ESG

Itália quer eliminar diferença salarial de gênero em dez anos

Em 2026, quando o plano de recuperação da UE estiver prestes a ser concluído, “teremos alcançado um ponto sem volta para fechar a brecha salarial”, disse Elena Bonetti, ministra da Família e Igualdade

 (Guglielmo Mangiapane/Reuters)

(Guglielmo Mangiapane/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 2 de junho de 2021 às 14h49.

Última atualização em 2 de junho de 2021 às 15h15.

Por Chiara Albanese e Alessandro Speciale, da Bloomberg

Primeiro, a boa notícia: sob um novo plano de igualdade de gênero elaborado pelo governo do primeiro-ministro Mario Draghi, homens e mulheres na Itália finalmente terão o mesmo potencial para salários e emprego. A má notícia: a meta levará outros dez anos.

Em 2026, quando o plano de recuperação da União Europeia estiver prestes a ser concluído, “teremos alcançado um ponto sem volta para fechar a brecha salarial”, disse Elena Bonetti, ministra da Família e Igualdade de Oportunidades. “Esperamos que a Itália desfrute da paridade de gênero completa até 2030, inclusive para salários”, disse em entrevista em Roma.

Bonetti, do partido Itália Viva, espera que o diferencial de salários entre homens e mulheres no setor privado caia de 17% para 10% até 2026, e depois desapareça gradualmente por completo.

Na frente salarial, a Itália se sai melhor do que outros países europeus, como Áustria e Alemanha. Mas o país tem a menor taxa de participação de mulheres na força de trabalho entre as economias avançadas, com apenas 55% como trabalhadoras ativas no mercado em comparação com 73% dos homens, de acordo com a agência de estatísticas Istat.

“Há um longo, longo caminho pela frente”, disse na segunda-feira o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em resposta a uma menina de 11 anos que perguntou se sua geração algum dia conseguirá a paridade de gênero completa.

Para Draghi, o progresso será medido em anos. Seu governo está elaborando um plano de três anos para impulsionar a igualdade de gênero, e a prioridade é atrair mulheres para o mercado de trabalho com foco no empreendedorismo, disse Bonetti.

“Hoje, apenas 22% das empresas são comandadas por mulheres”, disse a ministra. “O plano é aumentar para 30% até 2026 com uma estratégia intersetorial que criará empregos para mulheres tanto em empresas privadas quanto na administração pública.”

De acordo com uma minuta do programa, uma área em que o governo está almejando melhorias são habilidades digitais, com a meta de aumentar a taxa de competência digital entre mulheres de 19% para 35% até 2026.

Medidas

Mas o governo não conta apenas com planos futuros, mas também com outras medidas no curto prazo para fechar a brecha.

Um novo decreto aprovado na semana passada exige que pelo menos 30% das novas contratações por empresas que participam de licitações financiadas por fundos da União Europeia sejam de mulheres com menos de 36 anos.

Aumentar a participação das mulheres na economia não é apenas uma questão de justiça social, mas é necessário para compensar o impacto negativo sobre o crescimento devido a uma força de trabalho em declínio e envelhecendo, segundo relatório do UniCredit. A Itália foi um dos países mais afetados pela pandemia, com queda do PIB de 8,9% no ano passado.

  • Fique por dentro das principais tendências das empresas ESG. Assine a EXAME.
Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosDesigualdade socialItáliaMulheresSalários de executivos

Mais de ESG

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio