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Pegou mal. Sem menção a combustíveis fósseis, G20 frustra representantes na COP29

Conferência do Clima, em Baku, se aproxima do fim com negociações estagnadas e desânimo depois de G20 "esquecer" o tema dos combustíveis

Ministros do clima, negociadores e ONGs presentes na COP29 esperavam que o G20 demonstrasse apoio contundente à transição energética em sua d.eclaração. (UNFCCC/Divulgação)

Ministros do clima, negociadores e ONGs presentes na COP29 esperavam que o G20 demonstrasse apoio contundente à transição energética em sua d.eclaração. (UNFCCC/Divulgação)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 20 de novembro de 2024 às 07h36.

Última atualização em 20 de novembro de 2024 às 13h11.

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Iniciada sob a sombra da eleição de Donald Trump e os possíveis impactos de uma esperada mudança de rota nas políticas de clima e sustentabilidade na maior economia do mundo, a COP29 se aproxima do fim elevando o nível da tensão que marcou o começo.

A ausência de uma referência explícita sobre o abandono dos combustíveis fósseis na declaração dos líderes do G20, no Brasil, reacendeu alertas entre os principais negociadores da Conferência do Clima, em Baku. O temor é que as eleições americanas já estejam influenciando os níveis de ações climáticas.

As expectativas com o encontro no Rio de Janeiro eram altas. Com boa parte do alto escalão que esnobou a Cúpula no Azerbaijão em peso por terras cariocas, ministros do clima, negociadores e ONGs presentes na COP29 esperavam que o G20 demonstrasse apoio contundente à transição energética em sua declaração. O que não aconteceu.

"Perfure, baby, perfure"

Foi durante a COP28 em Dubai, no ano passado, que cerca de 200 nações chegaram ao consenso sobre abandonar os combustíveis fósseis em seus sistemas energéticos até 2050. Posteriormente, o compromisso foi reafirmado pelo G7, que reúne as maiores economias mundiais, em um comunicado no início deste ano. Agora, mesmo sendo observado com otimismo, o G20 dava sinais de que, talvez, deixasse os combustíveis fósseis em segundo plano.

Então, mesmo considerando as lembranças recentes da campanha de Trump, que usou do slogan "perfure, baby, perfure" para defender explicitamente maior produção de petróleo e gás, o documento final divulgado pós encontro no Brasil se limitou a mencionar que os países "recebem e subscrevem totalmente o resultado ambicioso e equilibrado da COP28 em Dubai, particularmente o Consenso dos Emirados Árabes Unidos", evitando qualquer menção mais direta à transição dos combustíveis fósseis.

A omissão gerou descontentamento entre os muitos negociadores que estão em Baku e consideram que a omissão é um complicador a mais nas já difíceis e morosas discussões que, sobretudo em relação a combustíveis, avançaram pouco ou nada, a dois dias do fim da COP.

Texto preliminar será divulgado

A primeira semana foi marcada pelas tratativas de acordos em diversas frentes, contemplando áreas como mercado de carbono - que registrou avanço histórico, embora em meio a um processo polêmico - , iniciativas para conter o avanço do aquecimento global e o panorama de combustíveis fósseis. Para esta quarta-feira, 20, está programada a divulgação de um balanço das negociações até o momento.

Contudo, não é segredo que a Conferência ainda esteja travada na busca de consenso sobre novos objetivos, especialmente relacionados ao financiamento climático. O que levou a ONU a endurecer o discurso nos últimos dias e acionar países o Brasil e o Reino Unido para apoiar a presidência da Cúpula na costura dos acordos.

A etapa seguinte à comunicação desta quarta-feira consistirá em refinar os diversos rascunhos, que atualmente contêm múltiplas alternativas de texto, transformando-os em um documento final que possa ser unanimemente aprovado ao término do encontro. Preferencialmente, sem retrocessos.

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