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Linha de caminhões elétricos da Scania será vendida, primeiramente, na Europa. Ainda não há previsão de chegada ao Brasil (Scania/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 16 de setembro de 2020 às 09h42.
A Scania apresentou, na Europa, sua primeira linha de caminhões totalmente elétricos. Os veículos são voltados para o transporte urbano e são equipados com até nove baterias, o que garante uma autonomia de 250 km. A potência do motor elétrico, de 230 kW, é equivalente a 310 cavalos de um motor a diesel.
Os planos da empresa são de atender, especialmente, o varejo. Com a pandemia, as vendas online aumentaram muito, gerando demanda por entregas rápidas nas cidades. Além do modelo totalmente a bateria, a montadora também oferece uma versão híbrida, que concilia motores elétrico e a combustão.
“Nos próximos anos, lançaremos produtos eletrificados anualmente para toda a nossa linha de veículos, para isso estamos reorganizando nossas unidades fabris”, afirmou, em nota, Henrik Henriksson, presidente global da Scania. Também teremos caminhões elétricos de longa distância, adaptados para carregamento rápido durante os períodos de descanso obrigatórios dos motoristas.”
Para Christopher Podgorski, presidente da Scania na América Latina, a eletrificação dos transportes é um caminho sem volta. “Deve acontecer primeiro na Europa, mas chegará ao Brasil”, afirmou o executivo à EXAME. Por aqui, no entanto, existem combustíveis alternativos que devem ter um papel importante nessa transição energética, como o biogás.
A Scania já vende caminhões movidos a biogás na América Latina, tendo comercializado cerca de 80 veículos. “É pouco, mas é um começo. Esse processo é muito positivo para a indústria. Temos um desafio de engenharia pela frente, mas podemos construir um mundo melhor. O que a agenda ambiental nos dá é a possibilidade de evoluir”, diz Podgorski. Ainda não há previsão de venda dos caminhões elétricos no Brasil.
O lançamento da linha elétrica está inserido nos esforço da empresa para reduzir suas emissões de carbono. A meta é cortar em 15%, na próxima década, o carbono emitido de toda sua frota, incluindo caminhões novos e usados. Para isso, além de desenvolver veículos com combustíveis alternativos, a montadora planeja programas de renovação de frota.
“Para o grande operador logístico, é mais fácil, porque os caminhões novos são mais eficientes. A economia de custo paga o investimento. O problema está no pequeno operador e no autônomo”, explica Podgorski. “Mas, com incentivo, esse cliente vai renovar também.”
Em maio, a Scania anunciou um programa de investimentos de 1,4 bilhão de reais de 2021 a 2024, além de um aporte extra de 75 milhões de reais que começam a ser aplicados imediatamente em um novo centro de pesquisa e desenvolvimento em São Bernardo do Campo (SP).
O anúncio da marca de caminhões e ônibus, que está há mais de 60 anos no País, vem em um momento que outras montadoras também estão apostando suas fichas por aqui. Recentemente, a General Motors anunciou um aporte de 10 bilhões de reais em suas plantas no Estado de São Paulo. A Honda também divulgou aporte de 500 milhões de reais em seu parque fabril de motos na Zona Franca de Manaus. Ainda no primeiro trimestre, a Hyundai anunciou aporte de 125 milhões de reais para aumento de capacidade na planta de Piracicaba (SP).
Um ponto fora da curva, neste cenário, é a Ford, que anunciou que fechará sua fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo como parte de uma estratégia de deixar o negócio de veículos pesados.