Racismo ambiental, mudanças climáticas e mais: As 7 discussões dos primeiros dias da COP27
A COP27 começou no dia 7 e vai até o dia 18 de novembro deste ano com participação de representantes de estado, ativistas, executivos e a sociedade civil em diversas rodas de conversa, discussões e palestras
Fernanda Bastos
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 07h06.
Última atualização em 11 de novembro de 2022 às 12h25.
O Egito, mais especificamente a cidade deSharm el-Sheikh, está sediando o principal encontro climático do ano, a COP27 da Organização das Nações Unidas (ONU). Por conta disso, nos últimos dias, governantes, ativistas e pesquisadores do mundo todo se reuniram para discutir questões ambientais como o mercado de carbono e as estratégias para diminuição das emissões de CO2. A COP27 começou no dia 7 e vai até o dia 18 de novembro deste ano.
A COP27, que teve início oficial no ano de 1995, é responsável pela criação de acordos importantíssimos como o Acordo de Paris, criado durante a 21ª edição da Conferência das Partes. Pela magnitude do evento, são inúmeras discussões e entrevistas, pensando nisso, a equipe de ESG da EXAME separou as principais temáticas que foram discutidas nos últimos dias. Confira abaixo:
Discurso do secretário-geral da ONU e participação do Ipam
Logo nos momentos iniciais da 27ª Conferência das Partes, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, discursos pedindo solidariedade climática entre os países. O secretário foi bastante provocativo em algumas de suas falas, afirmando: “Coopere ou pereça” e “o fracasso em lidar com o clima é um pacto de suicídio coletivo”.
Enquanto isso, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) onde foi tratado sobre segurança alimentar e o papel do Cerrado na manutenção climática. A diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, apontou que há milhares de comunidades invisíveis no cerrado com conflitos por terra e água pela expansão do agronegócio.
Investimentos para países em desenvolvimento
No início dessa semana, foi comunicado os resultados de um relatório solicitado pela presidência da COP27. O documento afirma que os países emergentes e em desenvolvimento, exceto a China, devem precisar de mais de 2 trilhões de dólares ao ano para combater as mudanças climáticas.
Quase metade do valor deve proceder de investidores externos e instituições públicas ou privadas dos países desenvolvidos. Com isso, o objetivo é "reduzir as emissões, reforçar a resiliência, enfrentar as perdas e danos provocadas pela mudança climática e restaurar a terra e a natureza", afirma o relatório.
EUA se compromete a manter agenda climática
O representante especial do governo americano, John Kerry, estava presente na COP27 e fez um discurso onde comentou que o país manterá a agenda climática, mesmo em caso de vitória dos republicanos nas eleições. Lembrando que o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris de 2015, pacto este que foi abraçado novamente durante a gestão Biden.
Lula, presidente eleito, comparecerá ao evento
Luiz Inácio Lula da Silva vai participar da Conferência nos dias 16 e 17 de novembro. O convite para a participação do presidente veio em nome do governador reeleito do Pará, Helder Barbalho (MDB) e pelo presidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi. A expectativa é que Lula utilize a oportunidade para reforçar compromissos climáticos.
Presidente da Comissão Europeia defende cooperação entre países
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, discursou defendendo que os países do norte e do sul formem parcerias para acelerar a transição energética. O primeiro grupo tem uma mobilização maior de capital, enquanto o segundo, é detentor dos recursos naturais.
"Aqui, o sul global tem os recursos em abundância, então vamos nos juntar! É por isso que nós (a União Europeia) assinamos novas parcerias de hidrogênio com Egito, Namíbia e Casaquistão. É por isso que apoiamos parceiros como Vietnã e África do Sul para descarbonizarem suas economias. Precisamos atingir os objetivos do Acordo de Paris, e a Europa está no caminho", disse a presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE.
Justiça climática e racismo ambiental são colocados em pauta
Apesar da COP27 unir vários chefes de estado para negociarem medidas de adaptação para as mudanças climáticas, a sociedade civil tem se tornado cada vez mais ativa nas discussões e o Brasil não ficou de fora. O país conta com três espaços no evento, dentre eles, o Brazil Climate Action Hub, onde quilombolas, indígenas e executivos discutem a transição energética, justiça climática e racismo ambiental.
Temos hoje, pela primeira vez em 27 COPs, o pavilhão da justiça climática, do jovem e da criança e da segurança alimentar. Isto mostra a consolidação de temas por conta da pressão da sociedade civil nas mesas de negociações. E o Brasil, como sempre, está dando um show ao refletir como a sociedade do país tem um papel relevante no desenvolvimento da agenda climática", afirma Flávia Bellaguarda, Fundadora do Youth Climate Leaders e LACLIMA.
Protagonismo indígena para discutir questões climáticas
Sonia Guajajara, líder indígena e deputada federal eleita em 2022, esteve presente no evento e reforçou a necessidade do envolvimento dos povos indígenas nas decissões florestais. A representante acredita que com povos originários no poder, o avanço será conquistado. “É a hora de termos políticas nacionais para garantir os acordos feitos no âmbito internacional, em espaços como a COP. Não há como elaborar leis desconectadas do movimento social”, afirmou Guajajara.
A representante reforçou a necessidade garantir a legislação ambiental forte com órgãos de controle para conter os efeitos das mudanças climáticas - além da promoção da demarcação de terras indígenas e quilombolas que garantam a sobrevivência social e ambiental. Sonia também aproveitou o evento para tratar sobre a exploração ilegal.
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