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Sob Bolsonaro, BNDES abraçou o ESG e a agenda do combate às mudanças climáticas

Caso assuma o banco de desenvolvimento, Mercadante terá de lidar com um legado de compromissos climáticos e contabilidade de carbono

Gustavo Montezano, presidente do BNDES: “Um banco de desenvolvimento tem de pensar em abrir mercados, esse é o maior desafio” (Leandro Fonseca/Exame)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 14h52.

Em duas oportunidades, Gustavo Montezano encontrou a reportagem da EXAME durante a COP, Conferência do Clima da ONU, que acontece anualmente. Na COP26, em Glasgow (Escócia), no ano passado, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) se surpreendeu com a forte presença da iniciativa privada. “Virou uma feira de negócios”, destacou Montezano.

Na COP27, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, em novembro, ele tinha mais coisas para mostrar. O banco de desenvolvimento anunciou, durante a conferência, uma série de compromissos climáticos.  As metas são abrangentes, e contabilizam todos os negócios do banco: carteiras direta e indireta, financiamento e investimentos. Até o final do próximo ano, todos os projetos com participação do BNDES terão seus inventários de carbono, que serão “oportunamente neutralizados”.

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Esse é, na visão de Montezano, o grande legado que deixará para a próxima gestão, sob comando petista, que já tem o escolhido para o comando: o ex-senador Aloizio Mercadante.

BNDES terá contabilidade de carbono para todos os empréstimos

A agenda ESG cresceu no banco de desenvolvimento sob a gestão de Montezano. Além dos compromissos climáticos, o dirigente anunciou, na COP27, terá, até o final do próximo ano, contabilidade de emissões de carbono para todos os empréstimos realizados. “Não faz sentido, para o BNDES, estar em projetos que não sejam sustentáveis”, afirmou Montezano, que participou de um evento organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil.

Montezano destacou que, para avançar na agenda da descarbonização, é preciso repensar o setor financeiro. “Quando olharem para o BNDES, pensem em criação de mercados, não em dinheiro”, disse o presidente, para uma plateia de CEOs, empresários e líderes da sociedade civil.

Economia indígena

Sobre a questão social da Amazônia, Montezano afirmou que as empresas precisam mudar a forma de se relacionar com os povos da floresta. Para ele, os indígenas devem ser vistos como potenciais parceiros no desenvolvimento de novos mercados e novas frentes de atuação na bioeconomia. Nesse sentido, o presidente defende um papel mais propositivo e construtivo para o BNDES, que viabilize projetos e não apenas dinheiro.

“Um banco de desenvolvimento tem de pensar em abrir mercados, esse é o maior desafio”, afirmou. Apenas colocar dinheiro aqui ou ali não vai resolver, é preciso gerar conhecimento. Nosso papel é apoiar as empresas a tirar proveito dessa agenda global.” Montezano ainda destacou a necessidade de se ter equilíbrio fiscal para que o país seja capaz de financiar a transição para a nova economia.

Gestão atual quer preservar estratégia ESG para o próximo governo

Para a atual gestão do banco de desenvolvimento, o papel de fomentar a transição para a economia de baixo carbono deve ser uma estratégia perene, mirando 2050. As metas anunciadas na COP27 são abrangentes, e contabilizam todos os negócios do banco: carteiras direta e indireta, financiamento e investimentos. Até o final do próximo ano, todos os projetos com participação do BNDES terão seus inventários de carbono, que serão “oportunamente neutralizados”.

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