Economia

Guerra de Gaza pode empurrar Israel para contração

Enquanto as empresas próximas a Gaza têm sido as mais prejudicadas, o confronto também desencorajou turistas e atingiu o gasto do consumidor


	Soldados israelenses durante operação militar na fronteira entre Israel e Faixa de Gaza
 (Menahem Kahana/AFP)

Soldados israelenses durante operação militar na fronteira entre Israel e Faixa de Gaza (Menahem Kahana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 17h06.

Jerusalém - Na fábrica de Ashkelon da produtora israelense de colchões Polyron, as sirenes ativadas pelos disparos de foguetes da Faixa de Gaza, a apenas 8 quilômetros ao sul, estão causando estragos.

“Em vez de produzir 100 colchões, você faz 50 ou 60 por ter que correr cinco ou seis vezes por dia para o abrigo antibomba”, disse o executivo de marketing Alon Zimmerman.

Como resultado, as vendas caíram em um terço em julho em relação ao mesmo mês de 2013, um declínio que Zimmerman estima que tardará um ano para recuperar.

Enquanto as empresas próximas a Gaza têm sido as mais prejudicadas pela batalha de Israel contra o Hamas e outros grupos militantes palestinos, que já dura sete semanas, o confronto também desencorajou os turistas e atingiu o gasto do consumidor em todo o país.

Um indicador que mede a sensação entre os gerentes corporativos de compras mostrou que a atividade econômica se contraiu em julho pelo segundo mês seguido.

Diferentemente dos conflitos anteriores com o Hamas ou o Hezbollah, o grupo militante libanês, Israel entrou no confronto com Gaza com a economia já perdendo impulso: o crescimento desacelerou no segundo trimestre depois que as exportações caíram devido à força do shekel.

O Banco Central já reduziu sua taxa de juros de referência para o nível mais baixo em cinco anos, deixando os responsáveis pela política econômica com uma menor capacidade de impulsionar o crescimento e domar a moeda.

Os 20 economistas consultados em uma pesquisa da Bloomberg previram que o banco manterá a taxa em 0,5 por cento hoje.

Desaceleração do crescimento

“Não entramos nessa guerra em muito boa forma”, disse Ori Greenfeld, economista-chefe da Psagot Investment House em Tel Aviv.

"Por isso a recuperação provavelmente levará mais tempo do que no passado e nós veremos os efeitos até o fim deste ano e provavelmente em 2015”.

O crescimento desacelerou para 1,7 por cento no segundo trimestre, contra 2,8 por cento nos três meses anteriores, enquanto as exportações, que respondem por cerca de um terço da economia, caíram 18 por cento, segundo dados oficiais divulgados em 17 de agosto.

Desde então, o TA-25, índice acionário de referência do país, caiu 1,2 por cento, contra um incremento de 1,2 por cento do índice MSCI World.

Um fator complicador da tarefa dos responsáveis pela política econômica e dos exportadores é a moeda, que tem se mantido próxima do nível mais alto dos últimos três anos desde a escalada do conflito de Gaza, no começo de julho, e que foi negociada pela última vez a 3,5260 por dólar.

Os ataques israelenses em Gaza mataram mais de 2.100 palestinos, incluindo centenas de civis, segundo autoridades de Gaza.

Sessenta e oito pessoas foram mortas do lado israelense, das quais apenas quatro não eram soldados, depois que uma série de tréguas desmoronou por causa de disparos de foguetes militantes e de ataques aéreos israelenses.

Rafi Gozlan, economista-chefe da Israel Brokerage Investments-IBI Ltd, disse esperar que a produção econômica tenha uma contração de 1,5 por cento a 2 por cento no terceiro trimestre.

A economia ainda poderá crescer 3,3 por cento neste ano, mudando pouco em relação a 2013, contra uma expansão de 1,75 por cento das 10 economias mais avançadas do mundo, segundo estimativas de economistas da Bloomberg.

A expansão econômica de Israel ultrapassou a dos EUA e a da zona do euro em cada um dos últimos quatro anos.

Os pedidos para que o governo faça mais esforços para ajudar também estão aumentando. O Ministério das Finanças disse que dará isenções fiscais para empresas a até 40 quilômetros de Gaza, em linha com as orientações existentes.

Isso pode não ser suficiente, segundo Zimmerman, da Polyron.

“As empresas foram realmente atingidas aqui e tiveram que investir muito em medidas de segurança”, disse ele. “O governo deveria realmente estar fazendo mais”.

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