Jaques Haber e Andrea Schwarz, da EqualWeb: startup quer levar acessibilidade digital para pesssoas com deficiência (EqualWeb/Divulgação)
A transformação digital virou tema de primeira ordem em um contexto no qual empresas foram forçadas a migrar para o ambiente online repentinamente. O esforço para a migração e experiência do usuário, porém, não foi igual quando se fala em acessibilidade. Segundo uma pesquisa do coletivo Web Para Todos e BigDataCorp, menos de 1% dos sites brasileiros são amigáveis para pessoas com deficiência.
Dos 189 milhões de sites ativos, apenas 0,89% passaram nos testes de usabilidade. É diante desse cenário que a startup Equalweb encontra oportunidades de crescer. A empresa, fundada em Israel, desembarcou recentemente no Brasil com o propósito de tornar acessíveis as páginas da web de empresas do país. À frente dessa nova operação está Jaques Haber, diretor de impacto da EqualWeb e outros três sócios.
A inspiração para trabalhar com o tema surgiu de uma experiência pessoal. Haber é casado com Andrea Schwarz, que é cadeirante, ativista de diversidade e inclusão e CEO de uma consultoria dedicada à inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
“Percebemos, a partir de uma mudança de vida, rapidamente que o mundo não estava preparado para pessoas como a Andrea, seja no ponto de vista cultural ou arquitetônico”, diz Haber.
A tecnologia da EqualWeb Brasil vem de Israel. Por lá, a matriz global já adaptou mais de 100 milhões de páginas digitais de 10.000 empresas, entre elas gigantes como Coca-Cola, Domino’s Pizza, Nutella e Johnson&Johnson.
A ideia de trazer a tecnologia para cá surgiu após uma visita de Ricardo Hetchman, hoje diretor de inovação na filial brasileira, a 29 startups em uma missão de inovação no país. De volta ao Brasil, Hetchman conheceu o trabalho de Haber e sua esposa através da consultoria e o convidou para a sociedade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem hoje cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa algo em torno de 25% de toda a população. Ou seja, o cenário é de oportunidade.
A proposta de valor da Equalweb está em tornar o acesso mais simplificado para pessoas com deficiência e diferentes públicos com necessidades específicas relacionadas à acessibilidade digital, como idosos e daltônicos, por exemplo. Segundo Haber, grande parte das empresas desconhecem esse problema e, as que já identificaram, não sabem como resolvê-lo.
“O que percebemos é que, com um mercado tão intocado quanto esse, quando unimos tecnologia e propósito, o processo de inclusão é acelerado e ganha muito mais escala”, diz.
Em uma analogia simples, o que a EqualWeb faz é criar rampas e elevadores no ambiente digital. Com um algoritmo baseado em inteligência artificial adaptado para cada site, a empresa desenvolve uma linha de código personalizada (usada para programar sites). A partir disso, basta “copiar e colar”.
São 31 diferentes recursos de acessibilidade. Alguns exemplos são os recursos em áudio para leituras de textos voltado para pessoas cegas e a adaptação de fontes e foco para idosos. “Com a EqualWeb, a ideia é colocar o usuário no centro, como protagonista. E o usuário não se adequa ao site, mas sim o contrário", diz
O modelo de negócio já atraiu empresas brasileiras como Motorola,Fiesp, FGV, Espaçolaser e os hospitais da Rede Dasa.
Para o futuro, o desejo da Equalweb Brasil é ambicioso. A empresa espera quadruplicar a receita até 2022, ao passo em que cria impacto positivo no país. “Queremos ser influenciadoras da acessibilidade digital e, junto às tendências ESG, fazer com que ela seja vista como uma questão de governança”, diz Haber.
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