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Extrativistas querem que produtos tenham chancela de povo amazônico

Júlio Barbosa, um dos participantes dos debates do Diálogos Amazônicos em Belém (PA), resume em uma palavra temas e objetivo do evento que antecede a Cúpula da Amazônia: sociobioeconomia

Andiroba, da Amazônia (Aloyana_Lemos/Reprodução)

Andiroba, da Amazônia (Aloyana_Lemos/Reprodução)

Agência Brasil
Agência Brasil

Agência de notícias

Publicado em 6 de agosto de 2023 às 16h41.

Última atualização em 8 de agosto de 2023 às 10h37.

O presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa, um dos participantes dos debates do Diálogos Amazônicos em Belém (PA), resume em uma palavra temas e objetivo do evento que antecede a Cúpula da Amazônia: sociobioeconomia.

“Precisamos debater agora que tipo de bioeconomia nós queremos para os povos da Amazônia. Nesses debates sobre desenvolvimento sustentável e bioeconomia, o que queremos? Aquela bioeconomia dentro da visão empresarial, onde o lucro fica concentrado na mão de poucos e a classe trabalhadora acaba sendo usada como mão de obra barata? Nós entendemos que é preciso envolver os povos da Amazônia”, disse à Agência Brasil.

“O que defendemos é uma sociobioeconomia que leve em consideração a forma de vida das populações que habitam a Amazônia”, complementou ao dizer que as discussões não devem se limitar a “mercado, produto e preço”.

Morador da reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, o seringueiro diz que a sociobioeconomia observa produtos, mas em um aspecto muito mais importante, que envolve todo o processo de proteção de um determinado território, conservação de culturas e defesa de tradições.

“Sem isso, não haverá qualquer perspectiva [das discussões em debate], porque não podemos pensar isso em uma situação na qual a questão fundiária amazônica continue sendo uma bagunça, vendo nossa biodiversidade sendo destruída a todo momento pela ganância do capital e pelos mega projetos defendidos pelo agronegócio brasileiro”, acrescentou.

As expectativas sobre a conclusão dos trabalhos é, segundo ele, positiva, desde que, de fato a voz dos povos seja escutada, inclusive para questões relativas à segurança e ao combate a crimes praticados em território amazônico, como tráfico de drogas, grilagem e violência contra comunidades tradicionais.

“Precisamos de um esquema muito forte de segurança e proteção das fronteiras pan-amazônicas, que vão além da Amazônia brasileira,. Por isso, todos os governantes e chefes de Estado dos oito países precisam assumir, de fato, compromissos para enfrentar as ilegalidades da exploração do garimpo; o narcotráfico, que entra muito forte na nossa região e em nossos territórios”.

Com relação ao governo brasileiro, ele cobra o compromisso de rever a matriz energética do país. “Não podemos utilizar riquezas da Amazônia para fornecer energia elétrica para o grande setor empresarial do Sul do país, com seus grandes parques industriais, enquanto nossas comunidades [do Norte] estão sem um sistema de energia adequado”, argumentou ao defender a realização de consultas prévias à população, antes do aval a empreendimentos hidrelétricos.

Os Diálogos Amazônicos são um evento prévio à Cúpula da Amazônia. Ambos ocorrem em Belém, sendo os Diálogos responsáveis pela produção das propostas da sociedade civil a serem apresentadas aos presidentes dos países amazônicos participantes da cúpula, a partir do dia 8 de agosto. Ministros do governo reforçaram que o principal objetivo do Diálogos Amazônicos é retomar espaço de conversa e debate com povos que vivem na região para condução do desenvolvimento sustentável.

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