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Após pressão de investidores, Exxon decide cortar emissões de carbono

Petroleira americana, que havia dobrado a aposta no petróleo, agora diz que vai reduzir em até 20% as emissões por barril produzido, até 2025

A Exxon já amarga três trimestres consecutivos de prejuízos, o que não acontecia há mais de três décadas (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 10h19.

Última atualização em 15 de dezembro de 2020 às 17h11.

A petroleira americana Exxon divulgou nesta segunda-feira, 14, planos de redução das emissões de carbono em sua produção. A promessa é de cortar entre 15% e 20% os níveis de emissão por barril de petróleo até 2025, em comparação aos níveis registrados em 2016. O anúncio acontece em meio a uma forte pressão de investidores, que demandam uma mudança no modelo de negócios da companhia, com maior foco em renováveis, em linha com as estratégias adotadas por concorrentes europeias, como BP e Total.

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Nas últimas semanas, alguns fundos de investimentos com participação na petroleira iniciaram campanhas por mudanças na gestão da companhia. O fundo Engine No 1, que detém 40 milhões de dólares em ações da empresa, divulgou uma carta solicitando revisão das metas relacionadas a pagamentos de executivos, uma estratégia sustentável de criação de valor e indicou quatro nomes para o conselho. Outros investidores apoiaram o movimento, como o Fundo de Pensão dos Professores da Califórnia, o segundo maior dos Estados Unidos, e até o fundo da Igreja da Inglaterra.

Antes dessa pressão, os maus tempos para o setor fóssil pareciam não abalar a convicção da petroleira no seu negócio principal. O presidente da companhia, Darren Woods, recentemente, enviou um e-mail aos funcionários fazendo uma ampla defesa dos combustíveis fósseis, chamando-os de “propósito superior” que ajuda a prosperidade global em um momento em que rivais europeias veem as energias renováveis como o futuro.

Um discurso motivador, não fosse pelo fato de, no mesmo e-mail, Woods comunicar que a empresa planeja um corte de funcionários, ainda sem um número especificado — mas, pelo tom da conversa, deve ser significativo. Nesta semana, a petroleira também anunciou que vai vender suas operações no Mar do Norte, num movimento para se livrar de antigos poços de petróleo que já não rendem tão bem quanto antes.

A queda no preço do petróleo em função da pandemia abalou o setor. A Exxon já amarga três trimestres consecutivos de prejuízos, o que não acontecia há mais de três décadas.

EUA vs Europa

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As petroleiras americanas e europeias estão adotando posicionamentos distintos em relação à transição para uma matriz energética limpa. Até por uma questão de cenário doméstico, Shell, Total e BP estão acelerando a transição para as fontes renováveis de energia . A BP, por exemplo, prometeu reduzir a produção de petróleo e gás em 40% ao longo da próxima década e multiplicar por 20 a produção de energia renovável.

Do lado americano, há poucos sinais de mudança estratégica. A questão é que há praticamente um consenso na indústria de que essa transição, em algum momento vai acontecer. A dúvida está em quanto tempo, 10, 20 ou 30 anos. No cenário mais breve, as europeias estarão melhor posicionadas, no mais longo, elas devem perder alguma receita, enquanto as americanas aproveitarão por mais tempo a dominância do petróleo como principal fonte de energia do mundo.

Em parte, o fato da União Europeia estar forçando a transição para a economia de baixo carbono, com o recém-lançado Green Deal, que prevê cerca de 600 bilhões de euros em investimentos, motiva essa discrepância de estratégias. A vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais, nesse sentido, acaba não sendo uma boa notícia para as petroleiras americanas, uma vez que o democrata tende a ter uma postura mais parecida com a dos europeus em relação à transição para a nova economia.

Para Dan Klein, responsável pelas análises de longo prazo da Standard & Pool Plats, consultoria especializada em energia, olhando para o horizonte, Biden obrigará as companhias americanas a se posicionar melhor para a transição energética que, invariavelmente, acontecerá. “O mercado de petróleo não vai acabar. O desafio é prever em quanto tempo ele perderá relevância”, diz Klein. É o antigo dilema entre crescimento acelerado e crescimento sustentado.

 

 

 

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