ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Preservação da Amazônia: quem vai pagar a conta?

Segundo o estudo da Mckinsey, com um custo anual de USD 12,40 por hectare, seria preciso gastar entre USD 1,9 bilhão e 2,3 bilhões por ano para manter a floresta protegida

Floresta amazônica (Ignacio Palacios/Getty Images)

Floresta amazônica (Ignacio Palacios/Getty Images)

Systemica
Systemica

Colunista

Publicado em 27 de abril de 2024 às 09h00.

Tudo sobreAmazônia
Saiba mais

Por Munir Soares, sócio-fundador e CEO da Systemica

A Amazônia é um dos biomas mais importantes do mundo por sua biodiversidade e papel na regulação do clima. No entanto, há tempos enfrenta sérios problemas devido ao desmatamento descontrolado e à degradação da floresta.

Um dos desafios enfrentados é o alto custo para colocar em prática medidas que visam reduzir e reverter o impacto ambiental na região conhecida como “arco do desmatamento” (ou “arco da restauração”, como passou a ser chamada na COP de 2023). 

Nesse contexto, o estudo "Abordando o Desmatamento e a Degradação Florestal – Os Mercados Voluntários de Carbono Podem Salvar a Amazônia?", realizado pela McKinsey, levanta questões cruciais sobre como os mercados voluntários de carbono podem desempenhar um papel crucial na conservação desse ecossistema.

Amazônia: pulmão do mundo?

Desde cedo, aprendemos que a Amazônia é muito importante para o meio ambiente, pois suas florestas tropicais ajudam a reduzir as mudanças climáticas ao absorver grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera.

Ela é a maior floresta do mundo, contando com mais de 550 milhões de hectares, sendo a maioria deles no Brasil, cerca de 330 milhões de hectares.

No entanto, a região vem sofrendo com altas taxas de desmatamento e degradação. Conforme o estudo da McKinsey, somente nos últimos cinco anos, as taxas de desmatamento aumentaram significativamente, totalizando 5,3 milhões de hectares, principalmente no "arco do desmatamento". Essa região se estende do leste ao sul do Pará em direção ao oeste, passando pelos estados do Mato Grosso, Rondônia e Acre.

Neste ponto, é importante esclarecer que as florestas são responsáveis por 75% do sequestro total de Gases de Efeito Estufa (GEE) no Brasil. Porém, elas também são a principal fonte de emissões representando cerca de 37% das emissões do país, causadas, principalmente, pela agricultura, incêndios, mineração ilegal e outras ações humanas. 

Interromper e reverter esses danos tem um custo alto. E mesmo com recursos dos governos e iniciativa privada, ainda existe uma lacuna financeira considerável a ser preenchida. A pergunta é: quem irá pagar essa conta?

A Importância dos Mercados Voluntários de Carbono

Atualmente, uma das principais prioridades no combate às mudanças climáticas é a preservação das florestas em todo o mundo. Porém, os gastos são elevados.  

Segundo o estudo da Mckinsey, com um custo anual de USD 12,40 por hectare, seria preciso gastar entre USD 1,9 bilhão e 2,3 bilhões por ano para manter a floresta protegida. Além do desmatamento, é importante também conservar a floresta contra a degradação, que foi responsável por cerca de 44% de todas as emissões brutas de carbono entre 2003 e 2019. 

Ou seja, existe uma lacuna financeira expressiva para cobrir esses gastos.

E diante de todas as adversidades enfrentadas na região amazônica, os Mercados Voluntários de Carbono (MVC) surgem como uma ferramenta de financiamento promissora, complementar a outras fontes, e que pode suprir a escassez de recursos. 

O estudo da McKinsey analisou o potencial dos Mercados Voluntários de Carbono na Amazônia e destacou descobertas importantes. De início, mostrou que esses mercados podem gerar receitas significativas para proprietários de terras e comunidades locais que adotam práticas sustentáveis. É um processo no qual todos ganham.

Dados da Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Carbono indicam um potencial impacto de $ 26 bilhões por ano no Valor Bruto Agregado (VAB), com a geração de até 880 mil postos de trabalho. Isso incentiva a conservação da floresta e contribui para o desenvolvimento econômico das regiões.

Nesse sentido, é importante ressaltar a relevância da certificação e verificação de projetos de carbono para garantir a integridade ambiental e transparência do mercado. A implementação de padrões rigorosos de monitoramento e relatório s é essencial para assegurar que os projetos cumpram as promessas ambientais e evitem práticas enganosas, como o greenwashing.

Não obstante o enorme potencial dos MVC, o estudo também destaca vários obstáculos que precisam ser superados para garantir seu sucesso na Amazônia. Isso inclui questões relacionadas à segurança da posse da terra, governança e financiamento de projetos de conservação.

Além disso, a falta de regulamentação adequada e a incerteza política podem minar a confiança dos investidores e dificultar a escala dos mercados de carbono na região. Assim, é fundamental a atuação dos estados por meio da modernização e efetiva aplicação de seus sistemas jurisdicionais.

No entanto, apesar desses desafios, o estudo ressalta que existem oportunidades significativas para expandir os MVC na Amazônia. Elas abrangem o envolvimento de múltiplos stakeholders, como governos, empresas, organizações da sociedade civil e comunidades locais, na concepção e implementação de iniciativas de conservação.

Cuidar da região amazônica, revertendo e evitando novos desmatamentos, não é uma tarefa simples. Tampouco barata. Mas com compromisso e ação coletiva, os Mercados Voluntários de Carbono podem fazer com que a conta feche, promovendo um futuro sustentável.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaSustentabilidadeDesmatamento

Mais de ESG

Verão marcado por chuvas favorece energia e agronegócio, mas eventos extremos preocupam, diz estudo

Incêndios reduzem estoque de carbono na Amazônia e Cerrado em até 68%, diz estudo

Casca de sururu e cera de depilação deixam de ir para o lixo

Os efeitos perversos dos jabutis incluídos no PL das Eólicas Offshore