ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Mesmo com pandemia, energia solar cresce 70% no Brasil e atrai grandes empresas

O bom desempenho da energia em 2020 leva grandes elétricas e empresas a ampliarem apostas na tecnologia

 (Amanda Perobelli/Reuters)

(Amanda Perobelli/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 16h18.

Poucos setores podem se gabar de crescimento no Brasil em 2020, em meio a uma pandemia global e expectativas de retração recorde na economia, mas a indústria de energia solar não só bateu recordes como entrará em 2021 com expectativas ainda melhores.

As instalações de geração solar no Brasil tiveram salto de 70% no ano, para 7,5 gigawatts (GW), quase metade da capacidade da hidrelétrica de Itaipu. O desempenho não passou batido entre investidores, e levou grandes elétricas globais e locais a ampliarem apostas na tecnologia no maior país da América Latina.

Empresas como a chinesa CGN, a norueguesa Statkraft e a VRTM, joint venture da canadense CPPIB com a Votorantim Energia, disseram recentemente que seus próximos projetos no Brasil devem envolver usinas fotovoltaicas.

A canadense Brookfield, de infraestrutura, estreou na fonte no país com a aquisição de uma usina gigante a ser concluída até 2023, enquanto a francesa Engie e a portuguesa EDP têm ampliado o foco na tecnologia, que entrou na mira até mesmo de petroleiras como a Shell para 2021.

"A solar ganhou corpo, está mudando de patamar e de escala. É uma fonte que se torna agora mais interessante para esse perfil de investidores, que são maiores, e antes olhavam mais outras renováveis, mais especificamente energia eólica", disse à Reuters a diretora da consultoria Clean Energy Latin America (CELA), Camila Ramos.

Embora a expansão solar em 2020 ainda tenha ficado 1 GW abaixo do inicialmente previsto, com impactos da crise do coronavírus, o resultado final gera otimismo e mostra uma recuperação "em V", disse o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia.

Ele destacou ainda que o ano marcou uma virada, com projetos de geração distribuída --que envolvem placas solares em telhados ou terrenos para atender diretamente à demanda de pessoas ou empresas-- ultrapassando usinas de grande porte em capacidade. Mas evitou fazer projeções para 2021, dizendo que estudos ainda estão sendo feitos.

A construção desses ativos menores, conhecidos pela sigla GD, tem atraído milhares de pequenas empresas, mas também grandes grupos como a estatal mineira Cemig e a EDP Brasil, por exemplo, que recentemente entregou instalações em Taubaté (SP) que atenderão à demanda do grupo de telecomunicações TIM.

"Percebemos a vinda de uma terceira onda, das empresas 'conservadoras', essas que são os grandes transatlânticos. Elas estão vindo com força para solar no Brasil. Também vemos grandes clientes corporativos começando a comprar energia solar", disse Sauaia, citando redução de custos com ganhos tecnológicos.

Um dos nichos que ampliou o interesse, principalmente em geração distribuída, é o setor agrícola, acrescentou ele. "O produtor rural também tem esse perfil mais conservador, porque ele já lida com o risco do clima. Estamos vendo que a solar começa a se tornar uma parceira muito intensa do agronegócio".

Gigantes de olho

A EDP Brasil, da portuguesa EDP, que tem distribuidoras de energia, hidrelétricas e linhas de transmissão, passou mais recentemente a construir usinas fotovoltaicas e instalações de GD para atender à demanda de empresas como Banco do Brasil e Grupo Globo. Ela já instalou 28 MW e tem 30,8 MW em desenvolvimento.

"Em termos de tamanho, não são nossos maiores negócios... mas a principal avenida de crescimento da EDP Brasil está na geração solar", disse à Reuters o vice-presidente da Estratégia e Novos Negócios da empresa, Carlos Andrade.

Na Engie Brasil Energia, da francesa Engie, o CEO Eduardo Sattamini disse em conferência recente com investidores que a empresa quer expandir sua atuação no ramo. "Na parte de geração, se a gente for pensar, como hoje já temos um parque eólico bastante robusto, a gente gostaria de crescer em solar."

A Cemig criou um braço de GD, a Cemig Sim, enquanto também desenvolve uma carteira própria de projetos solares com 1,75 GW em capacidade, visando aproveitar o grande potencial de sua sede Minas Gerais para a geração fotovoltaica.

Além das apostas de companhias em novos projetos, o setor registra intensa movimentação em fusões e aquisições, e diversas negociações em andamento que podem resultar em operações a serem anunciadas em 2021, segundo Camila Ramos, da CELA.

Ela destacou que questões regulatórias também ajudam nesse maior apetite por ativos solares entre investidores, e mesmo empresas com alta demanda por eletricidade, após o governo ter anunciado que a partir de 2021 os preços spot do mercado de energia elétrica serão calculados em base horária, ao invés de semanal como atualmente.

Segundo especialistas, isso deve favorecer a precificação da produção solar, entregue ao sistema durante o dia, quando são registrados os picos de demanda.

Também pesa a favor a ampla disponibilidade de capital para os investimentos, em meio a um grande interesse tanto do mercado privado quanto de bancos de fomento como BNDES e BNB por empréstimos a projetos de energia renovável, o que não foi abalado durante a pandemia, segundo os analistas.

A Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês) projetou em outubro que a geração solar deve se firmar como a "rainha da eletricidade" na próxima década, com expansão média global de 12% ao ano, em meio à busca de diversos países por reduzir emissões de carbono.

Acompanhe tudo sobre:EnergiaEnergia solarReuters

Mais de ESG

Conheça a competitividade das principais tecnologias de armazenamento de energia

Brasil lança plano com 234 ações para proteger biodiversidade até 2030

Amazônia concentra mais da metade do carbono orgânico armazenado no solo brasileiro

Moda e clima: o setor que dita tendências precisa decidir se quer liderar