Brasil tem 408 startups de impacto socioambiental, aponta Sebrae
Só no ano passado, foram criadas 97 empresas no setor; a maioria busca resolver problemas ambientais, como gestão do lixo e emissões de CO2
Repórter de ESG
Publicado em 25 de abril de 2024 às 07h00.
O Observatório Sebrae Startups divulgou pela primeira vez o relatório referente às startups de impacto. Ao todo, o país conta com 408 destas empresas, número que tem crescido nos últimos anos. Só em 2023, foram criadas 97 startups no setor, 22 a mais do que no ano anterior.
Os dados mostram que 79% das startups de impacto no Brasil são voltadas para resolver problemas da área ambiental. Cerca de 18,7% delas trabalham com a reciclagem e gestão de resíduos; 18,3% buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa; e 17,5% tratam do uso sustentável dos recursos naturais.
A logística reversa também aparece entre as prioridades, sendo o objetivo de 12,7% das startups de impacto, seguida por produção agrícola sustentável, com 11,4%. Na área social, dar suporte ao empreendedorismo e à inclusão social de grupos minoritários são os destaques, sendo 10,9% e 10,1%, respectivamente.
A maior parte delas (169) está concentrada no Sudeste, seguido pelo Nordeste (86). O Sul e o Norte do país apresentam números parecidos, com 65 e 64 startups, respectivamente, e o Centro-Oeste figura em último lugar, com 24 empresas. De acordo com Philippe Figueiredo, analista de inovação do Sebrae, a região tem uma densidade pequena de startups no geral, não apenas em impacto social. Os números mostram um crescimento no centro do país, embora sutil: 7 foram criadas no ano passado, ante as 3 de 2022.
Cresce a conscientização sobre ESG
A pesquisa aponta que o número de startups de impacto teve um aumento desde 2021, que pode ser associado a fatores como o aumento da conscientização sobre questões sociais e ambientais, a alta da digitalização de setores por conta da pandemia e o aumento de políticas de apoio a startups e companhias da economia do impacto.
Os dados mostram uma maior diversidade nesses negócios na comparação com outras startups: enquanto nas tradicionais, as mulheres são apenas 9% das fundadoras, elas são 41% entre as startups de impacto. O cenário étnico-racial também é melhor nesse setor, com 35% de fundadores pretos e pardos. De acordo com o último mapeamento da Associação Brasileira de Startups, os negros são apenas 24% dos fundadores de startups em geral no Brasil. As pessoas com deficiência são 13% dos fundadores e pessoas LGBTQIAPN+, 21%.
Negócios esbarram na falta de capital
Quase metade das startups funcionam no modelo B2B, ou seja, vendas de produtos e serviços entre empresas. Além de oferecerem serviços de impacto ambiental e social (41% delas), as startups levantadas pelo Sebrae também vendem produtos físicos (27%), softwares (19%) e hardwares (4%). Apesar de um terço dos negócios terem como principais clientes outras empresas e corporações, 16,5% delas ainda não possuem clientes pagantes.
O estágio das startups de impacto ainda é majoritariamente inicial, com 11% na ideação, 30% na validação e 36% na fase de tração. Apenas 15% estão em pleno crescimento e só 5% estão na fase de escala. De acordo com o relatório, esses dados reforçam as oportunidades de apoio ao crescimento das empresas.
O relatório aponta que o principal desafio apontado pelas companhias é o acesso a financiamentos e investimentos para alavancar os negócios, apontado por 36% delas. A estruturação ainda esbarra nas parcerias estratégicas, no modelo de negócios e no marketing e comunicação das startups.
Figueiredo que o mapeamento surgiu de uma necessidade de conhecer as dores e necessidades das companhias. “Ao desenvolver esse tipo de estudo, o Sebrae contribui com todo o ecossistema de impacto, fornecendo insumos importantes para outros atores e possibilitando que sejam criadas políticas públicas em melhoria do ambiente legal para o surgimento desses negócios no Brasil”, conta.