvolvido pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Os recursos vieram da OX Bike, indústria de bicicletas instalada em Manaus, como parte da contrapartida obrigatória em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) que empresas devem investir em troca dos incentivos fiscais da Zona Franca.

"É fundamental levar tecnologias para o beneficiamento das matérias-primas e a produção final nas comunidades, com aumento da renda e menor dependência de recursos filantrópicos", destaca Paulo Simonetti, gerente de projetos de inovação em bioeconomia do Idesam, instituição que coordena o PPBio. "A biofábrica de embalagens em Lábrea contribui com o Polo Industrial de Manaus na busca de maior conexão com a Amazônia".

O PPBio já mobilizou mais de R$ 146 milhões, com 40 empresas investidoras e 76 projetos finalizados ou em execução nos estados do Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Acre.

Além do investimento em equipamentos e infraestrutura, o projeto incluiu a capacitação técnica de 11 pessoas da comunidade para operação do maquinário, garantindo que a produção em escala piloto atenda aos padrões de qualidade necessários para o produto final.

Bioembalagens de mandioca

A biofábrica de Lábrea tem capacidade para produzir cerca de 120 mil peças mensalmente. O foco inicial da produção são embalagens técnicas para produtos eletrônicos, como estojos para celulares e notebooks, além de fornecimento para a indústria de cosméticos. "Um mercado promissor é o de biocápsulas para sementes no reflorestamento de áreas degradadas", revela Cezarini.

O modelo de negócio da Dooka é baseado no licenciamento social da tecnologia para as comunidades, utilizando equipamentos modulares. A startup planeja expandir o projeto para pelo menos nove outras localidades até 2030, incluindo comunidades nos estados do Tocantins, Maranhão e Pará.

Além da fécula da mandioca, a empresa estuda a utilização de outros insumos regionais para a produção de bioembalagens, copos e utensílios diversos, incluindo resíduos do agroextrativismo, como aqueles provenientes do beneficiamento de castanha, açaí, óleos e manteigas vegetais.

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Para a comunidade local, a iniciativa representa uma nova fonte de renda e a valorização dos produtos da floresta. "Jamais imaginávamos um dia produzir embalagens para celulares, com produtos da floresta", conta Sandra Barros, vice-presidente da ASPACS, que também fornece copaíba, andiroba e manteiga de murumuru e tucumã.

Segundo Barros, o próximo passo será a produção local da fécula de mandioca, que atualmente é comprada em Manaus para a fabricação das bioembalagens. "Com maior visibilidade [pela inovação], chegam novas parcerias que aumentam a renda e movimentam a economia da nossa região", acrescenta.

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