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Até 2050, eficiência energética do setor de refrigeração pode cortar emissões em até 96%

Documento divulgado na COP28 propõe discussão sobre ramo de resfriamento e as emissões geradas pelo setor

Ramo da refrigeração: Documento apresentado na COP28 prevê diminuição das emissões de carbono no setor (Leandro Fonseca/Exame)

Ramo da refrigeração: Documento apresentado na COP28 prevê diminuição das emissões de carbono no setor (Leandro Fonseca/Exame)

Fernanda Bastos
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 16h05.

Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 12h36.

Segundo texto divulgado pela própria COP28, as emissões de gases do efeito estufa (GEE) do ramo de refrigeração podem mais que duplicar até 2050. Algumas medidas podem desacelerar esse crescimento reduzindo as emissões previstas para 2050, em uma faixa entre 60% a 96%, gerando uma poupança de US$ 5 bilhões para o setor de energia. 

As informações são do novo relatório The Global Cooling Watch, Keeping it Chill: How to meet cooling demands while cutting emissions, do Programa Ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com o Compromisso de Resfriamento Global, que contou com a adesão de mais de 60 países, publicado durante as negociações, em Dubai.  

“À medida que as temperaturas sobem, é fundamental trabalhar em conjunto para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões do setor de refrigeração, aumentando o acesso à refrigeração sustentável. Este acesso é importante para as comunidades mais vulneráveis, que muitas vezes contribuíram menos para as alterações climáticas, mas estão mais expostas aos seus impactos”, afirmou o Dr. Sultan Al Jaber, presidente da COP28.

Segundo o texto, existem três áreas focais para o resfriamento sustentável: resfriamento passivo, como isolamento e ventilação; padrões de eficiência energética elevados, o que reduz as faturas de energia; redução progressiva dos refrigerantes. Cuidar dessas áreas ajudaria na descarbonização da rede elétrica reduzindo emissões setoriais em até 96%. 

Seguir as recomendações do relatório poderia reduzir as emissões em 3,8 bilhões de toneladas de CO2 e, ao mesmo tempo, reduzir as contas de energia em US$ 17 bilhões entre 2022-2050, cumulativamente. O texto pontua que os países do G20 representam 73% do potencial de redução de emissões até 2050.

Quer saber tudo sobre a COP28? Acompanhe a página especial da EXAME

O acesso ao resfriamento

Cerca de 1,2 bilhão de pessoas na África e na Ásia não têm acesso a serviços de refrigeração. A condição coloca vidas em risco por conta do calor extremo, o que impacta o trabalho de agricultores e dificulta o acesso universal às vacinas.

“O setor de refrigeração deve crescer para proteger todos do aumento das temperaturas, manter a qualidade e a segurança dos alimentos, manter as vacinas estáveis e as economias produtivas”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “Mas este crescimento não deve ocorrer à custa da transição energética e de impactos climáticos mais intensos. Os países e o setor devem agir agora para garantir o crescimento da refrigeração com baixas emissões de carbono”. 

Um equipamento de refrigeração pode representar um aumento de 20% no consumo de eletricidade, e a expectativa é que este número mais que duplique até 2050. As emissões de gases com efeito de estufa do consumo de energia aumentarão, juntamente com as fugas de gases refrigerantes, a maioria dos quais têm um impacto global mais elevado – o que representaria mais de 10% das emissões globais em 2050. 

“O setor privado tem um papel a desempenhar no financiamento e na promoção da inovação para promover o resfriamento sustentável, o que pode ajudar a satisfazer necessidades vitais de desenvolvimento local e apoiar as metas globais de redução de carbono”, disse Makhtar Diop, diretor-geral da International Finance Corporation (IFC).

O papel dos negócios e os países em desenvolvimento

Segundo o texto, os modelos de negócio existentes precisam ser dimensionados para utilizar financiamentos concessionais, com taxas de juros mais baixas do do que as praticadas pelas instituições financeiras comerciais e geralmente com prazos mais longos, para reduzir custos iniciais e tornar a transição acessível para todos”. Para isso, incluem: investimentos públicos e privados, mecanismos de partilha de riscos, financiamento na fatura (quando o setor público para uma atualização e, assim, recuperar o custo por faturas mensais). 

“Para muitos países em desenvolvimento, será necessário financiamento concessional dedicado, bem como a incorporação de critérios de resfriamento sustentável nas práticas de crédito dos bancos”, afirma o documento.

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