ESG

Economia circular: como os produtos podem renascer, evitando o descarte

Enquanto o conceito linear considera a produção-uso-descarte, no conceito circular os produtos são reaproveitados em um novo ciclo, não gerando “lixo” nem resíduos

O grande segredo para a circularidade de um produto está em seu design. Os produtos precisam ser intencionalmente desenhados para ser circulares (Jorg Greuel/Getty Images)

O grande segredo para a circularidade de um produto está em seu design. Os produtos precisam ser intencionalmente desenhados para ser circulares (Jorg Greuel/Getty Images)

Acreditamos que dois grandes temas entrarão na agenda ESG das empresas nos próximos anos: net zero e economia circular.

O net zero já é uma realidade para algumas companhias, que já anunciaram compromissos de reduzir e neutralizar suas emissões de carbono – embora, para a grande maioria, ainda falte detalhar como chegará lá. A economia circular é um tema não menos urgente, mas que ainda tem muito a crescer no Brasil.

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De acordo com o Instituto Cradle to Cradle, apenas 8,6% da economia global é circular e, para controlarmos a questão dos resíduos e reduzirmos a produção de novos produtos, esse número precisa dobrar. Mas o que é exatamente a economia circular?

A economia circular é uma solução para a economia linear. Enquanto o conceito linear considera a produção-uso-descarte, no conceito circular os produtos são reaproveitados em um novo ciclo, não gerando “lixo” nem resíduos.

A reciclagem, que é um conceito mais conhecido, fica entre o linear e o circular. Ao reciclar um material uma ou diversas vezes, postergamos o envio desse material para o descarte, mas esse descarte acontecerá cedo ou tarde.

No livro Cradle to Cradle – Criar e recriar ilimitadamente (McDonough, Wiliam e Braungart, Michael) aprendemos muito sobre esse conceito. Na tradução literal, Cradle to Cradle (também conhecido como C2C) significa “do berço ao berço”, tentando expressar que um produto não deveria “morrer”, mas renascer.

De acordo com o Instituto Cradle to Cradle, a transição para energia renovável resolverá apenas 55% dos problemas de emissões de gases de efeito estufa. Os outros 45% dependem do modo como produzimos e usamos os produtos.

Ao reutilizar e evitar o descarte, não apenas resolvemos o problema do acúmulo de resíduos (e todas a suas consequências negativas para a biodiversidade e saúde) como também evitamos ou reduzimos o impacto negativo da produção de um novo bem.

O grande segredo para a circularidade de um produto está em seu design. Os produtos precisam ser intencionalmente desenhados para ser circulares – desde a matéria prima circular, passando pela montagem (de modo que possa ser “desmontado” e “remontado” no futuro) e por fim o uso, pois as características que tornam o produto circular não podem ser perdidas durante o uso.

Com relação à matéria-prima, os materiais e químicos usados no processo produtivo de um bem circular são selecionados para priorizar a proteção ao meio ambiente e à saúde humana, sempre tendo em mente que esses materiais servirão como input da produção de um novo produto.

E, quando pensamos no ciclo de um produto, esse ciclo pode ser biológico (quando, ao final do uso, o produto é decomposto e absorvido pela natureza, sem causar impacto negativo) ou técnico (quando é transformado em um novo produto, recomeçando seu ciclo).

Para implementar o conceito circular de maneira exitosa, é preciso engajar diversos departamentos da empresa (design, compras, produção, marketing e finanças), ter a liderança alinhada com o projeto e encontrar fornecedores que estejam dispostos a entrar nessa jornada de longo prazo.

Durante o mês de maio, promovemos vários eventos na EXAME relacionados a ESG, e recebemos Christina Raab, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento no Instituto Cradle to Cradle, que nos falou sobre os conceitos de economia circular e a certificação Cradle to Cradle. Veja abaixo a apresentação de Christina.

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