Comitê ESG é compromisso com o empreendedorismo, diz presidente do Sebrae
Em entrevista exclusiva para a EXAME, presidente do Sebrae, Décio Lima, fala sobre a importância da agenda sustentável apoiada pelo recém-lançado comitê ESG da instituição
Repórter de ESG
Publicado em 27 de junho de 2023 às 07h00.
Última atualização em 27 de junho de 2023 às 08h59.
De Brasília*
No último dia 21, quarta-feira, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) lançou o comitê ESG. O evento, que aconteceu na sede da instituição em Brasília, contou com a presença de diretores e líderes nacionais e regionais, além de palestrantes convidados. Em entrevista exclusiva para a EXAME ESG , Décio Lima, presidente do Sebrae, comentou sobre a importância da sustentabilidade, otimismo e manutenção da economia.
- Vai fazer frio em SP? Veja a previsão do tempo para o primeiro fim de semana do inverno
- SLC (SLCE3): valor das terras cresce 16% em um ano e vai a R$ 11 bilhões
- Gripe aviária: Ministério da Agricultura confirma mais dois casos em aves silvestres
- IGP-M: inflação do aluguel tem deflação na 2ª prévia de junho
- Goldman Sachs tem nova rodada de demissões
- Musk diz que luta com Zuckerberg pode acontecer: 'Ainda não comecei a treinar'
O que o comitê ESG significa para o Sebrae e, consequentemente, para os pequenos e médios empreendedores?
Somos uma instituição que impulsiona o espírito empreendedor do povo brasileiro e que é uma porta de esperança para milhões de brasileiros no processo de construção de renda dentro da realidade que estamos inseridos. Uma realidade que nos mostra a gravidade de deterioração do meio ambiente e, portanto, a falta de sustentabilidade.
Pensando nisso, nós temos que desenvolver negócios a partir do conceito da sustentabilidade. Se preocupando em garantir um ambiente de gestão humanizado para evitar os arroubos da relação do trabalho assalariado. Temos na nossa história, situações como o processo de escravidão, como ocorreu no Brasil. E pensando nisso, fica claro que não foram lapidadas formas de humanização sobre o trabalho, como um trabalho assalariado de capital humanizado.
Mas também pensando que esse modelo deve ser inclusivo quando consideramos a revolução tecnológica, detalhe irreversível na nossa história. Os maiores acúmulos de riqueza no planeta estão nas mãos daqueles que detém a construção da IA (inteligência artificial).
Juntando esses dois pontos, a vinda da inteligência artificial com uma política de sustentabilidade, não podemos perder o fundamental: um mundo feliz e humanizado. Futuramente, iremos ter o conforto da inteligência artificial, um planeta cuidado e um planeta agradável, mas para quem? Para todos?
Então essa é a preocupação, seguindo o conceito recomendado pela ONU. Não podemos imaginar que a tecnologia e inovação, como a inteligência artificial, esteja em poucas mãos. É uma imagem contrastante demais com a realidade de fome e miséria que existe no mundo e é preocupante para o planeta, por exemplo.
Então, acredito que o comitê ESG do Sebrae é um compromisso significativo com o empreendedorismo, a vida e o mundo. Todos nós queremos, mesmo com diferenças e incompreensões, construir uma sociedade mais justa e um mundo melhor, que se preocupa com a longevidade, que é para todos. E nós podemos ter esse compromisso – que é um valor humanista.
O mote por trás do evento de lançamento do comitê é “sendo a mudança”. Pensando nisso, qual mudança você ambiciona acontecer através do comitê ESG do Sebrae?
Espero que ele seja o resultado do que o Sebrae produz hoje. São 27 estados na nossa política de inclusão e quase 3.mil municípios com protagonismo empreendedor. Ou seja, a capilaridade do Sebrae na economia brasileira é enorme, nós representamos 99% dos CNPJs porque 99% da economia brasileira é produzida por pequenas empresas e MEI. Esse universo emprega 85% da empregabilidade brasileira em 23 milhões de estruturas empresariais.
Então, queremos que a política que estamos lançando garanta um bom ambiente para o pequeno negócio, com perspectiva de crescimento, criando negócios com sustentabilidade e gestão humanizada no setor que produz. Assim, ajudando milhões de brasileiros que, infelizmente, voltaram ao mapa da fome.
Quais são suas expectativas para o futuro?
Só a discussão desses conceitos já me traz tranquilidade e otimismo, a minha perspectiva para o Brasil e o mundo é extremamente positiva. No Brasil, só neste início do governo do presidente eleito Lula, nós já alcançamos 700 mil novos empregos. Ou seja, é possível colocar o povo no orçamento, o presidente tem impulsionado esse conceito e o Brasil busca alcançar o 4º lugar do crescimento do PIB.
Esses números mostram uma perspectiva extraordinária, ao mesmo tempo que buscamos não degradar o meio ambiente e a região amazônica e colocamos a nossa economia em outro patamar de industrialização. Mesmo com a crueldade do Banco Central, legado do governo anterior, está fazendo com a manutenção da nossa economia com uma taxa de juros de mais de 13% – no conceito da Selic – alta que impede a plena participação do setor que o Sebrae representa, que são os micro e pequenos empreendedores. Para sairmos do mapa da fome, o Brasil precisa protagonizar a economia com uma economia saudável para o povo.
E se eu puder acrescentar algo – que eu tenho dito repetidamente – é que acredito que tudo na vida tem aquele ensinamento do filósofo holandês Spinoza: “paixão”. O povo precisa se contaminar de paixão. Somos um processo fora da curva na história da humanidade, temos um território continental e estamos recuperando nossa imagem internacional com a caminhada do nosso presidente pelo mundo.
Eu gostaria de dizer isso a todos, independente da pluralidade e divergências que possamos ter, e eu vejo as divergências como algo um valor extraordinário do povo brasileiro na construção do mutualismo. Sempre digo, a hegemonia é burra, a pluralidade constrói inteligência. Mesmo assim, precisamos de muita paixão para impulsionar o otimismo que não pode nos faltar.